Plinio Corrêa de Oliveira: resumo da ação contra-revolucionária profética de 1928-42

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Segue a ordem cronológica
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Plinio Corrêa de Oliveira: breve biografia


Plinio Corrêa de Oliveira: resumo da ação contra-revolucionária de 1928-42

Plinio Corrêa de Oliveira: resumo da ação contra-revolucionária de 1943-65

Plinio Corrêa de Oliveira: resumo da ação contra-revolucionária de 1966-77

Plinio Corrêa de Oliveira: resumo da ação contra-revolucionária de 1978-95

Plinio Corrêa de Oliveira: seu legado, relação de obras e campanhas da TFP feitas em sua vida

1928-32 - Líder Congregado Mariano, funda a Ação Universitária Católica (AUC) na Faculdade de Direito de São Paulo

Sendo já congregado mariano no Colégio São Luís, onde estudou, Plinio entrou para a Congregação Mariana da Legião de São Pedro, anexa à paróquia de Santa Cecília, encontrando nela o ideal de dedicação a que aspirava profundamente. A congregação, fundada em 26 de Dezembro de 1926 por Mons. Marcondes Pedrosa, vigário da paróquia, e colocada sob a protecção de Nossa Senhora da Anunciação, editava um boletim com o título "O Legionário" e chegou a contar até cem congregados.

Pouco tempo depois fundou, com um grupo de jovens congregados marianos, a Acção Universitária Católica (AUC), no interior do próprio centro do positivismo político e jurídico que era a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Por ocasião da cerimónia de formatura, ousou aquilo que até então nunca acontecera em qualquer universidade estatal, no Brasil. Quis fazer celebrar a Missa, que tradicionalmente concluía o curso dos estudos superiores, não na igreja de São Francisco, contígua à Faculdade, mas no pátio interno desta. Celebrou o vigário geral da Diocese, Mons. Gastão Liberal Pinto, e pregou o P. Leonel Franca, da Companhia de Jesus. Quando, em 11 de Dezembro de 1930, Plinio Corrêa de Oliveira se formou em Direito e Ciências Políticas, o seu nome já era "muito conhecido e admirado no seio da juventude católica brasileira" [17].

1933-1936 - Deputado mais votado na Constituinte de 1932 pela Liga Eleitoral Católica, Diretor do jornal "O Legionário"

Plinio Corrêa de Oliveira, que não tinha participado activamente na revolta constitucionalista de 1932, compreendeu, entretanto, a importância da convocação da Constituinte, a qual propiciava ocasião para criar, mais do que um partido, um movimento católico "acima dos partidos" [18].

Foi o próprio que, em Outubro daquele ano, sugeriu ao Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva, lançar no Brasil uma associação que arregimentava os eleitores com a finalidade de orientar o seu voto para candidatos que se empenhassem em respeitar o programa católico. D. Duarte acolheu de bom grado a proposta e tratou do assunto com o Cardeal Leme, convidando o jovem congregado mariano a colocá-la em prática. No mês seguinte, Dr. Plinio dirigiu-se ao Rio de Janeiro, onde falou com dois jovens militantes do movimento católico, Heitor da Silva Costa e Alceu Amoroso Lima. Estes abordaram o Cardeal Leme, a quem a proposta pareceu excelente, e encarregou-os de delinear os estatutos da nova associação. Nasceu assim a Liga Eleitoral Católica (LEC). Esta apresentaria aos candidatos dos vários partidos um conjunto de exigências, denominadas "reivindicações mínimas", para que se comprometessem a agir como católicos no Parlamento. Foi nomeado presidente da LEC Pandiá Calógeras, e secretário-geral, Alceu Amoroso Lima [19].

No fim de Março de 1933, D. Duarte escolheu a lista dos quatro candidatos paulistas, tendo nela incluído Plinio Corrêa de Oliveira, o qual nas eleições de Maio daquele ano, para grande surpresa geral, foi o deputado mais votado em todo o Brasil, com 24 anos de idade e o dobro de votos do segundo colocado. Tratava-se de uma "vitória mariana", como consignava o Legionário no título do seu editorial: "Não é preciso dizer que a figura central desta bela página na história das Congregações em São Paulo, foi Plinio Corrêa de Oliveira, o piedoso filho de Maria, o líder da Liga Eleitoral Católica, o candidato mariano à Assembleia Constituinte" [20].

Deputados na Constituinte com Plinio em destaque
Por causa da militância da LEC foram aprovadas pelo Parlamento não apenas as "reivindicações mínimas" da Liga, isto é, a indissolubilidade do vínculo conjugal (art. 144), o ensino religioso nas escolas (art. 153), a assistência religiosa às forças armadas e nas prisões (art. 113, n° 6), mas também numerosas outras exigências entre as quais: a invocação de Deus no preâmbulo da Constituição; a assistência estatal às famílias numerosas (art. 138, § d7); o serviço militar dos eclesiásticos prestado sob forma de assistência espiritual ou hospitalar (art. 163, § 3); pluralidade e liberdade dos sindicatos operários (art. 120); a lei contra a propaganda subversiva (art. 113, § 9). A Constituição de 1934 representou o ponto culminante da obra desenvolvida pelo movimento católico e o sucesso da LEC permaneceu único na história do país, como admitiu o ministro brasileiro Paulo Brossard: "A LEC foi a organização extrapartidária que na história do Brasil exerceu a maior influência política eleitoral" [21].

Durante o mesmo perído Plinio Corrêa de Oliveira foi convidado a assumir a direcção do Legionário (em 6 de Agosto de 1933), que naquele mesmo mês se tornou orgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo. A publicação era destinada ao movimento católico, a fim de lhe proporcionar orientação doutrinal e operativa. Foi no interior destes ambientes, do norte ao sul do país, que logo se estendeu a vigorosa influência do semanário.

Plinio era o autor dos artigos de fundo e da coluna "À margem dos factos", que depois tomou o nome "7 dias em revista". Reuniu em torno de si uma equipe de colaboradores, entre os quais dois jovens Sacerdotes destinados a tornar-se figuras de primeiro plano do Clero brasileiro: o Pe. António de Castro Mayer, assistente eclesiástico do jornal, e o Pe. Geraldo de Proença Sigaud, S.V.D. Entre os colaboradores leigos destacava-se José de Azeredo Santos, um jovem congregado natural do Estado de Minas Gerais, que veio do Rio para São Paulo a fim de exercer a profissão de engenheiro. A equipe, entre cinco e oito membros, reunia-se regularmente para examinar, à luz da doutrina da Igreja, recortes de jornais e notícias provenientes de todo o mundo. Sob o impulso do dinâmico director, em 1936 o jornal transformou-se de quinzenário de duas folhas em semanário de oito páginas, e de simples boletim paroquial passou a ser a voz católica mais influente no país. Em 1937, tinha-se tornado o mais influente semanário católico do Brasil, com uma tiragem de mais de 17 mil exemplares [22].

1937-1942 - Professor na Faculdade de São Paulo, Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica, Denuncia o facismo, comunismo e nazismo, Incríveis previsões no "Legionário"

No ano de 1937, Dr. Plinio torna-se professor de História na Faculdade de Direito de São Paulo, que mais tarde fundiu-se com outra para formar a PUC-SP. Em 11 de Março de 1940 recebe o mais prestigioso dos encargos das mãos de Dom José Gaspar de Affonseca e Silva, segundo Arcebispo de São Paulo: o de Presidente da Junta Arquidiocesana da Acção Católica. No mesmo período, o Padre Antônio de Castro Mayer foi nomeadoAssistente Geral da Acção Católica de São Paulo, enquanto o Padre Geraldo de Proença Sigaud foi designado assistente arquidiocesano da Juventude Estudantil, masculina e feminina. Plinio Corrêa de Oliveira tomava assim em mãos a direcção de todas as forças do laicato católico de São Paulo, que então compreendia as organizações estudantis, os homens e as mulheres da Acção Católica e as associações auxiliares como as Pias Uniões, as Ordens Terceiras e as Congregações Marianas.

Graças a esse cargo, Plinio Corrêa de Oliveira teve a possibilidade de conhecer melhor e abarcar com um olhar amplo e profundo a variada realidade católica do país. O jovem presidente dirigiu a associação com mão enérgica, reprimindo os erros doutrinários que afloravam e procurando modificar as novas mentalidades. Depois de três anos de trabalho, os resultados não se fizeram esperar: a Acção Católica paulista conheceu um florescimento sem precedentes. O grandioso Congresso Eucarístico de 1942 juntou mais de 500 mil pessoas, em São Paulo, uma cidade com população de 1,5 milhão na época. Proferiu ele, nesta ocasião, na sua qualidade de presidente diocesano da Acção Católica, um discurso oficial sobre o papel histórico de sua pátria [23].

Um exemplar do "Legionário"
Entre 1929 e 1947 foram publicados no Legionário nada menos que 2.936 artigos contra o nazismo e o fascismo, dos quais 447 de Plinio Corrêa de Oliveira. Grande parte destes escritos vieram a lume não apenas antes da guerra, mas também antes da encíclica Mit brennender Sorge de Pio XI onde ele condena o Nazismo, num momento em que muitos equívocos ainda se acumulavam a respeito do nazismo. Se, em 1929, Pio XI assinara com Mussolini o Tratado de Latrão, com a Encíclica "Non abbiamo bisogno", de 1931, o Papa criticava abertamente as tendências totalitárias do regime e declarava ilícito o juramento de fidelidade ao Duce e à "revolução fascista". As críticas de Plinio Corrêa de Oliveira à doutrina estatista do regime fascista eram análogas às do Pontífice, em artigos entre 37 e 38 [24]. Desde 1937 Plinio Corrêa de Oliveira também observou, com crescente preocupação, a progressiva radicalização do fascismo e o seu deslizamento em direcção ao nazismo [25].

Outro grupo em popularidade na época, o integralismo, nunca conseguiu a adesão de Dr. Plinio, que antes acreditava que só a civilização cristã seria a solução para o Brasil, através de organizações como a Ação Católica e as Congregações Marianas, destituídas de todos os erros os quais ele combateu, tendo escrito seu primeiro livro para isso. São inúmeros os seus artigos da década de 30 em que critica pontos da doutrina de Plínio Salgado, bem como afirmações de Miguel Reale, Gustavo Barroso, e outros ideólogos e posições da A.I.B. (ação integralista brasileira)*.


Durante este tempo, Dr. Plinio fez várias previsões no "Legionário". Entre 1935-38 previu a Segunda Guerra Mundial. 

1935: “Nossa missão histórica [a do Brasil] consiste em manter neste mundo que se defronta com uma conflagração universal, um oásis de paz dentro de nossas fronteiras. Assim, contribuiremos para evitar o alastramento do mal, que é a guerra” [26]. 

1936: “A guerra mundial está a bater às portas” [27].

1938: “A guerra é uma questão de dias, ou de meses, mas fatalmente explodirá (...) Quando poderá ela explodir? Amanhã? Daqui a 6, 10, 12 ou 24 meses? Não o sabemos. Mas, enquanto Hitler estiver no poder, ela será inevitável” [28].

Predisse a fusão do comunismo e do nazismo: 

1939: “Efetivamente, enquanto todos os campos se definem, um movimento cada vez mais nítido se processa. É a fusão doutrinária do nazismo com o comunismo. A nosso ver, 1939 assistirá a consumação dessa fusão” [29].

1940: “Um aperto de mão histórico. A assinatura do pacto entre o nazismo e o comunismo espantou grande número de pessoas. Daí a surpresa de muitos leitores ante a cordialidade risonha e afetuosa do aperto de mão trocado, como acima se vê, entre Ribbentrop e Stalin logo depois de assinado o acordo. O ‘Legionário’ entretanto previu o acontecimento com uma longa antecedência” [30].

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* Integralismo e Comunismo,"O Legionário" Nº 209, 13 de setembro de 1936. Disponível: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20360913_IntegralismoeComunismo.htm. Urgente Definição, “O Legionário”, N.º 174, 23 de junho 1935. Disponível: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG350623_Urgentedefinicao.htm. Na expectativa, "O Legionário" Nº 206, 23 de agosto de 1936. Disponível: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20360823_Naexpectativa.htm
[17] O Legionário, n° 70, 14 de Dezembro de 1930, pg.3
[18] Plinio CORRÊA DE OLIVEIRA, "Liga eleitoral católica", in O Legionário, n° 111, 15 de Janeiro de 1933 
[19] Roberto de Mattei, idem, cap.II, item 3
[20] "Uma vitória mariana", in O Legionário, n° 120, 7 de Maio de 1933
[21] Jornal de Minas (Belo Horizonte), 3 de Julho de 1986
[22] Roberto de Mattei, idem, cap.II, item 5
[23] Roberto de Mattei, cap.III, item 6
[24] "Mussolini", O Legionário, n° 241, 25 de Abril de 1937, disponível em: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20370425_MUSSOLINI.htm. "Mussolini e o nazismo", O Legionário, n° 296, 15 de Maio de 1938, disponível em: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20380515_Mussolinieonazismo.htm
[25] "A Italia em via de ser nazificada?", O Legionário, n° 306, 24 de Julho de 1938, disponível em: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG_380724_A_Italia_em_vias_de_ser_nazificada.htm. "Para onde caminha o fascismo?", O Legionário, n° 308, 7 de Agosto de 1938, disponível em: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20380807_Paraondecaminhaofascismo.htm
[26] Self-Control, no.182, 13-10-35. http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LE351013_SelfControl.htm
[27] Unidade nacional, “Legionário” no.219, 22-11-36. http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG361122_Unidade%20Nacional.htm
[28] O verdadeiro sentido do vôo de Chamberlain, “Legionário” no.314, 18-9-38. http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20380918_OverdadeirosentidodocasoChamberlain.htm
[29] Entre o passado e o futuro, “O Legionário” no.329, 1-1-39. Disponível em: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20390101_ENTREOPASSADOEOFUTURO.htm
[30] Seção 7 dias em revista, “O Legionário”, 16-6-40