Nossa Senhora do Apocalipse, rogai por nós!
A seguir disponibilizamos um resumo da história por detrás da não condenação do comunismo pelo Concílio, apoiada por diversos Cardeais de confiança dos Papas Conciliares, os que já os coloca em suspeita por esta confiança, e como veremos, apoiada algumas vezes diretamente pelos Papas Conciliares. Para isso colocamos trechos editados do livro do professor Roberto de Mattei, "O Concílio Vaticano II, uma história nunca escrita", citando suas fontes somente quando conveniente. Subtítulos nossos em negrito.
O Pacto secreto de Metz: um pacto para não condenar o comunismo
"(...) em Agosto de 1962 tem lugar em Metz um encontro secreto entre o Cardeal Tisserant e o novo arcebispo ortodoxo de Yaroslav, Nikodim*. Estabelece-se aí um acordo com base no qual o patriarca de Moscou acolherá o convite pontifício se o Papa garantir que Concílio se absterá de condenar o comunismo.
* Está documentado, com base em pesquisas de arquivo, que o Conselho Ecumênico das Igrejas era um organismo abundantemente infiltrado por agentes do Kremlinm, e que o Metropolita Nikodim, que conseguiu ser eleito seu presidente, era funcionário da KGB [1].
O encontro de Metz foi ignorado ou posto em dúvida por alguns historiadores, mas Serge Bolshkoff, nas suas memórias inéditas sobre o Cardeal Tisserant, e o Padre Emmanuel Lanne, que as consultou, apresentam uma documentada reconstituição do mesmo.
O Comitê Central do Conselho Ecumênico das Igrejas (COE) tinha-se reunido em Paris nos começos de Agosto de 1962. O Vaticano fora representado por Mons. Willebrands, que, a 11 de Agosto, se avistou com Nikodim, o representante da Igreja Ortodoxa Russa, que entrara para o COE no ano anterior, em Nova Deli. Nikodim abordou imediatamente com Willebrands o problema da participação de observadores ortodoxos no Concílio, e convidou-o insistemente a tratar da questão diretamente com Moscou. Entretanto, Bolshkoff, que estava ligado ao mosteiro de Chevegtone, organizava um encontro a ter lugar a 18 de Agosto em Metz, na Lorena, no qual participariam Nikodim, o Cardeal Tisserant e Mons. Basile Krivochéine, arcebispo ortodoxo de Bruxelas (...).
Entre 27 de Setembro e 2 de Outubro de 1962, Mons. Willebrands empreendeu uma viagem secreta a Moscou com o objetivo de dissipar as preocupações do Kremlin relativamente à atitude do Concílio quanto ao comunismo [2].
Depoimento do Cardeal Tisserant ao Dr. Plinio Corrêa de Oliveira
"A 2 de Novembro de 1962, Plinio Corrêa de Oliveira avistou-se com o Cardeal Tisserant, que lhe pareceu, mau grado os seus 80 anos, "lúcido, calmo, vivo". O cardeal confiou-lhe ter participado nas negociações com os cismáticos ortodoxos russos: "Moscou exigiu que não se falasse contra o comunismo no Concílio e Roma aceitou", declarou, acrescentando que lhe parecia "possível falar contra o materialismo e o ateísmo, sem mencionar o comunismo, deste modo, o Concílio, que apenas trata de religião, pode perfeitamente desenvolver a sua missão", além disto, prosseguiu, "como é possível condenar o fato de se pegar no dinheiro dos ricos para o dar aos pobres?". Fora por esta razão, dizia o cardeal, que a Santa Sé tinha aceitado as condições do Kremlin. No decurso da conversa, que se desenrolou em francês, Tisserant elogiou o Cardeal Stefan Wyszynski, caracterizou o Cardeal Mindzenty como um "pauvre imbécile", e declarou que era mais difícil converter um monárquico cismático que um comunista ateu, porque "o primeiro aceita somente o czar como seu chefe, enquanto o segundo não alimenta preconceitos anti-romanos".
Por esta altura, e na sequência do falecimento do Cardeal Alojzije Stepìnac, morto por envenenamento a 10 de Fevereiro de 1962, o Cardeal Mindszenty era o único símbolo da resistência eclesiástica ao comunismo. Até então, a posição dos dois príncipes da Igreja tinha coincidido com as indicações provenientes da Santa Sé, contudo, no princípio dos anos 60, tanto o quadro internacional como o quadro eclesiástico pareciam ter-se alterado" [3].
Os abaixo-assinados com assinaturas de inúmeros prelados para condenar o Comunismo e consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria conforme os pedidos de Nossa Senhora em Fátima. Como eles foram ignorados por Paulo VI
A divulgação, com a ajuda de membros da TFP, do texto “Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição?”, apareceu primeiro em Agosto de 1963. alcançou 38 edições em oito idiomas, atingindo um total de 171 mil exemplares, e foi distribuído a todos os padres conciliares reunidos em Roma para o evento. Reproduzido na íntegra em 39 jornais ou revistas de treze países, tinha em vista a condenação do comunismo pelo Concílio. Além disso, D. Sigaud entregou pessoalmente a Paulo VI duas petições: a primeira, escrita por Dr. Plinio [4], tinha o apoio dos 218 dos 243 padres conciliares, que responderam "afirmativo" sobre se era oportuno que o Concílio se pronunciasse sobre o comunismo de modo claro e solene. A segunda, uma idéia de Dr. Plinio, foi assinada por 510 Prelados de 78 países para que o Papa, em união com todos os Bispos, consagre a Rússia e o mundo ao Imaculado Coração de Maria [5]. Nenhum dos dois pedidos foram atendidos pelo Papa.
Como os encarregados pela elaboração dos esquemas, com o apoio de Paulo VI, trabalharam contra todo pedido e iniciativa no final do Concílio para o mesmo condenar o comunismo
"Em Dezembro de 1964, Mons. Pierre Haubtmann, encarregado de coordenar a nova elaboração do esquema XII, tinha pedido a colaboração do salesiano Giulio Girardi para o capítulo sobre o ateísmo. Em Fevereiro de 1965, em Ariccia, o texto de Mons. Wojtyla que pedia uma afirmação mais clara dos direitos da Igreja na sociedade, tinha sido preterido em favor do texto de Girardi, que sugeria uma abordagem mais positiva ao humanismo marxista. Girardi acabaria por abandonar o sacerdócio e por se tornar um teórico e protagonista da teologia da libertação.
Quanto Mons. Haubtmann, numa audiência que lhe foi concedida a 16 de Fevereiro, apresentou ao Papa a linha "aberta" e "dialógica" do esquema, que evitava condenar o comunismo, Paulo VI encorajou-o a prosseguir nesta linha: "Oui, c'est à la fois délicat et indispensable", disse. O novo texto, que foi colocado á discussão da aula conciliar entre Setembro e Outubro de 1965, não referia explicitamente o comunismo (...)" [6].
"A 7 de Dezembro de 1965, foi encerrada a discussão sobre o esquema da constituição 'Gaudium et Spes'. Na sexta-feira, 8 de Outubro, Mons. Felici comunicou que os Padres tinham até ao dia seguinte para apresentar por escrito observações sobre o esquema. O "Coetus Internationalis" [grupo de padres mais conservadores no Concílio] preparou uma petição na qual se solicitava que "a seguir ao Parágrafo 19 do esquema, "A Igreja no mundo contemporâneo", que trata o problema do ateísmo, se introduza um novo parágrafo que trate expressamente o problema do comunismo", se o Vaticano II tem um caráter eminentemente pastoral, afirmava a petição, "acaso haverá problema mais pastoral do que este: impedir que os fiéis se tornem ateus através do comunismo". Se o Concílio se calasse relativamente a um problema com este alcance, tal silêncio equivaleria, na mente dos fiéis, "a uma revogação tácita de tudo quanto os últimos Sumos Pontífices disseram e escreveram contra o comunismo" [7].
"A 11 de Outubro, segunda-feira, a petição chegou às mãos de Mons.Achille Glorieux, secretário da comissão mista responsável pela preparação e revisão do esquema sobre a Igreja no mundo moderno (...). Contudo, Mons. Glorieux não as fez chegar à comissão que estava a trabalhar sobre o esquema, a pretexto de não querer dificultar-lhe a tarefa. Instância tinha sido subscrita por nada menos de 454 prelados de 86 países, que ficaram estupefatos quando, no sábado 13 de Novembro, receberam em aula o novo texto, sem qualquer referência ao pedido que haviam feito (...).
Nesse mesmo dia 11 de Outubro, Mons. Carli dirigiu uma carta de protesto à Presidência do Concílio, denunciando o arbítrio da comissão que tinha ignorado um documento de tão grande importância. Mons. Glorieux afirmou, falsamente, quue o texto do "Coetus" tinha chegado à comissão já fora do prazo estabelecido para a sua apresentação, mas foi desmentido pelo próprio secretário do Concílio, Mons. Felici (...).
Neste mesmo dia, Mons. Felici enviou ao Papa uma nota sobre o recurso de Mons. Carli: à tarde, o Papa mandou transmitir a Mons. Felici a seguinte resposta:
"15-XI-65
Atende-se ou retira-se o recurso? (...)
B) É coerente com os objetivos do Concílio?
- não entrar em temas "políticos"
- não pronunciar anátemas
- não falar do comunismo (1962)"
O último ponto (...) é a confirmação do "compromisso" assumido pelo Vaticano com o governo soviético, de não condenar de forma alguma o comunismo, era esta a condição exigida pelo Kremlin para permitir a participação de observadores do Patriarcado de Moscou no Vaticano II. O fato de este compromisso ser "oficioso", e não "oficial", nada retira à sua realidade" [8].
A omissão do Concílio em não condenar o comunismo resumidamente [9]
"Dentro da perspectiva de Revolução e Contra-Revolução, o êxito dos êxitos alcançado pelo comunismo pós-staliniano sorridente foi o silêncio enigmático, desconcertante, espantoso e apocalipticamente trágico do Concílio Vaticano II a respeito do comunismo. Este Concílio se quis pastoral e não dogmático. Alcance dogmático ele realmente não o teve. Além disto, sua omissão sobre o comunismo pode fazê-lo passar para a História como o Concílio a-pastoral.
Explicamos o sentido especial em que tomamos esta afirmação.
Figure-se o leitor um imenso rebanho enlanguescendo em campos pobres e áridos, atacado de todas as partes por enxames de abelhas, vespas, aves de rapina.
Os pastores se põem a regar a pradaria e a afastar os enxames. Esta atividade pode ser qualificada de pastoral ? Em tese, por certo. Porém, na hipótese de que, ao mesmo tempo, o rebanho estivesse sendo atacado por matilhas de lobos vorazes, muitos deles com peles de ovelha, e os pastores se omitissem completamente de desmascarar ou de afugentar os lobos, enquanto lutavam contra insetos e aves, sua obra poderia ser considerada pastoral, ou seja, própria de bons e fiéis pastores?
Em outros termos, atuaram como verdadeiros Pastores aqueles que, no Concílio Vaticano II, quiseram espantar os adversários minores, e impuseram livre curso pelo silêncio a favor do adversário maior?
Com táticas aggiornate das quais, aliás, o mínimo que se pode dizer é que são contestáveis no plano teórico e se vêm mostrando ruinosas na prática o Concílio Vaticano II tentou afugentar, digamos, abelhas, vespas e aves de rapina. Seu silêncio sobre o comunismo deixou aos lobos toda a liberdade. A obra desse Concílio não pode estar inscrita, enquanto efetivamente pastoral, nem na História, nem no Livro da Vida.
É penoso dizê-lo. Mas a evidência dos fatos aponta, neste sentido, o Concílio Vaticano II como uma das maiores calamidades, se não a maior, da História da Igreja. A partir dele penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a “fumaça de Satanás”, que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível força de expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis almas, o Corpo Místico de Cristo entrou no sinistro processo da como que autodemolição".
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[1] cf. Gerhard Besier, Armin Biyens e Herhard Lindemann, Nationaler Protestantusmus und Okumenische Bewegung. Kirchliches Handeln im kalten Krieg (1945-1990), Duncker und Humblot, Berlim, 1999.
[2] De Mattei, Roberto. Cap.II, Item 11. b, 149-151.
[3] De Mattei, Roberto. Cap.II, Item 11. c, 154.
[4] Arquivos do IPCO, reunião de 26 de Agosto de 1989.
[5] Meio Seculo de Epopéia Anticomunista, Coleção Tudo sobre a TFP, 2ª Edição, Editora Vera Cruz, pg.32.
[6] De Mattei, Roberto. Cap.IV, Item 9. a. Pg.425.
[7] De Mattei, Roberto. Cap.IV, Item 9. b. Pg.428-429.
[8] De Mattei, Roberto. Cap.IV, Item 9. b. Pg.432-434.
[9] Plinio Corrêa de Oliveira, "Revolução e Contra-Revolução", Parte III, Capítulo II, Item 4.