Dr. Plinio nunca mudou de posição ou foi favorável ao Concílio Vaticano II. Respondendo objeções a isso tiradas de textos do próprio

Atuação da TFP e de Dr. Plinio no Concílio Vaticano II. Um profeta no Concílio

Dr. Plinio profetiza a tragédia do Concílio Vaticano II


Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte 2, 3a edição, Cap. III, 2)". 

Continuando os artigos anteriores.

OBJEÇÕES SOBRE A CONTINUIDADE DA POSIÇÃO DE DR. PLINIO SOBRE O CONCÍLIO

Foram e são levantadas objeções, dentre os progressistas e os que não querem crer que Dr. Plinio foi profeta, firme e coerente em sua posição contra o Concílio desde o começo do evento até o fim de seus dias. Daí a necessidade de refutá-las, por terem aparência de verdade para quem desconhece interpretação de texto e a história do eminente católico.

1 - "Este risco [falso ecumenismo] não esteve ausente das preocupações do II Concílio Ecumênico do Vaticano, o qual dispôs que a tarefa de conhecer melhor o pensamento dos irmãos separados e de lhes apresentar de modo mais conveniente a nossa Fé, através de reuniões em que se trate sobretudo de questões teológicas, não toque a quaisquer católicos, mas tão somente a “pessoas verdadeiramente competentes”, sob a vigilância dos Bispos (cf. Decreto conciliar “De Oecumenismo”, de 21 de novembro de 1964, n.° 9 – AAS, vol. LVII, n.° 1, p. 98). Claro está que por “pessoas verdadeiramente competentes” se entende as que têm não só estudos bastante seguros para que possam resistir ilesas aos sofismas da heresia, como ainda o suficiente vigor na virtude teologal da Fé" [1].

Dizer que "este risco [falso ecumenismo] não esteve ausente das preocupações do II Concílio Ecumênico do Vaticano" não é dizer que a ortodoxia sobre o ecumenismo esteve presente no Concílio, mas que esteve presente somente a preocupação. Em seguida, onde é dito que o documento teve uma posição boa, podemos falar que salientar um aspecto correto do documento não é elogiar o documento inteiro.

Além disso, Dr. Plinio fala em "irmãos separados", tendo demonstrado antes nesse livro que a palavra não é errada intrinsecamente, mas com o progressismo vem sendo utilizada como "palavra-talismã" dentro da estratégia revolucionária para mudar o significado da mesma, e aposentar as palavras "herege" e "cismático". Recomendamos a leitura do trecho do livro para saber mais.

2 - "Convém distinguir desde logo duas formas de ecumenismo. Uma procura – com o fim de encaminhar as almas ao único redil do único Pastor – reduzir quanto possível as discussões puras e simples e as polêmicas, em favor da discussão-diálogo e das outras formas de interlocução. Tal ecumenismo tem ampla base em numerosos documentos pontifícios, especialmente de João XXIII e Paulo VI. Mas outra modalidade de ecumenismo vai além, e procura extirpar das relações da Religião Católica com as outras religiões todo e qualquer caráter militante (cf. nota 21, deste capítulo)" [2].

Ele sequer cita documentos do Concílio aqui, mas “numerosos documentos pontifícios” que poderiam ser um conjunto de várias homilias, por exemplo. Isso é evidente, pelo mesmo trecho, onde Dr. Plinio cita uma nota no mesmo livro, a nota 21, que nos fala um dos documentos pontifícios aludidos: uma exortação de Paulo VI.

3 - "Outra manifestação da universalidade da Igreja foi dada pelo Sínodo sagrado, aos olhos da humanidade enlevada. Pode-se dizer que, na pessoa de seus Bispos, todos os povos da terra ali estiveram presentes. A Igreja deu assim o testemunho de que, em meio a dificuldades sem conta, cumpria gloriosamente o divino mandato de anunciar o Evangelho a todas as nações (cf. Mat. 28, 19). Aos pés da cátedra de São Pedro, em torno do Santo Padre Paulo VI, reuniram-se em uma imensa Epifânia todas as gentes. E a este título a sagrada Assembléia convocada num gesto imortal por João XXIII, e orientada por Paulo VI com tanta e tão contínua solicitude, foi para a Igreja uma manifestação de prestígio que ficará registrada nos fastos da humanidade até o fim do mundo (...). A obra realizada pelo Concílio é por demais vasta e rica em aspectos, para que dela se possa dar uma visão de conjunto num artigo de jornal. Não sabemos se todo um livro bastaria para o fazer" [3].

Não há neste trecho afirmação de que o Concílio proclamou a doutrina correta. Não há neste trecho afirmação de que o Concílio teve bons frutos. O que ele destaca é “uma das características do Concílio, isto é, o prodigioso interesse que ele suscitou em todos os recantos da terra e em todos os setores da opinião pública”. Por isso cita a “surpreendente manifestação da universalidade sobrenatural da Santa Igreja”, e no trecho acima: “Outra manifestação da universalidade da Igreja foi dada pelo Sínodo sagrado”, “foi para a Igreja uma manifestação de prestígio“. 

Evidente: a presença de todos os povos da terra, presentes “na pessoa de seus Bispos”, foi o testemunho da universalidade da Igreja, por isso ele diz: “na pessoa de seus Bispos, todos os povos da terra ali estiveram presentes. A Igreja deu assim o testemunho de que, em meio a dificuldades sem conta, cumpria gloriosamente o divino mandato de anunciar o Evangelho a todas as nações”. Veja que ele não diz: “A Igreja deu nos documentos conciliares o testemunho de que, em meio a dificuldades sem conta, cumpria gloriosamente o divino mandato de anunciar o Evangelho a todas as nações”.

“A obra realizada pelo Concílio é por demais vasta e rica em aspectos, para que dela se possa dar uma visão de conjunto num artigo de jornal”.

Evidentemente são muitos aspectos, isto é, ela é rica em aspectos, pode se dizer rica em aspectos heterodoxos também.

4 - “Como é natural, todos estes sentimentos de afeto e obediência sobem até a Pessoa Augusta e Sagrada do Santo Padre Paulo VI, gloriosamente reinante, e se estendem ao Sacrossanto Concílio Ecumênico Vaticano II, aos quais os membros do Conselho Nacional da TFP sempre respeitaram e firmemente desejam continuar a respeitar” [4].

Até o final da vida Dr. Plinio se disse obediente aos Papas, no entanto, nunca deixou de criticar o que havia de errado, e muitas vezes proclamava sua obediência filial ao Papa no meio dos manifestos da resistência. Ora, sobre isso tanto o progressista quanto o cismático pseudo-tradicionalista têm a mesma opinião, com a conclusão errada oposta: ambos pensam que obedecer é acatar toda palavra como verdadeira, mas um diz que por isso é preciso acatar tudo, outro que é preciso não ter obediência alguma, já que não se pode acatar doutrina errada.

CLIQUE: Plinio Corrêa de Oliveira e suas Profecias
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[1] "Baldeação ideológica inadvertida e diálogo", Catolicismo, nº. 178-179, nt. 9, de outubro-novembro de 1965 - Editora Vera Cruz Ltda., São Paulo, 2ª Edição, 1966, pg.35, nota 10
[2] Idem, pg.61
[3] Encerrado o Concílio: momento de importância transcendente na História da humanidade", Revista Catolicismo N.o 181-182 – Janeiro-fevereiro de 1966
[4] "Respeitosa defesa em face de um comunicado da Veneranda Comissão Central da Conferência Nacional dos bispos do Brasil", Revista "Catolicismo", n° 188, agosto de 1966 e publicado nos principais jornais do País no dia 23-7-1966