Syllabus D. Mayer: elogiou o Concílio, assinou suas atas progressistas, por causa da TFP virou bispo, mas ficou inimigo e morreu excomungado

"Chega o tempo de realizarmos na vida prática os decretos do II Concílio Vaticano, para a glória de Deus"- O "Leão" de Campos em 1966.
Na foto, com João Paulo II e o então Pe. Rifan

Com a graça de Nossa Senhora esperamos que aqueles que possuem apreço sentimental por Dom Antônio de Castro Mayer vejam este artigo com isenção de ânimo, avaliando as fontes aqui dispostas para cada tópico salientado.
 
Este artigo mostra com provas históricas que todas as posições boas e tradicionalistas, e quase toda sua notoriedade, e até mesmo sua indicação à Bispo de Campos, tem como causa direta ou indireta a influência de Plinio Corrêa de Oliveira. Em seguida, mostramos como o rompimento com este leigo católico levou a eventos e uniões lamentáveis.

Outras compilações:

Clique aqui para mais syllabus contra várias falsa-direitas

Sumário

- Fatos até sua nomeação episcopal -

- Seu primeiro cargo de destaque: assistente eclesiástico do Legionário, jornal então dirigido e feito famoso pelo jovem Dr. Plinio
- Ganha o cargo de assistente geral da Ação Católica, por ser próximo de Dr. Plinio, quando este é nomeado presidente da Ação Católica
- Ganha o cargo de Vigário-Geral da Arquidiocese de São Paulo por intervenção do Núncio Apostólico em favor do livro de Dr. Plinio, então em preparação
- Elogia livro de Plinio Corrêa de Oliveira, ao qual conferiu o imprimatur.
- É expulso de seu cargo de prestígio e jogado no exílio, por estar junto do "Grupo do Plinio"


- Após a sua nomeação episcopal -

- É nomeado Bispo por causa da influência do "Grupo do Plinio", já que Pio XII alegrara-se com o livro-denúncia de Dr. Plinio e seu Grupo, e nomeou bispos ao Pe. Mayer e ao Pe. Sigaud, os mais próximos. O elogio ao livro veio pouco depois
- Toma como brasão o Leão já usado pelo Grupo do Plinio, que posteriormente formou a TFP
- Nota de luto de falecimento da Madre Letícia, assim como foto desta com D. Mayer e o Prof. Pinio confirmam a originalidade do Leão Rompante, ao provar a simpatia de outras pessoas de vida religiosa pela TFP
- Funda, mediante solicitação de Dr. Plinio, a Revista Catolicismo
- Suas cartas pastorais são divulgadas pela TFP, o que fez sua fama no Brasil todo
- Novamente, Dr. Plinio solicita o nome e autoridade do bispo de Campos para assinar o best-seller: "Reforma Agrária: questão de consciência". D. Mayer só revisou e assinou, assim como D. Sigaud



- Após o Concílio Vaticano II - 

- Assinou os documentos progressistas do Concílio Vaticano II, não apoiando as estratégias de Dr. Plinio
- Defende que se viva os decretos do Concílio Vaticano II, e sustenta que estes darão vigoroso impulso ao apostolado leigo. E, para desgosto de Dr. Plinio, faz tudo isso na Revista Catolicismo
-Passa a criticar o Concílio e suas partes heterodoxas, obviamente por influência de Dr. Plinio, dado a proximidade, o intercâmbio mútuo e o fato de que este sempre foi crítico do evento
- Apoia e divulga livro do então membro da TFP (Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira) sobre o problema da missa nova
- Encontra-se com João Paulo II por volta de 1981. Volta dizendo que é "o Papa do Reino de Maria"



- Do rompimento com o Prof. Plinio até sua excomunhão e fim -

- Depois de 40 anos de união, em 1983, rompe com a TFP acusando-a de seita herética e anti-clerical
- Junta-se a D. Lefebvre e rompe com João Paulo II e a hierarquia eclesiástica, sagrando bispos e tendo sua excomunhão automática ratificada pelo "Papa do Reino de Maria"
- Desencanta com D. Marcel Lefebvre por causa do maurrasianismo sectário e vai fundar seu grupo com os chamados "padres de Campos", hoje conhecida como Adm. Apostólica S. João Maria Vianney
- Dom Corso, bispo ligado a Roma em Campos, 1995, envia carta para bispo da Espanha acusando Dom Mayer de "subserviência" à Plinio Corrêa de Oliveira, ou seja, punha a culpa do então cisma de Dom Mayer e seus padres de Campos na TFP. A TFP espanhola responde.
- Morre e poucos anos depois, e seu grupo de padres, os padres de Campos, sai do cisma (Deo Gratias!)
- Triste fim: sequer é citado no documento de "levantamento" da excomunhão dos bispos que sagrou conjuntamente com D. Lefebvre, o que refuta a tese de que o levantamento foi um "mea culpa" do Vaticano
 
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- FATOS ATÉ SUA NOMEAÇÃO EPISCOPAL –



Como padre, seu primeiro cargo de destaque é ser assistente eclesiástico do Legionário, jornal então dirigido e feito famoso pelo jovem Dr. Plinio

"Em 6 de Agosto de 1933, Plínio Corrêa de Oliveira foi convidado a assumir a direção do Legionário, que naquele mesmo mês se tornou órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo. A publicação não era destinada ao grande público, mas ao movimento católico, a fim de lhe proporcionar orientação doutrinal e operativa. Foi no interior destes ambientes, do norte ao sul do país, que logo se estendeu a vigorosa influência do semanário. 

Plínio era o autor dos artigos de fundo e da coluna "À margem dos factos", que depois tomou o nome "7 dias em revista". Reuniu em torno de si uma equipe de valorosos colaboradores, entre os quais dois jovens Sacerdotes destinados a tornar-se figuras de primeiro plano do Clero brasileiro: o P. António de Castro Mayer, assistente eclesiástico do jornal, e o P. Geraldo de Proença Sigaud, S.V.D (...). Sob o impulso do dinâmico diretor, em 1936 o jornal transformou-se de quinzenário de duas folhas em semanário de oito páginas, e de simples boletim paroquial passou a ser a voz católica mais influente no país".

("O Cruzado do Século XX: Plinio Corrêa de Oliveira", Roberto de Mattei, 
Cap II, 4).





Em seguida, por ser próximo de Dr. Plinio, quando este é nomeado presidente da Ação Católica, ganha o cargo de assistente geral deste movimento, que reunia todas as forças do laicato católico de São Paulo


"Alguns meses depois, faleceu o Arcebispo de São Paulo. O seu sucessor, D. José Gaspar de Affonseca e Silva, representava um tipo humano muito diverso (...), o modo de D. José Gaspar tratar as pessoas era afável e atraente. Conhecer o seu verdadeiro modo de pensar e interpretar as suas opções, frequentemente inspiradas em forte senso político e diplomático, nem sempre era fácil. As suas primeiras atitudes não deixaram de suscitar surpresa. Em 11 de Março de 1940 confiou a Plínio Corrêa de Oliveira o mais prestigioso dos encargos: o de Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica. No mesmo período, o Padre António de Castro Mayer foi nomeado Assistente Geral da Ação Católica de São Paulo, enquanto o Padre Geraldo de Proença Sigaud foi designado assistente arquidiocesano da Juventude Estudantil, masculina e feminina. Plínio Corrêa de Oliveira tomava assim em mãos a direção de todas as forças do laicato católico de São Paulo, que então compreendia as organizações estudantis, os homens e as mulheres da Acção Católica e as associações auxiliares como as Pias Uniões, as Ordens Terceiras e as Congregações Marianas"("O Cruzado do Século XX: Plinio Corrêa de Oliveira", Roberto de Mattei, Cap.III, 6).





Ganha o cargo de Vigário-Geral da Arquidiocese de São Paulo por intervenção do Núncio Apostólico em favor do livro de Dr. Plinio, então em preparação

"Entretanto, Plínio Corrêa de Oliveira quis levar a sua obra até às suas últimas consequências. Decidiu assim escrever um livro em defesa da Ação Católica, oferecendo um cuidadoso diagnóstico dos males que a afligiam.

Estes males não eram ignorados pelo Núncio Apostólico no Brasil, D. Bento Aloisi Masella, que há tempos observava e apreciava Plínio Corrêa de Oliveira, embora não o conhecesse pessoalmente. Enviou-lhe como emissário da sua confiança o jesuíta italiano Cesare Dainese, então reitor do Colégio Loyola de Belo Horizonte, o qual preparou o caminho para um encontro com o Núncio. O colóquio teve lugar pouco depois, no Rio de Janeiro. O Núncio era um homem de sessenta anos, de atitude reservada e perfeita compostura diplomática. Ouviu em silêncio a exposição do presidente da Ação Católica paulista, animou-o tacitamente e encarregou o Padre Dainese de manter relações com ele. Pouco depois o Padre António de Castro Mayer foi promovido a Vigário-Geral da Arquidiocese de São Paulo. A intervenção da nunciatura era evidente e constituía um apoio ao projeto do Prof. Plínio, o qual mergulhou no estudo dos documentos para concluir, quanto antes, a redação da sua obra"
("O Cruzado do Século XX: Plinio Corrêa de Oliveira", Roberto de Mattei, Cap.III, 6)







Elogia livro de Plinio Corrêa de Oliveira, ao qual conferiu o imprimatur. Este livro foi elogiado por Pio XII posteriormente

D. Mayer elogia o livro "Em Defesa da Ação Católica" (de 1943) em 1963:

"Não obstante, “habent sua fata libelli”. Especialmente os que tratam de questões candentes, os que denunciam o avanço sorrateiro, mas firme, da Revolução. Diga-o o grande publicista espanhol, D. Felix Sardá y Salvany. Num tempo em que o liberalismo dominava soberano, ousou o Padre catalão dizer a verdade como a ensinam os Papas. Esscreveu um opúsculo, “El Liberalismo es Pecado”. Foi alvo de virulento ataques dos católicos de tendência liberal (...)

“Em Defesa da Ação Católica” também agitava as águas onde pescavam tranquilamente os fautores da Revolução. Foi alvo de murmúrios e de campanha surda mas implacável e generalizada. E não de uma refutação pública, que parecia impossível (...)

Os companheiros de luta, porém, não se dispersaram. “Catolicismo” se honra em ter entre seus colaboradores mais brilhantes e assíduos, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Nas colunas do mensário de Campos, precisamente como comemoração do seu centésimo número, publicou ele o ensaio “Revolução e Contra-Revolução”, com que desce ao fundo da luta que se travou em torno de “Em Defesa da Ação Católica” (...)”

(Revista Catolicismo, 
Junho de 1963, no.150. Link: http://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0150/P02-03.html)







É expulso de seu cargo de prestígio e jogado no exílio, por estar junto do "Grupo do Plinio"

"D. Carlos Carmelo, cuja visão era oposta à do Legionário, tinha, por outro lado, um temperamento muito diverso do seu predecessor: não era homem de meios termos e encarou a situação de frente. Impôs à equipe do Legionário um "armistício" como desaprovação para os seus dirigentes. Plínio Corrêa de Oliveira perdeu o seu cargo de presidente da Ação Católica; o Padre António de Castro Mayer, vigário-geral da Arquidiocese, foi removido para o bairro de São José do Belém, como simples vigário ecônomo; o P. Geraldo de Proença Sigaud foi enviado para a Espanha. Seguiu-se uma tempestuosa campanha de difamação, da qual o Prof. Plínio e os seus amigos não puderam defender-se publicamente, por causa do "armistício" imposto pelo Arcebispo. Por fim, em Dezembro de 1947, Plínio Corrêa de Oliveira foi afastado da direção do Legionário. No número de 29 de Fevereiro de 1948, apareceu um editorial com o título "Legionário em terceira fase", em que se anunciava o início de uma "nova fase" na existência do semanário, resumida no mote final do artigo, não assinado: "Incipit vita nova". Nem uma palavra sobre Plínio Corrêa de Oliveira, que havia dedicado ao Legionário, com imensa generosidade, quinze anos da sua vida. No mesmo ano, D. Hélder Câmara assumiu o cargo de assistente eclesiástico da Ação Católica Brasileira. A atmosfera tinha mudado profundamente". ("O Cruzado do Século XX: Plinio Corrêa de Oliveira", Roberto de Mattei, Cap.III, 8)

 






- APÓS A SUA NOMEAÇÃO EPISCOPAL – 




É nomeado Bispo por causa da influência do "Grupo do Plinio", já que Pio XII alegrara-se com o livro-denúncia de Dr. Plinio e seu Grupo, e nomeou bispos ao Pe. Mayer e ao Pe. Sigaud, os mais próximos. O elogio ao livro veio pouco depois

"Em Janeiro de 1947 chegou, imprevista e inesperada, a notícia da elevação do P. Proença Sigaud a Bispo de Jacarezinho. Poucos meses depois, o P. António de Castro Mayer foi nomeado coadjutor de D. Octaviano Pereira de Albuquerque, Arcebispo de Campos. Os dois sacerdotes, postos de lado por causa do apoio dado ao grupo de Legionário e ao livro "Em Defesa da Ação Católica", viam-se agora honrados com uma manifestação de confiança da Santa Sé, que parecia ter o significado de uma reparação"
("O Cruzado do Século XX: Plinio Corrêa de Oliveira", Roberto de Mattei, Cap.III, 9).


Conta Dr. Plinio em artigo do Jornal Folha de S.Paulo: 

"Contra todas as expectativas, outra alegria nos esperava no ano seguinte. Ao chegar eu, numa noite de Março de 1948, à nossa catacumba, um amigo esperava-me à porta, efervescente de júbilo. Contou-me que o Cônego Mayer, que passara durante a tormenta do alto cargo de vigário-geral da Arquidiocese para vigário do distante, e aliás tão simpático bairro de Belenzinho, acabava de nos comunicar a sua nomeação para Bispo-coadjutor de Campos. É inútil dizer com que exultação fomos no mesmo instante felicitá-lo".

(
"Nasce a TFP" in Folha de S. Paulo, 22 de Fevereiro de 1969. Link: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP%2069-02-22%20Nasce.htm).





Toma como brasão o Leão já usado pelo Grupo do Plinio, que posteriormente formou a TFP
Primeiro estandarte da TFP,
anos 40

Na imagem ao lado se vê o primeiro estandarte da TFP, ainda presente na Sede do Reino de Maria, em Higienópolis, São Paulo, SP. Pertence aos fundadores da Associação, que tornaram a casa a atual sede do IPCO (Instituto Plinio Corrêa de Oliveira). 

Ao contrário do que dizem os que não foram testemunhas históricas, esse estandarte é anterior ao brasão de D. Mayer (imagem abaixo), e foi abandonado por ter as chaves do Papado, já que não podem ser usadas por uma entidade civil. Dois motivos provam isso. 

Primeiro, o fato de D. Mayer nunca ter reclamado, depois de ter se distanciado da TFP, que esta era meramente um suporte seu e por isso tinha tomado o seu brasão como referência. Do mesmo modo, nem Dr. Plinio, nem a TFP nunca se pronunciaram sobre a origem e simbolismo do Leão usado pela Associação aludindo ao Brasão episcopal de D. Mayer.

O segundo é o testemunho de Dr. Plinio: 


Brasão de D. Mayer
"Nós estávamos instalados na Rua Martim Francisco, e queríamos pôr na capelinha de lá (era uma saleta) um estandarte que representasse o grupo. Então imaginamos aquele estandarte, e havia uma freira dominicana francesa que pintava muito bem e era simpática a nós, e pedimos a ela que pintasse o modelo daquele estandarte. Com base no modelo daquele estandarte, pedimos a uma senhora que costurasse, e ela fez aquele estandarte que está lá. Está desfigurado, a poluição passou sobre ele, ele não é senão um resto. Muitas pessoas me recomendaram queimar esse estandarte, mas eu me recusei tenazmente, porque é o primeiro estandarte"
(Reunião Santo do Dia, 4 de Janeiro de 1986). 

Como Dr. Plinio diz em um livro de relatos autobiográficos, o aluguel da sede da Martim Francisco tinha a intenção de salvar ao Grupo um lugar de reunião, quando viesse a perda da direção do Jornal "O Legionário". Esta veio, como acima mencionado, em dezembro de 1947, quatro meses antes da nomeação de Dom Mayer para bispo.

(Minha Vida Pública, Parte V, Cap. XIII, 1, 2. Link: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/Minha_Vida_publica/MVP_08_Dom_Jose_Gaspar_e_Dom_Carlos_Carmelo.htm#_ftnref307).






Nota de luto de falecimento da Madre Letícia, assim como foto desta com D. Mayer e o Prof. Pinio confirmam a originalidade do Leão Rompante, ao provar a simpatia de outras pessoas de vida religiosa pela TFP
"A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade tem o pesar de comunicar o faleci­mento [2-5-1974], aos 74 anos de idade, de sua sócia honorária, Revda. Madre Ma­ria Letícia da Virgem Misericordiosa, no século Maria Julieta da Gama Cerqueira.

Descendente de ilustre e tradicional estirpe mineira, a Revda. Madre Le­tícia consagrou-se desde cedo à vida religiosa, ingressando na Congre­gação das Servas do Espírito Santo, em Juiz de Fora (...).

A Revda. Madre Letícia foi, des­de as primeiras horas, ardorosa sim­patizante da TFP, à qual dispensou continuamente o apoio de seus enco­rajamentos, preces e sacrifícios. Sen­tindo-se mortalmente doente, pediu que seu corpo fosse inumado em ja­zigo da entidade (...).

A assembléia geral desta entidade atribuiu à Revda. Madre Letícia, post mortem, o título de sócia.

Anteontem e ontem os estandartes da Sociedade estiveram hasteados com tarja negra, em luto pelo falecimento da ilustre e benemérita Religiosa"

(Catolicismo, N.° 281, Maio de 1974. Link: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/MAN%20-%2019740502_LutoporMadreLeticia.htm)









Funda, mediante solicitação de Dr. Plinio, a Revista Catolicismo. "Era o antigo Legionário aparecendo com outro nome", ou seja, o antigo jornal do "Grupo do Plinio". Dom Mayer podia escrever o que quisesse ali, como autoridade episcopal

Dr. Plinio no livro que contém seus relatos auto-biográficos:

"Daí veio a idéia de lançarmos um jornal e começarmos a expandi-lo pelo Brasil afora.


Dom Mayer, mediante solicitação nossa, fundou o mensário Catolicismo, que ele nos entregou para dirigir e constituir o corpo de redatores. Era o Legionário aparecendo sob outro nome e sustentando posições absolutamente idênticas. Era editado em Campos e impresso em São Paulo"

("Minha Vida Pública", 2015, 
Parte IV, Cap.III, 2).

 

Dom Mayer celebrando missa tridentina no auditório S. Miguel (data provável entre 1970's-começo dos 1980's). Vê-se a roupa de cavaleiro, tipicamente masculina, usada pelos eremitas de S. Bento (membros de casas de estudo da TFP) com a capa vermelha da TFP no ombro mantida pelo Leão Rompante.

Suas cartas pastorais são divulgadas pela TFP, o que fez sua fama no Brasil todo


Segundo livro da história da TFP publicado em 1988, até aquele ano a Carta Pastoral sobre os Cursilhos de Cristandade, de D. Antonio de Castro Mayer, "mobilizou 120 sócios e cooperadores que, agrupados em treze caravanas, percorreram, de dezembro de 1972 a março de 1973, 1238 cidades dos mais diversos pontos do País.

Três edições consecutivas da Pastoral (21 mil exemplares) esgotaram-se rapidamente, bem como quatro tiragens sucessivas (72 mil exemplares) do nº 264 de “Catolicismo”, o qual estampava o texto integral do documento. Assim, 93 mil exemplares da Pastoral foram vendidos em todo o Brasil.

Já a Carta Pastoral "Pelo casamento indissolúvel" foi divulgada pela TFP conseguindo "duas edições, num total de cem mil exemplares", que "se escoaram em um mês de campanha".

(
Um homem, uma obra, uma gesta – Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira, Cap. III, 1988).






Novamente, Dr. Plinio solicita o nome e autoridade do bispo de Campos para assinar o best-seller: "Reforma Agrária: questão de consciência". D. Mayer só revisou e assinou, assim como D. Sigaud

"Em 10 de Novembro de 1960, um grande manifesto, publicado na primeira página dos mais importantes jornais do Brasil anunciava o lançamento do livro de Plinio Corrêa de Oliveira: "Reforma Agrária, Questão de Consciência". A primeira parte da obra devia-se ao próprio Prof. Plinio, que submeteu o texto à apreciação de D. António de Castro Mayer e a D. Geraldo de Proença Sigaud, respectivamente Bispos de Campos e de Jacarezinho, a fim de que o examinassem do ponto de vista teológico e o assinassem juntamente com ele. Ao economista Luiz Mendonça de Freitas devia-se a segunda parte da obra, de natureza estritamente técnica". A obra obteve 10 edições em 6 países e 40 mil exemplares"

("O Cruzado do Século XX: Plinio Corrêa de Oliveira", Roberto de Mattei,
Cap.V, 4).

 







- APÓS O CONCÍLIO VATICANO II – 




Assinou os documentos progressistas do Concílio Vaticano II, não apoiando as estratégias de Dr. Plinio

Conta o bispo lefebvrista Tissier de Mallerais, tentando abafar a situação: 

“A adesão de Mons. Lefebvre e de Mons. Castro Mayer ficou oficialmente registrada nas Acta do Concílio. Se, posteriormente, Mons. Lefebvre afirmou várias vezes não ter assinado a liberdade religiosa nem a Gaudium et Spes, fê-lo impelido pela lógica da sua anterior e posterior oposição à promulgação da liberdade religiosa, enganado pela sua memória ou por algum erro.”

(
Mons. Marcel Lefebvre. Una vita, tr. It Tabula Fati, Chieti, 2005 pp. 359-360, pp.357-360).

Como já vimos, Dr. Plinio não só profetizou a tragédia conciliar, mas tentou persuadir os bispos amigos, D. Mayer e D. Sigaud, a saírem do Concílio com uma estratégia que teria mudado a história da Igreja, o que estes prelados não fizeram.

 





Defende que se viva os decretos do Concílio Vaticano II, e sustenta que estes darão vigoroso impulso ao apostolado leigo. E, para desgosto de Dr. Plinio, faz tudo isso na Revista Catolicismo

Por mais que Dr. Plinio seja a cabeça de "Catolicismo", não se podia negar um artigo que D. Mayer resolvesse publicar, já que este era o encarregado eclesiástico do mensário. Já refutamos antes todas as tentativas de fazer crer que Dr. Plinio foi favorável ao Concílio, antes, durante ou depois

"Felicitamos, portanto, todos os nossos dedicados colaboradores que, de modos os mais variados, contribuem para manter nosso mensário, e os exortamos a prosseguir no caminho traçado, agora ainda com mais ardor, quando chega o tempo de realizarmos na vida prática os decretos do II Concílio Vaticano, para a glória de Deus, esplendor de sua misericordiosa revelação, grandeza de sua Igreja e salvação eterna de seus filhos"

(
"Catolicismo completa quinze anos de vida". Revista Catolicismo, Janeiro de 1966. Grifos nossos. Link: http://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0181-182/P02-03.html).


 





Passa a criticar o Concílio e suas partes heterodoxas, obviamente por influência de Dr. Plinio, dado a proximidade, o intercâmbio mútuo e o fato de que este sempre foi crítico do evento

Até no máximo outubro de 1973, o Bispo de Campos já entendia os problemas no Concílio, por causa da carta a Paulo VI transcrita a seguir (foi datada de janeiro de 1974). Em algum ponto entre 1966 e essa data Dom Mayer mudou de opinião.

 



Apoia e divulga livro do então membro da TFP (Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira) sobre o problema da missa nova

"Campos, 25 de janeiro de 1974

Beatíssimo Padre

Prostrado respeitosamente aos pés de Vossa Santidade, peço vênia para submeter-lhe à consideração os estudos que seguem com a presente carta.

O envio destes estudos é feito em obediência à ordem de Vossa Santidade transmitida por carta do Eminentíssimo Cardeal D. Sebastião Baggio ao Eminentíssimo Cardeal D. Vicente Scherer, da qual este último me deu ciência oralmente (...).

Em 15 de outubro último, tive a honra de escrever a Vossa Santidade, afirmando meu filial acatamento a tais ordens.

Entre estas, estava a de que, dada a eventualidade de “em consciência não estar eu de acordo” com “atos do atual Magistério Ordinário da Igreja”, “manifestasse livremente à Santa Sé” meu parecer. É o que faço com toda a reverência devida ao Augusto Vigário de Jesus Cristo, ao entregar a Vossa Santidade os três estudos anexos. (...)

3. Sobre o novo “Ordo Missae”.
(Esse último de autoria do advogado Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira, a cujo conteúdo me associo). (...).

Suplicando queira Vossa Santidade conceder-me, como à minha Diocese, o precioso benefício da Bênção Apostólica, sou de

Vossa Santidade
Filho humilde e obediente.
+ Antônio de Castro Mayer
Bispo de Campos

(Visto em setembro de 2018. Link: http://www.arnaldoxavierdasilveira.com/)
.

 




Encontra-se com João Paulo II por volta de 1981. Volta dizendo que é "o Papa do Reino de Maria"
Conforme testemunham membros da TFP daquela época, em auditório da associação, o Bispo voltou de Roma falando que se encontrou com o "Papa do Reino de Maria". Algo que não se duvida quando se analisa as faces na foto acima: D. Mayer e Pe. Rifan parecem encantados com João Paulo II. Como era de se esperar, sabe-se pelos mesmos testemunhos que Dr. Plinio não acreditou nem um pouco nas palavras de seu amigo Bispo.




 


- DO ROMPIMENTO COM O PROF. PLINIO 
ATÉ SUA EXCOMUNHÃO E FIM -




Depois de 40 anos de união, em 1983, rompe com a TFP acusando-a de seita herética e anticlerical

Em carta publicada posteriormente em Jornal, o Bispo de Campos reclama do "anticlericalismo" da TFP, que a faz ser "uma seita herética", embora tenha sido sagrado bispo por apoiar o livro de Dr. Plinio que defendia precisamente a hierarquia eclesiástica contra o igualitarismo anti-hierárquico em 1943.

(J
ornal campista Folha de Manhã em 1991, sendo o texto original datado de 1984. Tradução da versão de Le Sel de la Terre, nº 28, de 1999, pelo site "Fratres in Unum", que depois o retirou do site, mas até a publicação deste artigo não afirmou discordar da carta).

Em outra carta particular, criticou a ortodoxia da TFP sobre o culto particular, e recebeu resposta da TFP, por ter sido a carta publicada por O. Fedeli quando este passou a atacar Dr. Plinio e sua obra, na qualidade de ex-membro.

(
"Refutação da TFP a uma investida Frustra vol.1: Três cartas - Átila Sinke Guimarães". Parecer canônico do Pe. Victorino Rodríguez, O. P. - 1984).

 





Junta-se a D. Lefebvre e rompe com João Paulo II e a hierarquia eclesiástica, sagrando bispos e tendo sua excomunhão automática ratificada pelo "Papa do Reino de Maria", em suas palavras antigas

Notoriamente, no ano de 1988, é co-sagrante nas sagrações de Êcone, Suiça, onde quatro padres da FSSPX viraram bispos contra a autoridade Papal que, como autoridade monárquica, é legisladora e ao mesmo tempo a fiel intérprete do Código de Direito Canônico (segundo o próprio CDC).

Depois das sagrações os defensores desta disseram estar amparados por interpretação própria, alegando "estado de necessidade" ou "a salvação das almas é a lei suprema", conceito até então aplicado por teólogos somente para sacramentos "in articulo mortis", quando visam restituir a condição essencial para a salvação, isto é, a vida de graça nas almas mortas pelo pecado. Nessa condição, até um leigo pode batizar, e um padre a-católico pode conferir extrema unção.

 





Desencanta com D. Marcel Lefebvre por causa do maurrasianismo sectário e vai fundar seu grupo com os chamados "padres de Campos", hoje conhecida como Adm. Apostólica S. João Maria Vianney

Há outras provas, mas basta o relato de Orlando Fedeli, que é insuspeito, pois foi adversário da TFP, rompendo com esta após 30 anos: 

"Conhecemos, de longa data, --e muito -- a Fraternidade Sacerdotal São João Maria Vianey, agora reconhecida pela Santa Sé como Administração Apostólica.

Fomos amigos de Dom Mayer, e, durante muitos anos, cooperamos com os "Padres de Dom Mayer", como eram chamados.

Eram Padres simples, sem muita formação doutrinária e com um apostolado mais sentimental do que doutrinário.

Eles se envolveram com a Fraternidade Sacerdotal São Pio X de Dom Lefebvre. Dom Mayer, apesar de apoiar Dom Lefebvre, não quis unir-se oficialmente aos Lefrevistas, pois sabia de certas tendências nacionalistas e Maurrasianas que havia lá. Mas os apoiou na questão da defesa da Missa Tridentina"

(Carta "Administração Apostólica S. João Maria Vianey, de Campos", de 02/06/2003. 
Link: http://www.montfort.org.br/bra/cartas/polemicas/20040820234404/).






Dom Corso, bispo ligado a Roma em Campos, 1995, envia carta para bispo da Espanha acusando Dom Mayer de "subserviência" à Plinio Corrêa de Oliveira, ou seja, punha a culpa do então cisma de Dom Mayer e seus padres de Campos na TFP. A TFP espanhola responde.

"Ao afirmar uma acusação tão grave como a "subserviência" de um bispo, com a inteligência e cultura de D. Mayer, a um leigo, o Prof. Plinio, D. João Corso coloca-se em franca contradição com os fatos históricos.

Ao longo dos 33 anos em que D. Mayer foi bispo de Campos (1948-1983), ao mesmo tempo que colaborava com o Prof. Plinio e com a TFP na luta ideológica contra o comunismo, o socialismo e o progressismo, o prelado mantinha o governo da sua diocese ciosamente independente.

Em certo momento, D. Mayer decidiu esfriar suas relações com o Prof. Plinio e aproximar-se cada vez mais de D. Lefebvre, cujas orientações passou a seguir, conjuntamente com a maioria do clero diocesano que lhe era fiel. Nem o Prof. Plinio, nem ninguém da TFP pôde impedi-lo de seguir essa trajetória que terminaria por acarretar a excomunhão. Prova de que nula a influência da TFP nos assuntos estritamente eclesiásticos de Campos.

Onde está a "subserviência", ou servilismo ao Prof. Plinio? Um servilismo que se converteu em discrepância doutrinária... (....)

É significativo que, numa conversa entre D. Mayer e o Prof. Plinio, o primeiro, em determinado momento, disse que D. Lefebvre poderia sagrar alguns bispos, ainda que sem licença da Santa Sé, dando a entender que ele, Dom Mayer, o seguiria. O Prof. Plinio respondeu cortesmente que para entrar em ruptura com a Santa Sé não contasse com seu apoio, pois ele sempre se manteria fiel à Cátedra de Pedro."

Antes, a carta reiterava na página 22: "Sirva de exemplo a posição de fidelidade e comunhão com o Santo Padre adotada por todas as TFP's, sem nenhuma exceção, em relação ao cisma mayer-lefebvrista, ao contrário da adesão ao referido cisma de muitos dos detratores da entidade".

(Grifos nossos. Pg. 41 e 43 de "TFP-Covadonga refuta a falaciosa carta do senhor Bispo de Campos (RJ), D. João Corso". Link: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/GES_9508_resposta_a_dom_Corso.htm)







Morre e poucos anos depois, este grupo de padres de Campos sai do cisma (Deo Gratias!)

O Pe. Rifan foi o articulador da volta para a Igreja, em nome de D. Licínio Rangel, sucessor de D. Mayer. Posteriormente, o Pe. Rifan, sucedendo D. Licínio como bispo e líder da União Sacerdotal S. João Maria Vianney, agora não mais cismática, passa a ter uma posição bi-ritualista e favorável ao Concílio Vaticano II. Tais fatos não exigem provas, pois são notórios a todo tradicionalista. Embora críticas possam ter havido sobre a forma de volta à Igreja dos padres de Campos, o fato é que "fora da Igreja não há salvação".

Infelizmente, ninguém lembra da obra de Dom Mayer após o rompimento com o Prof. Plinio. Contudo, muitos inimigos deste gostam de exaltar a vida passada daquele como se suas pastorais tivessem criado pernas, tomado kombis e instrumentos de fanfarra e ido sozinhas aos quatro cantos do país.  

 




Triste fim: sequer é citado no documento de "levantamento" da excomunhão dos bispos que sagrou conjuntamente com D. Lefebvre, o que refuta a tese de que o levantamento foi um "mea culpa" do Vaticano

Por fim, no decreto do Cardeal Giovanni Re da Congregação dos Bispos, feito com aval de Bento XVI, sequer são mencionados D. Marcel Lefebvre e D. Antônio de Castro Mayer, ou seja, não há afirmação alguma de que foram excomungados injustamente como alguns dizem ter visto no documento. 

Então, qual era a intenção do "levantamento"? 

O decreto deixa claro: "Espera-se que este passo seja seguido pela solícita realização da plena comunhão com a Igreja de toda a Fraternidade São Pio X"*.

Sabendo que também os cismáticos russos são considerados fora da "comunhão plena" pelo mesmo Papa Bento XVI, o qual até lamentou as excomunhões passadas e disse que amava a igreja destes (o que não disse aos lefebvristas) entende-se claramente como o conceito é uma palavra-talismã em prol do ecumenismo: não se fala mais de "cismático", mas de "sem plena comunhão", assim como não se fala de herege, mas "irmão separado". Em suma, o levantamento é um ato simbólico ecumênico onde se "desexcomunga" para dizer em seguida, nos termos ecumênicos, que continua excomungado. 

A intenção não se julga, mas a consequência é clara: confusão na Igreja, fama de conservador ao então Papa alemão, e como o progressismo não acredita mais no pecado de communicatio in sacris, aumento dos casos de sacrilégios no mundo. 

Além disso, o ato simbólico verifica-se já no começo do decreto, onde se diz que o então superior dos bispos da FSSPX pediu o levantamento da excomunhão, como se o mesmo acreditasse que realmente estava excomungado. 

Se o pedido é verídico ou não, o certo é que na visão do superior da Fraternidade, ao invés disso, devia-se pedir o reconhecimento da excomunhão como inválida e injusta desde o princípio. Um lefebvrista deveria responder se crê que Dom Fellay acreditava na sua excomunhão, e consequentemente na dos bispos sagrantes, dado que pediu o levantamento destas todas.


*Link: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cbishops/documents/rc_con_cbishops_doc_20090121_remissione-scomunica_po.html


Veja mais sobre comungar em Igreja fora da comunhão com Roma: É lícito receber de a-católicos sacramentos, sacramentais ou ir ao culto deles em algum caso? Communicatio in Sacris ativa






-> CONCLUSÃO

Esta lista de problemas e fatos de D. Mayer, dentro do contexto histórico atual, deve ser suficiente para que algum católico admirador do prelado veja que é o caminho a ser seguido é a Tradição da Santa Igreja. 

E a Tradição da Santa Igreja inclui a Tradição da comunhão com a hierarquia que Nosso Senhor Jesus Cristo deixou na terra, unida em vínculo de caridade ao sucessor do Príncipe dos Apóstolos. Não abandonemos essa hierarquia por ela estar desfigurada, tal como as santas mulheres não abandonaram Cristo Crucificado porque estava desfigurado, caminhando ao Calvário.

Rezemos para que todos que têm boa vontade e são admiradores de D. Mayer se curvem diante de Nossa Senhora Co-Redentora, e façam assim que tantos outros se curvem também, entre os quais estaremos nós, em ação de graças por isso e pedindo perdão pelos nossos pecados.