S.Tomás de Aquino, O.P. (1225-1274), rogai por nós! |
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- Vaidade -
Esta vanglória (vã glória) vem em três sentidos: quando alguém se gloria em falso, quando se gloria de um bem que passa facilmente, e quando se gloria sem dirigir ao fim devido visto que é natural ao homem que tenda ao conhecimento da verdade, pois por esse conhecimento seu intelecto se aperfeiçoa, mas não é tender à perfeição, e sim uma certa vaidade, querer que esse seu bem seja conhecido, exceto quando isto é útil para algum fim.
Sendo o fim próprio da vaidade a manifestação da própria excelência, chamam-se filhas da vaidade aqueles vícios pelos quais o homem tende a manifestar a própria excelência. Esta manifestação pode se dar de dois modos: diretamente ou indiretamente, quando se esforça para mostrar que não é inferior a outro.
-Modo direto
Jactância - Por meio de palavras
Presunção - Por fatos verdadeiros que suscitam uma certa admiração
Hipocrisia - Por fatos fingidos
-Modo indireto
Pertinácia – Dá-se na inteligência. Quando se aferra à sua opinião e não quer assentir a um juízo mais acertado.
Discórdia - Dá-se na vontade. Quando não se ajusta sua vontade à de homens melhores.
- Inveja -
Sendo a inveja uma tristeza pela glória de outro, considerada como um certo mal, segue-se que, movida pela inveja, tenda a fazer coisas contra a ordem moral para atingir o próximo e, assim, a inveja é vício capital.
Nesse impulso da inveja, há princípio e termo final. O princípio é precisamente impedir a glória alheia, que é o que entristece o invejoso, já o termo final pode ser considerado de dois modos: um primeiro diz respeito à pessoa invejada, e o outro pode ser considerado por parte do próprio invejoso.
-Ocorridas no princípio da glória alheia
Murmuração - Disfarçadamente se diminui o bem do outro ou se fala mal dele.
Detração - Abertamente se diminui o bem do outro ou se fala mal dele.
-Ocorridas no termo final da glória alheia
Ódio - Diz respeito à pessoa invejada. Quando não só se entristece pela superioridade do outro, mas, mais do que isso, quer seu mal sob todos os aspectos.
Exultação pela Adversidade – Por parte do invejoso. Quando se alegra por obter o fim que intentava: diminuir a glória alheia.
Aflição pela Prosperidade - Por parte do invejoso. Quando se entristece por não obter o fim que intentava: diminuir a glória alheia.
- Acídia -
É o tédio ou tristeza em relação aos bens interiores e aos bens do espírito. Sendo estes verdadeiros bens, é evidente que a acídia tem por si caráter de pecado.
Quando um homem foge da tristeza opera-se o seguinte processo: primeiro foge do que o entristece e, depois, chega a empreender uma luta contra o que gera a tristeza. Ora, no caso da acídia, em que se trata de bens espirituais, esses bens são fins e meios.
-Fuga dos bens espirituais
Desespero – Fuga do fim, isto é, estes mesmos bens espirituais.
Pusilanimidade – Fuga dos meios que conduzem aos bens espirituais. Daqueles que são árduos e que requerem deliberação.
Torpor – Fuga dos meios que conduzem aos bens espirituais. Dos preceitos, no que se refere à lei comum.
-Luta contra os bens espirituais
Malícia - Quando se refere aos próprios bens espirituais, que a acídia leva a detestar.
Rancor – Quando se refere aos meios, aos homens que encaminham a eles.
Divagação da mente – Quando se abandona o espírito e se instala nos prazeres exteriores. Segundo S.Tomás, parte da classificação de Isidoro cabe aqui. A curiositas (no conhecimento), verbositas (no falar), inquietudo corporis (nos movimentos desordenados do corpo), instabilitas (no perambular por vários lugares).
- Ira -
A ira é um movimento do apetite sensitivo e esse movimento pode ser regulado pela razão e enquanto segue o juízo da razão, põe-se a serviço dela para sua pronta execução. E como a condição da natureza humana exige que o apetite sensitivo seja movido pela razão, é necessário afirmar, com os peripatéticos, que algumas iras são boas e virtuosas.
Ora, frequentemente, pelo fim da ira, isto é, por tomar vingança, se cometam muitas ações fora da ordem moral e, assim, a ira é vício capital. Ela pode ser considerada de três modos: de acordo com o que ela é no coração, na boca e nas ações.
-No coração
Indignação – Causada pela injustiça sofrida por outrem ou pelo irado.
Perturbação da mente – Quando o irado fica maquinando pensamentos sobre os possíveis diversos modos e meios de se vingar e seu ânimo como que se incha.
-Na boca
Blasfêmia – Dá-se contra Deus.
Clamor – Dá-se contra o próximo, quando se prorrompe em palavras confusas sem exprimir uma ofensa específica.
Insulto – Dá-se contra o próximo, quando se prorrompe em palavras injuriosas, como quando diz a seu irmão: "imbecil".
-Nas ações
Rixa – Dá-se contra o próximo, e dela deriva coisas como: ferimentos, homicídios, etc.
- Avareza -
Sendo o dinheiro uma matéria específica, parece que a avareza é tomada também como desordenada cobiça de quaisquer bens e, neste sentido, é um pecado genérico, pois todo pecado é um voltar-se desordenadamente a algum bem passageiro.
A avareza comporta duas atitudes internas do avaro, uma das quais é o excesso de apego ao que se tem, e outra é o excesso no afã de ajuntar para si. Do ponto de vista da execução da avareza, também há atitudes de avareza.
-Atitudes internas seguidas
Dureza de Coração - Causada pelo excesso de apego ao que se tem. Opõe-se à misericórdia, porque evidentemente o avaro endurece seu coração e não se vale de seus bens para socorrer misericordiosamente alguém.
Inquietude - Causada pelo excesso no afã de ajuntar para si. Impõe ao homem preocupações e cuidados excessivos.
-Em vistas de executar a avareza
Violência - Quando se serve da força.
Mentira - Quando se se serve do engano, por simples palavras, como alguém que engana para lucrar.
Perjúrio - Quando se serve do engano através de juramento.
Fraude - Quando é aplicado em relação a coisas.
Traição - Quando é aplicado contra outras pessoas, como na traição de Judas.
- Gula -
O pecado da gula não consiste nos atos exteriores do próprio comer, a não ser por consequência, enquanto procede do desejo desordenado de alimento, como acontece com todos os outros vícios referentes a paixões. Fica claro, portanto, que a gula se refere às paixões e se opõe à temperança enquanto diz respeito aos desejos e prazeres do comer e do beber.
As filhas da gula nascem da gula e podem ser por parte do corpo, ou por parte da alma, à qual compete governar o corpo, e esse governo é impedido de diversos modos pelo prazer desregulado no comer e no beber.
-No corpo
Imundície - Aparência desleixada devido à falta de higiene por estar preocupado em demasia com a obtenção de excessos.
- Luxúria -
A matéria da luxúria são os prazeres sexuais, que podem ser isentos de pecado (dentro do matrimônio). Este pecado capital é o mais intenso dos prazeres corporais.
Quando uma alma se volta veementemente para um ato de uma faculdade inferior, as faculdades superiores se debilitam e se desorientam em seu agir. No caso da luxúria, por causa da intensidade do prazer, a alma se ordena às potências inferiores, à potência concupiscível e ao sentido do tato. E é assim que, necessariamente, as potências superiores, isto é, a razão e a vontade, sofrem uma deficiência.
-Pela desordem da razão
Cegueira da Mente – Obstaculiza o julgar retamente a respeito do fim, como princípio de agir.
Irreflexão – Obstaculiza a deliberação.
Precipitação – Obstaculiza o juízo sobre como se deve agir. O homem é levado a um juízo precipitadamente, sem esperar o juízo da razão.
-Pela desordem da vontade
Amor de si – Desejo de prazer desordenado.
Ódio de Deus – Enquanto proíbe o desejo. Também se refere a todas as coisas que levam a Ele.
Apego ao Mundo – Desejo de todas as coisas por meio das quais se atinge o fim do desejo.
Desespero em relação ao mundo futuro – Efeito do excessivo apego aos prazeres carnais que faz o homem desesperar-se.
Árvore dos vícios e das virtudes segundo desenhos medievais
Tradução livre: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Vices_Speculum_Virginum_W72_25v.jpg |
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