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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".
Anterior deste capítulo: Nosso Senhor profetiza a abominação da desolação no lugar santo, a crise na Igreja e castigos nunca antes vistos pela humanidade
Exegese sobre Noé e o Dilúvio como prefiguras do Castigo Mundial ou Bagarre, tendo por base as hipóteses das Eras do capítulo III. Subtítulos nossos e texto Sagrado em negrito. Comentários sem negrito depois.
- Antes do Dilúvio ou Castigo
"Porque assim como nos dias antes do dilúvio (os homens) estavam comendo, bebendo, casando-se e casando seus filhos, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não souberam nada até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também na vinda do Filho do Homem" S. Mateus XXIV, 38-39
Aqui distinguimos: a afeição pelas coisas materiais e o desconhecimento do fim dos tempos. Como a profecia de Nosso Senhor é por excelência a profecia mais perfeita, pois pertence ao livro inspirado por excelência e vem do homem por excelência (o homem-Deus), pelo princípio da beleza enunciado no capítulo I, ela deve conter mais do que uma relação unívoca profética, ou seja, simbolizar mais de uma época ao mesmo tempo. Portanto, tratamos "aqueles dias", na ordem das coisas que nos são próximos, como os dias de trevas já tratados em capítulos precedentes, pois as guerras e os rumores de guerras já estarão presentes, como Nosso Senhor afirma antes no mesmo capítulo do Evangelho. A afeição pelas coisas materiais, simbolizada pelo "comendo, bebendo, casando-se", entendemos como o materialismo como nunca igual houve na terra, com a luxúria completamente espalhada pela terra.
"Como sucedeu também no tempo de Lot; comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas, no dia em que Lot saiu de Sodoma, caiu fogo e enxofre do céu, que exterminou a todos. Assim será no dia em que manifestará o Filho do homem." S. Lucas, XVII, 28-29
Esse versículo parece fazer um paralelo Sodoma e Gomorra, cidades destruídas pela luxúria, com o tempo que interpretamos, o qual é análogo.
Paralelos entre a história de Noé e o Castigo Vindouro
A harmonia numérica presente na citação na figura de Noé se explica assim: Noé foi o décimo descendente de Adão, o que parece aludir às 10 pragas, que por sua vez representam os dez maiores castigos ao mundo de Moisés até o Anticristo, conforme falamos no capítulo III. Reforça essa análise da harmonia numérica o fato de que Enoch, o sétimo descendente de Adão, foi arrebatado para o paraíso terrestre, mas voltará na última Era prévia ao fim do mundo, a Era do Anticristo, que é a sétima, conforme defendido no capítulo III.
Lamec profetiza o destino de Noé em Gn V, 29: "este nos consolará nos trabalhos e nas fadigas das nossas mãos, neste terra que o Senhor amaldiçoou". Consolará nas coisas boas que fizemos, isto é, os trabalhos, e nas coisas más, isto é, as fadigas. Separação do joio do trigo. Esta terra amaldiçoada significa a terra com o pecado original, e também uma alusão às profecias de Enoch na epístola de São Judas Tadeu. Dentro dessa dimensão interpretativa em que estamos, esse gesto de Lamec é um paralelo a uma geração posterior que anunciará a missão de um "novo Noé", o que se confirma pelos tantos profetas católicos que falaram da vinda de apóstolos restauradores. Também se harmoniza numericamente com isso o fato de Noé ter tido três filhos, e serem três os apóstolos restauradores.
Outro paralelo interessante é o fato de que Noé com 500 anos gerou os filhos que haveria de salvar. Ora, na dimensão interpretativa em que estamos aplicando exegese isso se harmoniza, pois falamos da quinta Era, significada pelo número mais destacado na idade de Noé. A quinta Era, como temos argumentado, precede o grande Castigo que cairá sobre a terra. Noé gera três filhos, assim como três são as testemunhas prediletas nos tempos próximos, como temos dito. Na época de Nosso Senhor eram três os apóstolos preferidos: os santos Pedro, Tiago e João. Eles testemunharam a transfiguração do Senhor, ou seja, a cessação de um milagre, a Sua humanidade, e prova de poder sobre os vivos e os mortos (como diz S. Tomás), e por isso na transfiguração juntou a si Moisés, que havia morrido, e Elias, que tinha sido arrebatado ao paraíso terrestre, onde vivia. No dilúvio Mundial esse poder também foi mostrado, e no Castigo Mundial também o será.
Como temos argumentado desde o capítulo II, acreditamos que os três apóstolos serão o Papa Santo, o Grande Monarca e aquele que simbolizará a prefigura de S. João Apóstolo, pois terá o poder de interpretar os acontecimentos e ser testemunha do Papa Santo. No fim dos tempos serão três as testemunhas principais também: S. Elias, que voltará, S. Enoch, que também voltará do paraíso terrestre, e o próprio S. João Apóstolo, segundo muitos sustentam e o capítulo final de seu Evangelho parece indicar, embora crie mistério. A volta de S. João também é sustentada por alguns por causa da visão do Apocalipse, isto é, o panorama dos maiores lances históricos até o fim dos tempos e, segundo outros, para não permitir que a linhagem apostólica finde entre os vivos, sagrando S. Elias e S. Enoch como bispos.
Em Gn VI vemos a concupiscência entre os homens, pois viam que as mulheres eram formosas: estas eram as filhas dos homens, isto é, as mulheres da linhagem de Caim, que representa a cidade dos homens, ao contrário de Set, representante da Cidade de Deus (opinião de S. Agostinho na Cidade de Deus, Livro XV, Cap. 23). Esse mesmo Santo acrescenta que os gigantes que existiam antes dessa mistura, como a Escritura diz, quer dizer gigantes de belo porte e grandes. Essa formosura simboliza as grandes técnicas e conquistas que fazem o homem parecer gigante, porque o Santo Doutor sustenta que nem todos eram enormes. Na nossa sociedade prévia ao Castigo nem todos são altos ou belos também, mas há muitos prédios altos, veículos altos, isto é, as proporções são sempre gigantescas, dando a impressão de ser uma sociedade de gigantes, exatamente como a Sagrada Escritura diz. Santo Agostinho, na mesma obra, comenta que os cento e vinte anos de vida do homem (Gn VI, 3) foi o tempo que Deus estipulou até o dilúvio. Curiosamente, hoje quase ninguém chega a essa idade, ou seja, possui mais ou menos um sentido literal também.
Então, Deus diz para Noé guardar tudo que se possa comer, e colocar na Arca um casal de cada espécie. Aqui nos parece um paralelo com a nova Arca, pois tudo o que haverá anteriormente ainda restará, mas de uma maneira restaurada.
Por fim, ressaltamos que com 600 anos Noé entra na Arca, isto é, uma harmonia com o número 6, pois também o castigo, que faz parte da restauração, vem na sexta idade, simbolizada pelo número mais destacado do número 600. Outras interpretações com os números podem ser feitas: os quarenta dias de dilúvio podem simbolizar quarenta dias de Castigo, ou o tempo em que a Igreja, representada pela Arca, navega em um mundo em turbulência que é de ordem natural, ou o tempo em que a Igreja, representada pelo Santo Padre, não tem lugar fixo, como algumas profecias falam, conforme veremos no capítulo V. Os cento e cinquenta dias, nos quais se encontram os quarenta mais perigosos, serão os dias das águas ainda presentes (ou seja, o castigo que ainda se faz sentir), mas não mais tão bravas, isto é, castigadoras.
Passado esse tempo, a presença das águas pode representar a guerra mundial ou os seus efeitos, mas quando aparece o cume de um monte, o Ararat, a Arca/Igreja pára ali, pois assim como o céu, que está no alto, é vitorioso sobre o inferno, que está embaixo, a Igreja vencerá quando baixem as águas do Castigo, pois nesse momento a Arca, fora da qual não há salvação, estará no cume do monte Ararat.
Reforça essa interpretação Gn VIII que fala da aparição dos cumes dos montes no décimo mês, e da fixação da Arca/Igreja no monte Ararat 33 dias antes. Isso nos parece uma clara alusão à história da salvação: o povo de Deus antes era peregrino no mundo, como a Arca o era nas águas, e quando se fixa, fixa-se no alto, como a cruz de Cristo. Além disso, os outros cumes, simbolizados por santos de grande elevação e santidade que avistam a Arca, só aparecem 33 dias depois, símbolo dos 33 anos de Cristo. Assim, na idade perfeita de Nosso Senhor, paralelo numérico com a Era da plenitude da Civilização Cristã, aparecem os cumes dos montes, isto é, os cumes de santidades.
Então, quarenta dias depois Noé solta um corvo ao mundo. Esse não volta até a secura das águas, o que pode simbolizar a morte, que não pára de rondar o mundo até o fim completo da guerra. Ou pode simbolizar ainda outro castigo causador de mortes. E a pomba solta que o segue simboliza o Espírito Santo que emana da Igreja e volta, sem nunca sair, pois havia um par de pombas na Arca.
As três saídas da pomba representam o começo de uma Era: a primeira saída, a Era antiga que culminava na sexta com a vinda de Nosso Senhor, segundo nossa hipótese. A segunda saída, feita após 7 dias (ou 7 Eras), representa o começo da segunda grande Era, a Era Cristã que o Salvador abre. Esta engloba em si outras 7 Eras representadas pelos outros 7 dias de espera até a soltura da pomba que não mais volta, pois esse não retorno representa, nesta interpretação, o fim do ciclo das Eras. Harmoniza-se com isso o fato da pomba, na segunda volta, trazer o ramo de oliveira, símbolo da paixão de Nosso Senhor. No entanto, não sabemos dizer o que essas saídas simbolizam na dimensão interpretativa dos acontecimentos do Castigo Mundial e da restauração.
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Próximo deste capítulo: O Profeta Ezequiel vê a infiltração no clero, a abominação no templo, e o extermínio para todos que não tiverem a cruz do "tau"