Dr. Plinio e sua posição profética tradicionalista sobre a missa nova justificada por um Cardeal de joelhos, e conhecida por Paulo VI

Entende-se melhor este artigo lendo sua parte anterior: Dr. Plinio profético contra as inovações litúrgicas desde o liturgicismo até a missa nova, recusando-a antes mesmo da promulgação

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte 2, 3a edição)".

O livro que foi o ponto chave na resistência litúrgica foi revisado desde o começo por Dr. Plinio, embora escolhido para autor outra pessoa, conhecedora no assunto, por motivos de prudência

"Pouco tempo depois foi feito um simpósio em Amparo, também de uma semana, para rever o livro já escrito, já feita a primeira redação. O Sr. Dr. Plinio quis ouvir a leitura inteira do livro. E depois, ainda, houve um simpósio rápido em São Paulo, de um dia e pouco, para acertos finais" [1].

Do livro, o Dr. Plinio disse que "mostra, com argumentação teológica, etc., etc., que o Novo Ordo Missae, quer dizer, a Nova Missa, tem um sabor protestante, quer dizer, ela é toda influenciada por doutrinas protestantes. De maneira que - se bem que a Missa seja válida - um católico não deve a ela comparecer, por causa do sabor protestante que tem. Ela tem um sabor protestante, favorece a heresia. Não é diretamente herética, mas favorece a heresia. Ela não é diretamente protestante, mas tem um sabor protestante. Ela não é diretamente herética, ela favorece a heresia. Bem, aquilo que favorece a heresia não pode ter a participação de um católico. Logo, se bem que a Missa seja válida, nós não podemos participar dessa Missa" [2].

Abril/1969 - Dr. Plinio denuncia a infiltração de grupos subversivos ocultos na Igreja que queriam mudar a liturgia, preparando o público para a questão da missa


Em um exemplar-denúncia da Revista Catolicismo: "Os “pães” postos numa cesta e o “vinho” que o noivo sorve não são nada menos do que a Sagrada Eucaristia. É na França um novo modo de comungar na Missa de casamento. Por outra foto se vê que a noiva está de mini-saia. Os “grupos proféticos” consideram tudo isto um passo ainda tímido, com rumo à dessacralização e à moral nova que pretendem implantar" [3].

No mesmo exemplar, entre as características notadas nesses grupos subversivos algumas são dignas de nota : "A Missa purifica, justifica por si mesma o homem que se acha em pecado mortal, sem necessidade de confissão (...).

Os grupos se reúnem em casas particulares, onde celebram a Eucaristia sentados ao redor de uma mesa, depois de uma ceia frugal.

Celebram-se estas Missas em um clima de manifesta “dessacralização”: o Sacerdote prescinde de seus paramentos, consagra pedaços de pão comum, do qual todos comem, e vinho comum em uma taça grande, da qual todos bebem. A liturgia está sujeita à livre criação, segundo a inspiração de cada um" [4].

Jan/1970 - Dr. Plinio prepara o público brasileiro para o problema da missa nova

"Antes de sair o livro, o Sr. Dr. Plinio disse: Na Europa atualmente está havendo muita reação contra a Missa nova; mas no Brasil não; (...) é preciso preparar o público brasileiro para isso; e o melhor meio de preparar, é dizer a eles o que é que está acontecendo: é noticiar” [5]. Então, ele escreveu na "Folha de São Paulo" um artigo que dizia: 

"Dois cardeais — duas personalidades muito chegadas, pois, ao Papa — não trepidaram em escrever a Paulo VI uma carta em que manifestavam viva apreensão e fundas reservas quanto ao novo "Ordo". E, mais ainda, os dois purpurados julgaram dever comunicar ao público a carta que haviam enviado ao soberano Pontífice (...).

Há tempos, as agências telegráficas publicaram algo sobre esta carta. Não dispondo aqui do espaço necessário para a transcrever. Menciono apenas que, segundo os dois cardeais, o novo "Ordo" apresenta a Missa, não como um sacrifício conforme à doutrina católica, mas como uma ceia.E isto — acentuam eles — se aproxima do conceito protestante (...).

No "Courrier de Rome" (25-7), leio uma declaração que, procedente de fonte diametralmente oposta, caminha para a conclusão a que chegaram os dois cardeais. Uma das mais célebres instituições protestantes da atualidade é o convento de Taizé, na França. Ora, em artigo publicado no diário católico parisiense "La Croix" o "irmão" Thurian, de Taizé, escreveu: "A reforma litúrgica deu um passo notável (com o "Ordo" novo) no campo do ecumenismo. Ela se acercou das próprias formas litúrgicas da Igreja luterana" (...).

Talvez espante ainda mais o leitor o fato de que, da catolicíssima Espanha, tenha partido uma atitude ainda mais impressionante. Na revista "Que Pasa?" de Madrid (n.º 315, de 10 deste mês), leio que a Associação de Sacerdotes e Religiosos de Santo Antônio Maria Claret — em cujas fileiras estão inscritos nada menos que 6 mil sacerdotes — enviou uma carta ao pe. A. Bugnini, secretário da Sagrada Congregação para o Culto Divino, reputado o autor do novo "Ordo", na qual lemos esta frase: "Nós, sacerdotes católicos, não podemos celebrar uma Missa da qual o sr. Thurian, de Taizé, declarou que poderia celebrá-la sem deixar de ser protestante. A heresia não pode jamais (nos) ser imposta por obediência". Assim, para essa prestigiosa Associação sacerdotal, não celebrar a Missa segundo o texto novo é um imperativo de consciência" [6].

Dr. Plinio prepara o público brasileiro católico para o problema: bispos, teólogos, etc

"Ainda o Dr. Plinio disse: Nós precisamos, agora, fazer um grande envio para o público católico, para os bispos, das repercussões contra a nova Missa que estão havendo (...). Então ele organizou um número do "Catolicismo", [com] um estudo - feito sob orientação dele - com todos os documentos que havia. E o Sr. Dr. Plinio quis que na capa do "Catolicismo" saísse a foto de Paulo VI com 6 protestantes que participaram da Comissão Bugnini (...). 

Em Maio de 1970, como estava havendo muitas queixas sobre a Nova Missa, muito ataque, etc., o Vaticano fez algumas modificações na Nova Missa. Nós de fato só recebemos o texto oficial delas, em 14 de julho. Quer dizer, o texto oficial só nos chegou quando o livro já estava até publicado. E por isso que essas modificações estão analisadas num apêndice publicado pouco tempo depois. Então, em junho de 70, sai o livro".

Atitude arriscada que poderia acabar com a TFP, mas necessária dentro de sua missão profética

"Em 23 de junho de 70, o Dr.Plinio faz uma reunião na Sede de São Milas, que ficou conhecida depois como "Reunião do Holocausto", porque ele diz o seguinte:

Nós agora estamos lançando esse livro. Nós vamos enviá-lo a todos os bispos do Brasil. Vamos enviá-lo a vários bispos do Exterior. Isto aqui é um bomba sem precedentes. Isto aqui pode trazer para nós um holocausto. Quer dizer, pode ser que nós nos destruamos com isto. Mas não é possível permitir que a Igreja embarque nisto sem que nós tenhamos dito uma palavra. Sem que nós tenhamos lançado um brado. Então vale a pena o holocausto, vamos de frente a ele" [7]

Então as testemunhas presentes na ocasião atestam que Dr.Plinio disse: "Bem, os que quiserem, como lembrança desta noite memorável, se levantem e vão cortar um pedaço do pano". Era uma cortina que tinha atrás da São Milas, uma espécie de cortina de pano roxo, então ele disse: "O roxo é bem a cor do que pode acontecer, os que quiserem, então, se levantem, etc". Praticamente todos os que estavam lá, se levantaram, e cortaram um pedaço do pano roxo.

Jun/1970 - A resposta de um Cardeal de joelhos prova a fidelidade à Igreja de quem tomou a posição do livro

"Diz muito bem Dr. Arnaldo no livro dele, entre outras coisas, o seguinte: Quem não é infalível, é falível. Não há meio termo. Se ele, quando não fala ex-cathedra é falível, pode, inclusive, cair em heresia. Porque, do contrário, a gente acaba admitindo uma infalibilidadezinha meio de contrabando. Quer dizer, isso não existe. Ou é infalível, ou é falível.

Agora, acontece que essa idéia de que um Papa possa cair em heresia, sustentada, defendida por santos, por teólogos, por Doutores, o público não tem nem um pouco. O público sabe que um Papa quando não fala ex-cathedra é falível. Isso é muito freqüente gente saber. Mas gente tirar daí essa conclusão que, entretanto, é evidente, que se ele é falível pode cair em heresia, tirar daí essa conclusão é muito raro quem tire.

De maneira que publicar isso assim, seria causar um trauma, causar uma encrenca. Para usar a expressão dos senhores, "dava um bolo". Isso daria um "bolo" muito sério, se fosse publicado assim sem mais nem menos.

Para não dar esse "bolo", para não chocar os espíritos, Dr. Arnaldo combinou conosco de não dar o livro dele a grande publicidade. Os senhores todos sabem disso, eu estou apenas lembrando. E então o livro foi distribuído a umas duzentas pessoas, mais ou menos, do Episcopado, e também bons teólogos do Brasil, para que dessem sua opinião reservadamente. Um dos destinatários do livro foi o Cardeal Vicente Scherer.

Dom Scherer de tal maneira se impressionou com os inconvenientes que decorreriam da publicação do livro, que ele escreveu uma carta a D. Mayer dizendo que pedia de joelhos, se preciso fosse, que o livro não fosse publicado. Por causa da desordem que podia causar nos espíritos essa idéia de que o Papa pode cair em heresia.

Como nós concordamos que poderia, de fato causar desordem nos espíritos, ao menos por enquanto, nós resolvemos então procurar o D. Arns, expor a ele a situação e dizendo a ele que nós não estávamos indo a Missa nova por causa disso, e pedir a abertura de um diálogo. Esse diálogo que há dois anos atrás se instaurou" [8].

1973 - A história dos padres apóstatas representantes da missa nova no diálogo concedido pelo Cardeal Arns exibe como Deus quis que se confirmasse a posição profética

Respondendo uma pergunta sobre a missa nova no Encontro de Correspondentes da TFP em 84, Dr. Plinio disse: "É preciso nós nos empenharmos em assistir a Missa do ordo de São Pio V, a Missa como ela deve ser.

Esta é a posição que nós tomamos, é a posição que eu tive a ocasião, com o devido respeito, de levar ao conhecimento do meu arcebispo, que é o Cardeal Arns, que era a posição não oficial da TFP, porque a TFP, pelos estatutos não entra nisso, mas era a posição pessoal da totalidade dos membros da TFP. E ele ouviu isso com muita cordura, com muita gentileza, eu dei a ele um estudo sobre a Missa que foi feito por uma pessoa que pertencia à TFP. Eu dei a ele um estudo sobre a Missa para ele ler, e pedi a ele um diálogo com a Sagrada Hierarquia, a respeito do assunto. Ele muito amavelmente declarou que ele concederia o diálogo e a comissão se constituiu. Nesta comissão fizeram parte o autor desse estudo, o doutor Paulo Britto que está aqui presente, o diretor de "Catolicismo", e, do lado da Cúria, três sacerdotes.

Essa comissão reuniu-se na Sede do Reino de Maria, umas duas ou três vezes, eu não me lembro bem. Ao cabo de algum tempo a comissão não se reuniu mais. E nós sabemos por que não se reuniu, era um justo motivo: é que dos três membros da comissão, dois eram sacerdotes que se casaram, e eu não tive coragem de tocar num assunto tão desagradável, escrevendo ao Arcebispo. Fiquei na espera de que ele tomasse a iniciativa de completar a comissão e de recontinuar o diálogo. Ele não completou, não me movi. O fato concreto é que a comissão não se reuniu mais. Mas nossa atitude é conhecida dele. Não é uma atitude clandestina, não é uma atitude inconfessada, é uma atitude conhecida dele" [9].

1974 - Manifesto da resistência, que chegou até Paulo VI, contra a política de distensão do Vaticano com o comunismo mencionava o livro apoiado pela TFP

"Não é o caso de tratar aqui de outros assuntos que talvez sejam levantados de público a propósito da presente declaração. Referimo-nos mais especialmente a episódios dolorosos como o do Sr. Bispo de Nova Friburgo [Dom Isnard], que determinou a recusa da Comunhão Eucarística a sócios ou militantes da TFP, quando se apresentassem de modo notório, incorporados ou com as respectivas insígnias, bem como a fatos mais ou menos análogos ocorridos em igrejas de outros locais do Brasil.

Em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" de 27/5/73, o Presidente do Conselho Nacional da TFP, teve ocasião de explicar que em certa matéria de índole essencialmente religiosa, sócios e militantes de nossa entidade têm – enquanto católicos – uma atitude tomada, sobre a qual só não se pronunciaram de público a pedido de altíssima autoridade eclesiástica.

Se as circunstâncias o indicarem, explicarão eles, – no uso da liberdade religiosa de que felizmente gozam, porque no Brasil não venceu o comunismo – qual a natureza do assunto e o fundamento de sua posição" [10].

Ora, quais eram os motivos do Bispo? Plinio Corrêa de Oliveira, no artigo citado acima, explica e se defende:

"Para fundamentar sua atitude, aquele prelado alega contra a TFP três razões: difamação dos Cursilhos de Cristandade, desacato à autoridade e pessoa dele, e o apoio a um livro "cismático" sobre o novo "Ordo Missae" (...).

Se gostássemos que se falasse de nós a todo custo, e para polemizar a qualquer propósito como imagina D. Lorscheiter, desde logo teríamos atirado o livro a público. Preferimos não fazer assim. E por isto distribuímos apenas certa quantidade de exemplares do trabalho a um número limitado de personalidades de escol, pedindo-lhes reservadamente a opinião.

Um dos destinatários do estudo do sr. Arnaldo V. Xavier da Silveira – altíssima personalidade eclesiástica que mais de uma vez tem divergido de nós – de tal maneira se impressionou com os possíveis reflexos do livro na opinião pública, que escreveu a um amigo comum pedindo "de joelhos, se necessário fosse" que a TFP não publicasse o trabalho. E por tudo isto temos mantido, de junho de 1970 até aqui, o mais escrupuloso silêncio sobre o mesmo" [11].

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Dr. Plinio profetiza a tragédia do Concílio Vaticano II

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[1] Depoimento do Dr. GV, Reunião ANSA, 18 de Setembro de 1997
[2] Reunião "Santo do dia" na TFP, 26 de Maio de 1973
[3] "Catolicismo” no. 220-221, Abril/Maio de 1969, "Grupos ocultos tramam a subversão na Igreja, Plinio Corrêa de Oliveira", pg.5
[4] Idem, pg.66
[5] Depoimento do Dr. GV, Reunião ANSA, 18 de Setembro de 1997
[6] FSP, "O Direito de Saber" em 25 de janeiro de 1970
[7] Depoimento do Dr. GV, Idem.
[8] Reunião "Santo do Dia" feita por Plinio Corrêa de Oliveira na TFP, 26 de Maio de 1973, Sábado
[9] Encontro de Correspondentes-esclarecedores no dia 22 de Junho de 1984.
[10] "A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas. Para a TFP: omitir-se? ou resistir?", VI, São Paulo, 8 de abril de 1974. Publicado na "Folha de S. Paulo", 10 de abril de 1974.
[11] Folha de São Paulo, 27 de maio de 1973, "Sobre o decreto anti-TFP de D. Isnard"