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Fim da seção sobre a Crise na Igreja, epidemia de comentadores do Concílio Vaticano II e e ambiente na Igreja antes do Concílio



Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados" (volume III).

Sumário

1. Razão pela qual o OPC não noticiará mais o pontificado atual nem os anteriores
2. Fim desta seção sobre a crise na Igreja
3. Epidemia dos comentadores da crise na Igreja 
4. Antecedentes do CVII por quem estudou a fundo e citou fontes das mais distintas e dificilmente encontráveis, além de mostrar dom da narração
4.1. “A Igreja no tempo de Pio XII, Entre falsas reformas e verdadeiras Revoluções”
4.2. “A caminho do Concílio, João XXIII e os "sinais do sobrenatural" na Igreja”


- Razão pela qual o OPC não se focará mais no pontificado atual nem nos anteriores

Sem estipular uma hierarquia entre razões, primeiro se pode apontar a a impossibilidade de acompanhar tudo que o atual Pontificado (2024) de Francisco faz se não se dedica a vida exclusivamente a isso, o que também sempre rejeitamos.

Segundo, é preciso dizer que inúmeros trabalhos de não-cismáticos surgiram ao longo dos anos contrastando o atual Pontificado com palavras e atos de Santos e Pontífices do passado, dos quais se destaca o Blog “Denzinger-Bergoglio”, que existe em mais de uma língua e com pdf enorme compilando tais contrastes*.

Terceiro, pois como já era claro no nosso labor acerca das profecias e teologia da história no volume I, o cenário da Igreja só se tornou mais complicado. Quando uma situação se torna extremamente complexa e emaranhada, é comum atribuir a sua resolução unicamente à Ação Divina. Por isso, geralmente se diz que não há ateu quando o avião está caindo.

2. Fim desta seção sobre a crise na Igreja

A seção serviu para acordar a muitos acerca do que os últimos Pontificados fizeram em contraste com a doutrina católica que compilamos, mas sem aparentar propor uma solução cismática (sedevacantista ou não) e sem perder o decoro e a veneração que é devida aos Sucessores de S. Pedro em Roma. 

Infelizmente, no início faltou a devida reverência e muitas vezes a ignorância técnica do domínio da língua passou até a impressão de cisma, pelo menos implícito.

Então, como último artigo da seção “Crise na Igreja”, eis aqui a lacuna faltante (ou melhor, compilado de trechos de livro de árdua e longa pesquisa), sobre o cenário anterior ao Concílio Vaticano II. 

É com desprendimento que se faz isso, pois havíamos compilado gestos de menoscabo Pontifical ao sacramento do Matrimônio, e também trechos provando a negação implícita da proclamação da Co-Rendenção de Maria, algo que fora solicitado aos padres do Concílio**.

Nosso trabalho online no OPC ruma ao fim, pois urge a prática mais do que qualquer apontamento de problema. Ninguém acredita em nutricionista gordo, e do mesmo modo não é digno de atenção quem crê em algo danoso e não faz nada de prático para mitiga-lo. Como diriam os manuais medievais antigos, deve-se evitar “o sábio sem obras”. 

Enfim, em termos contra-revolucionários, passou o tempo de olhar ideias e tendências e partir para os fatos.


3. Epidemia dos comentadores da crise na Igreja

A epidemia de comentadores sobre o Concílio Vaticano II desestimula a abordagem do mesmo tema, e o faz paradoxalmente. Quando há uma epidemia de gente a falar de algo, isso mesmo perde importância social, pois um a mais soa como mais uma voz no meio do vozerio geral. Aqui entra a importância de contornar tais situações na prática, que é o modo mais perfeito pelo qual se alguém se mostra verdadeiramente ciente do problema. Mas o contorno prático desse problema, de modo a tornar o grave quadro epidêmico de comentadores da crise na Igreja acólito da solução, foge do escopo deste projeto. 

Assim, além da iniciativa explanada em 1, eis uma pá de cal no tema “Concílio Vaticano II” com trechos do embasado livro de Roberto de Mattei (“Concílio Vaticano II, Uma história nunca escrita”, Caminhos Romanos), o qual parece o mais bem documentado para o fim de explicar a situação da Igreja antes de João XXIII, principalmente com Pio XII (1939-1958) e até bem o início do Pontificado de João XXIII (1958-1964). A título de exemplo, um só capítulo do livro de De Mattei possui mais de 200 fontes citadas, muitos insuspeitas. Além da narração apropriada ao evento, a obra é sem dúvida um genuíno trabalho de historiador, digno da inveja alheia como não raras vezes é alvo.

Retiramos as citações que não são pertinentes ao fim deste artigo, indicando a obtenção do mesmo livro para um estudo mais aprofundado. Editamos também em parágrafos separados para que este apanhado ficasse mais compreensível.

4. Antecedentes do CVII por quem estudou a fundo e citou fontes diversas

4.1. "I. A Igreja no tempo de Pio XII, p. 85-87"

"9. Entre falsas reformas e verdadeiras Revoluções

(...)

Não faltava na Igreja a solidez da doutrina: o Magistério de Pio XII constituía um corpus enciclopédico, que abarcava todos os campos da fé e da moral (...). O Papa Pacelli tinha dado o seu impulso à redação de uma Enciclopédia Católica que recolhia contributos dos melhores especialistas, oferecendo uma suma de doutrina e de informação que a fazia ombrear com o grande Dictionnaire de Théologie Catholique [290]. Por sua vez, o esplendor das cerimônias conferia a esta doutrina - difundida pelo mundo a partir da Cátedra de Pedro - um brilho nunca até então conhecido. Quando ressoavam pelas naves de São Pedro os cânticos da liturgia segundo o Rito Romano antigo, e o Papa, abençoando, avançava pela basílica entre os flabelos, sobre a cadeira gestatória, escoltado pelos membros da guarda nobre nos seus uniformes encarnados, a imaginação era acometida pelo espetáculo da beleza e da verdade.

Contudo, e como vimos, eram muitos os erros que serpenteavam no interior da Igreja. Durante o pontificado de Pio X, o modernismo tinha sido dominado, mas continuava a correr, qual rio cársico, no interior do corpo eclesial. Os movimentos de reforma bíblica, litúrgica, filosófica e ecuménica, desenvolvidos a partir dos anos 20, constituíam uma rede subterrânea que fermentava no subsolo.

Nos anos que se seguiram à II Guerra Mundial, e após a tragédia que esta acarretou, começou a difundir-se um espírito de materialismo hedonista que também penetrou na Igreja. Depois de tantos sofrimentos, abria caminho na mente de alguns homens da Igreja a ilusão de que tinha chegado o momento de abandonar a Cruz, que era já carregada há demasiado tempo, e de encontrar alívio nas palavras de paz e de bem-estar proferidas pelo mundo. A ilusão de poder realizar uma sociedade terrena, inspirada nos valores do mundo, foi a principal tentação que se apresentou ao clero dos anos 50, enquanto o pontificado de Pio XII chegava ao seu termo. Por outro lado, mesmo quando reafirmavam os princípios tradicionais da fé e da moral, nem sempre os pastores da Igreja conformavam a sua vida com estes princípios. A Igreja tinha necessidade de coerência entre a integridade da sua doutrina e a santidade dos seus membros, a começar pela própria hierarquia. Era evidentemente necessário condenar os erros; mas era igualmente necessário chamar as almas à penitência, à oração, à frequência dos sacramentos, à devoção à Virgem Maria. Desta situação estavam cientes as almas mais devotas, como se toma manifesto na correspondência que mantiveram durante estes anos dois religiosos que estão hoje nos altares: o Padre Giovanni Calabria [291], fundador dos Pobres Servos da Divina Providência, e o Cardeal Ildefonso Schuster [292], arcebispo de Milão. «Há anos que ouço repercutir-se, com crescente insistência, no fundo do meu coração, o lamento de Jesus: a Minha Igreja!», escrevia o Padre Calabria ao Cardeal [293]. Por seu turno, quando, em 1953, Nossa Senhora chorou em Siracusa, o arcebispo de Milão comentou: “Também a Santíssima Virgem chora por causa dos males da Igreja e do castigo que impende sobre o mundo.” [294].

Já São Giovanni Calabria afirmava-se convencido de que: 

"O clero do nosso tempo é chamado a exercer uma poderosa influência sobre os povos, a dar início a uma nova obra de civilização espiritual, intelectual e moral. Tudo isto exige abnegação, heroísmo, santidade; sofrer pela justiça; mas foi precisamente para isto que fomos chamados às fileiras de Deus, in sortem Domini vocati. Nós, os sacerdotes, ou somos santos e podemos salvar o mundo; ou somos maus e podemos arruiná-lo por séculos sem fim. Quem deu o cristianismo ao mundo? O heroísmo dos pontífices, dos bispos, dos sacerdotes santos. Quem lacerou as vestes da Igreja? Ário, Fócio, Lutero. "O Teu povo e os chefes dos sacerdotes entregaram-Te a mim" (Jo 18, 35), disse Pilatos a Jesus. É uma frase que faz tremer. (...)" (CALABRIA, Apostolica vivendi forma, Regnum Dei Editrice, Verona, 1958, pp.61, 113)

(...)”

4.2. "A caminho do Concílio, pgs.109-110, pgs.112-113 e pgs.114-115"

"5. João XXIII e os "sinais do sobrenatural" na Igreja

a) «Fátima não diz respeito aos anos do meu pontificado»

João XXIII passou o mês de Agosto de 1959 em Castelgandolfo. Aí, no dia 17 - segundo o testemunho do seu secretário, Capovilla, presente ao acontecimento [94], o Papa recebeu das mãos do Padre Paul Philippe [95], comissário do Santo Ofício, o sobrescrito que continha o terceiro segredo de Fátima. «Disse que o tinha aberto e lido, na presença do seu confessor, Mons. Cavagna [96], na sexta-feira seguinte [21 de Agosto, n. do a.], ou seja, sem pressa. Leu a memória, mas, como o texto lhe parecesse em alguns pontos difícil de decifrar devido às locuções dialectais portuguesas, mandou-o traduzir por Mons. Paulo Tavares [97], minutador da Secretaria de Estado (e posteriormente bispo de Macau). Eu estava presente. Tiveram conhecimento dele os chefes da Secretaria de Estado e do Santo Oficio, para além de outras pessoas, como por exemplo o Cardeal Agagianian.” [98] (Giovanni XXI/I nel ricorrio del Segretario Loris F. Capovilla, cit., p. 115). (...)

Em 1960, aguardava-se a revelação desta última parte, que a Santa Sé apenas tomou pública a 26 de Junho de 2000. Nos Estados Unidos, a Blue Army tinha lançado uma intensa campanha centrada no Terceiro Segredo, e era grande a expectativa da opinião pública e dos meios de comunicação relativamente a este evento.

O mundo atravessava um momento histórico muito difícil. O anúncio de João XXIII - de querer reunir os bispos do mundo inteiro num Concílio- fora precedido, poucas semanas antes, pela entrada em Havana das tropas de Fidel Castro. A Revolução Cubana tinha confirmado a existência de um plano de expansão mundial do imperialismo comunista.  Menos de três anos depois, com a crise que se instalou entre os Estados Unidos e a União Soviética na sequência da decisão tomada pelo Kremlin de instalar mísseis em Cuba, o mundo viria a estar à beira de uma guerra nuclear. A quem professava um injustificado optimismo no curso dos eventos históricos, a mensagem de Fátima recordava a tragédia do momento e indicava o caminho para lhe fazer face. Mas a leitura do texto não abalou João XXIII, que se limitou a ditar a Mons. Capovilla uma nota atestando que «o Papa tinha tomado conhecimento do conteúdo e remetia para outros - para o seu sucessor? - a incumbência de se pronunciarem sobre ele» [104]. O Padre Alonso, grande especialista em Fátima, informado do facto talvez por algum dos presentes em Castelgandolfo, conta que, depois de ter lido a mensagem, o Papa terá comentado: «Não diz respeito aos anos do meu pontificado.» [105]. A indicação das autoridades eclesiásticas foi transmitida pelo Padre Giovanni Caprile na Cività Cattolica: “Nem terrores, nem alarmismos, nem "sensacionalismo ", nem curiosidade mórbida.” [106]. As razões pelas quais o Papa Roncalli decidiu adiar a difusão do texto são evidentes: havia um manifesto contraste entre a "profecia de desventura" da Mensagem de Fátima e o profetismo optimista do novo Pontífice que inaugurava o Concílio Vaticano II [107]. A existência deste contraste entre duas "linhas proféticas" contribui para a compreensão dos acontecimentos dos anos seguintes. (...)

b) João XXIII e o Padre Pio

O historiador cristão não pode ignorar as manifestações divinas nos acontecimentos humanos. O sobrenatural não se manifesta apenas nas aparições e visões extraordinárias, mas também na vida corrente dos santos, que constitui uma das principais expressões da presença de Deus na história. “Na Sua infinita justiça e misericórdia, Deus prodigaliza santos às diversas épocas ou então decide não lhos conceder, de tal maneira que, se assim se pode dizer, se toma necessário consultar o termómetro da santidade para avaliar as condições de normalidade de uma época ou de uma sociedade», escreve o Padre Guéranger [110]. O século XX foi, relativamente a outras épocas, avaro em santos. E contudo, surgiu uma figura carismática que parece assumir em si uma grande parte dos dons extraordinários de que o seu tempo foi privado. Trata-se do Padre Pio de Pietrelcina [111], o estigmatizado de San Giovanni Rotondo, em tomo de quem se constituiu uma rede de grupos de oração espalhados por todo o mundo.

O estigmatizado de Pietrelcina sofreu incompreensões e calúnias, em razão das quais teve de se submeter a humilhantes inspeções canônicas. Entre elas, contou-se a promovida por João XXIII que, entre 13 de Julho e 2 de Outubro de 1960, enviou Mons. Carlo Maccari [112], o então secretário do Vicariato de Roma, como visitador apostólico a San Giovanni Rotondo. Este período será recordado como o de mais dura perseguição relativamente ao santo de Pietrelcina [113]. A desconfiança do Papa Roncalli é surpreendente, sobretudo perante um movimento que congregava multidões de fiéis em tomo do Padre Pio.

Em 1971, o postulador da causa de beatificação do Padre Pio, o Padre Bernardino de Siena, dirigiu-se a Mons. Capovilla para saber que opinião tinha tido João XXIII sobre o Padre Pio. A resposta foi evasiva [114]. Da documentação processual da Positio emerge a substancial incompreensão por parte de João XXIII da figura espiritual do Padre Pio de Pietrelcina [115], que viria a ser beatificado e canonizado por João Paulo II."



Soframos a crise na Igreja com um Salmo Penitencial (Salmo 6)

"Senhor, não me arguas no teu furor, nem me castigues na tua ira. Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou enfermo; sara-me, Senhor, porque meus ossos estremeceram. E a minha alma turbou-se em extremo, mas Tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, e livra a minha alma, e salva-me pela tua misericórdia.

Porque na morte não há quem se lembre de Ti, e na habitação dos mortos, quem Te louvará? Estou esgotado à força de tanto gemer, lavarei meu leito com lágrimas todas as noites, regarei com elas o lugar do meu descanso. 

Os meus olhos se turbaram por causa do furor, envelheci no meio de todos os meus inimigos. Apartai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade, porque o Senhor ouviu a voz do meu pranto.

O Senhor ouviu a minha súplica, o Senhor ouviu a minha oração. Sejam confundidos, e em extremo conturbados todos os meus inimigos, retirem-se e sejam num momento cobertos de vergonha".

Veja mais sobre a crise na Igreja:

Papa Francisco impediu que beijassem o anel do pescador de São Pedro, ato dos católicos em veneração ao Papado

João XXIII aboliu o beija-pé Papal, cerimônia anti-ecumênica que exibe a chefia da Sé Petrina sobre todos os bispos

João Paulo II doou 200 mil US$ para construir catedral cismática, o que foi lembrado na visita do Papa Francisco à Romênia

Bento XVI refutou em fotos os que o chamam de "mestre da liturgia"

Concílio Vaticano II sustentou que existem mártires hereges e cismáticos

Clique aqui para ver mais provas da crise na Igreja

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* https://denzingerbergoglio.wpcomstaging.com/  Em inglês: < https://en-denzingerbergoglio.com>

**O insuspeito D. Estevão Bittencourt relata isso: Revista "Pergunte e Responderemos", Número 425, outubro de 1997.

[290] O Dictionnaire de Théologie Catholique foi iniciado nos começos do século, sob a direção de Jean-Michel Alfred Vacant (1852-1901), e continuado sob a direção de Eugene Mangenot (1856-1922), com o concurso de um grande número de colaboradores. Foi publicado em Paris pelas Éditions Letouzey et Ané (1902-1950), em 15 tomos e 30 volumes. A Enciclopédia Católica foi publicada na Cidade do Vaticano, entre 1948 e 1954, em 12 volumes.
[291] Giovanni Calabria (1873-1954), ordenado em 1901, fundou os Pobres Servos da Divina Providência, aprovado pelo bispo de Verona em 1932 e por Pio XII em 1949. Foi canonizado por João Paulo II em 1999.
[292] Alfredo Ildefonso Schuster (1880-1954), ordenado em 1904, entrou para os beneditinos e, em 1918, tornou-se abade de São Paulo Extra-Muros, em Roma. Foi nomeado por Pio XI arcebispo de Milão e feito cardeal em 1929. Foi beatificado por João Paulo II em 1997.
[293] Carta do Padre Giovanni Calabria ao Cardeal Schuster, datada de 21 de novembro de 1948, em ANGELO MAJOLUIGI, PIOVAN, NED (org.). L'epistolario card. Schuster-don Calabria (1945-1954), Milão, 1989, p. 30. 
[294] Carta do Cardeal Schuster ao Padre Calabria, datada de 6 de outubro de 1953, em L'epistolario, cit., p. 160. 
[195] G. CALABRIA, Apostolica vivendi forma, Regnum Dei Editrice, Verona, 1958, pp. 61, 113. 

[94] Giovanni XXIII nel ricordo del Segretario Loris F. Capovilla, cit., pp.113-117
[95] Paul Philippe (1905-1984), dominicano francês, ordenado em 1932. Membro do Santo Ofício entre 1955 e 1959, depois secretário da Congregação dos Religiosos. Membro da Comissão Antepreparatória. Consagrado bispo em 1962, foi nomeado membro da Comissão dos Religiosos durante a primeira sessão. Feito cardeal em 1973, foi pró-prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais entre 1973 e 1980.
[96] Alfredo Maria Cavagna (1879-1970), ordenado em 1902, bispo de Tio em 1962.
[97] Paulo José Tavares (1920-1973), ordenado em 1 943. bispo de Macau, desde 1961 até à sua morte.
[98] Giovanni XXI/I nel ricorrio de/ Segretario Loris F. Capovilla, cit., p. 115. 
[99] Congregação para a Doutrina da Fé, A mensagem de Fátima, Apresentação. O documento da Congregação para a Doutrina da Fé contém as três partes do "segredo" segundo a redação feita pela Irmã Lúcia, uma apresentação do Secretário da Congregação, Mons. Tarcisio Bertone s.d.b., e um comentário teológico à terceira parte do "segredo", feito pelo prefeito da Congregação, o Card. Joseph Ratzinger. 
[100] Primeira e segunda parte do "segredo" segundo a redação feita pela irmã Lúcia na "terceira memória", de 31 de Agosto de 1941, destinada ao bispo de Leiria-Fátima.
[104] "Giovanni XXIII nel ricordo de/ Segretario Loris F. Capovilla, cit., p. 115.
[105] J. M. ALONSO c. f.m., La vérité sur le secret de Fatima, Téqui, Paris, 1979, p. 106. C f. igualmente M. DE LA SAINTE TRINITÉ, Toule la vérité sur Fatima, cit., pp. 371-382; FRANÇOIS-MARIE DES ANGES, Fatima, joie intime. Evenement Mondial, Contre-Réforme Catholique, Parres-les-Vaudes, 1991, pp. 295 88. 
[106] G. CAPRILE S.J., “Fatima e il suo “segreto” non svelato”, in Civiltà Cattolica, 2640 (1960), pp. 6 1 4-6 1 8. Giovanni Caprile (1917-1993) da Companhia de Jesus, redactor da Civiltà Cattolica desde 1953 até à morte, cronista do Concílio para esta revista. Cf. ••• “In ricordo del padre Giovanni Caprile”· in Civiltà Cattolica, 3430 (1993), pp. 365-368. 
[107] O historiador Giorgio Rumi, que apoiou a decisão de João XXIII, atestou o enganoso profetismo da mesma com as seguintes palavras: «Sabemos hoje que o comunismo teria caído. Mas Roncalli não podia ter previsto tal coisa, porque na altura o comunismo era fortíssimo” (Entrevista a Paolo Conti, “Gli intellettuali cattolici: Giovanni XXIII fece bene a non divulgare il segreto”, in Corriere della Sera, 14 de Maio de 2000).
[110] P. GUÉRANGER o.s.b., Le sens chrétien de l'histoire, in Essai sur le naturalisme contemporain, Éditions Delacroix, s.l., 2004, p. 377 (pp. 365-402).
[111] São Pio de Pietrelcina, no século Francesco Forgione (1887-1968), proferiu em 1907 os votos solenes na Ordem dos Capuchinhos com o nome de Pio e foi ordenado em 1910; em 1916, foi destinado ao convento de San Giovanni Rotondo, onde em 1918 recebeu os estigmas visíveis da Paixão de Cristo, que estiveram abertos e a sangrar durante cinquenta anos. Foi beatificado (1999) e canonizado (2002) por João Paulo II. Sobre o Padre Pio, cf. Sipontina Beatificationis et canonizationis Servi Dei Pii a Pietrelcina Positio Super Virtutibus, vol. I/1, Cidade do Vaticano, 1997.
[112] Carlo Maccari (1913-1997), ordenado em 1936, bispo de Emaús em 1961, arcebispo de Mondovì em 1963, de Ancona e Numana em 1968, bispo de Osimo e Cingoli em 1972.
[113] C f. FRANCOBALDO CHIOCJ, I nemici di Padre Pio, Edizioni Repone, Roma, 1968; MARCO TOSATTI, Quando la Chiesa perseguitava Padre Pio, Piemme, Casale Monferrato, 2005. A visita canónica foi feita por solicitação do Padre Clemente de Milwaukee, superior geral da Ordem dos Capuchinhos, que esteve envolvido na falência do banqueiro Giovanni Battista Giuffré. O intermediário entre os capuchinhos que se opunham ao Padre Pio (e que colocaram microfones no parlatório do convento) e o Santo Oficio foi o sacerdote romano Umbeno Terenzi (1900-1974), que foi, a partir de 1932, reitor do Santuário do Divino Amor.
[114] Cf. Servi Dei Pii a Pietralcina Positio, cit. , pp. 329-243.
[115] C f. ibid., pp. 243-251. C f. igualmente o livro, tendencioso mas bem documentado, de SI!ROIO LUZZATTO, Padre Pio. Miracoli e politica nel1a Italia del Novecento, Einaudi, Turim, 2007, pp. 364-387. Contra: FABRIZIO CANSONE, “Padre Pio: lettura critica di una lettura critica”, in Nova Historica, 9 (2010), pp. 152-169.

Sociologia Católica Tradicional VS falsas teorias sociológicas: QAnon, Globalismo, Colapsologia, NOM, etc. Peste na Teologia da história

S. Antônio Maria Claret, rogai por nós!

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte 1, 3a edição, Cap. I)".

Anterior deste capítulo: "Fim dos tempos" é igual a "últimos tempos"? Autores (um elogiado por S. Teresinha e outro de extensa obra de profecias privadas) concordam que falta o mundo ser católico

No decurso deste trabalho, uma visão sobre a história, isto é, uma sociologia determinada é defendida: a católica. A fim de contrastá-la com novas teorias sociológicas que pipocam nos meios tendentes ao conservadorismo hoje, passou a convir resumir a substância da sociologia católica tradicional, seus autores principais, sua antiguidade no pensamento católico, bem como sua eficácia teórica e prática. Ademais, dada a situação mundial hodierna, assolada por uma peste (embora o mundo revolucionário queira incutir que “peste” só exista em livros de histórias) este artigo apresentaria grande lacuna se não mostrasse, mesmo por textos citados, o sentido de tais flagelos divinos na teologia da história.

Antiguidade da Sociologia Católica Tradicional * Síntese feita no século XX * Elogio desta síntese por autoridades eclesiásticas

Para muitos sociólogos laicos do ocidente, o tempo da “modernidade” iniciou-se no Renascimento e Humanismo. A definição não é por mera brevidade histórica, pois marca o tempo de um rompimento tendencial com a Cristandade Medieval, caracterizada pelo profundo espírito social católico.

O borbulhar destas tendências pagãs e gozadoras da vida foi criticado por profetas da época como S. Antonino de Florença, lamentada por Papas como Adriano VI [1], e narradas posteriormente por historiadores como o Monsenhor Gaume [2].

As nefastas novas forças motrizes do homem ocidental prepararam a Revolução Protestante. Neste tempo, muitos santos foram arautos da Contra-Revolução. Se não recuperavam almas para o redil de Cristo, ganhavam novas almas além-mar, ou obtinham graças através de seus sofrimentos em clausuras de ordens religiosas aromatizadas por reformas como Deus quis. A metafísica daquela Revolta era igualitária: não havia mais hierarquia. Especificamente, não havia mais hierarquia eclesiástica.

Baseando-se nisto e em muito mais, o Papa Leão XIII em sua encíclica “Parvenu à la Vingt-Cinquième Année (1902)” demonstra como da Revolução Protestante germinou a Francesa, calcada também no igualitarismo contrário às autoridades legitimamente constituídas. Posteriormente, o autor espanhol Contra-Revolucionário Donoso Cortés criticava o socialismo no século XIX, e já o antevia como ameaça futura. Foi profético. A Revolução Comunista, pranteada pelas lágrimas da Virgem Maria em Fátima, abalou todo o ocidente.

Toda esta sociologia foi condensada no ensaio “Revolução e Contra-Revolução” (RCR) de 1959, sob a pena de Plinio Corrêa de Oliveira, o qual reuniu em sua obra todas as sentenças dos autores mais citados deste pensamento católico.

Se se citava o papel principal das tendências, era por causa, entre outras, da observação de Donoso Cortés sobre o gozo carnal ser o sentido único da vida já em seu tempo [3].

Se se afirmava em curto espaço que a Igreja era a alma da Contra-Revolução, a razão consistia na história e na quase unanimidade da luta contra-revolucionária ter vindo de ultramontanos da Santa Igreja [4].

Se se criticava a maçonaria brevemente, é por se ter em vista o monumental trabalho do Monsenhor Henri Delassus [5]. E assim por diante com inúmeros autores, em geral pertencentes à escola contra-revolucionária do século XIX.

Não era simplesmente um compilado, pois temas nunca antes explicitados pelos contra-revolucionários, como a importância das “Artes, Ambientes e Cultura” na atuação Revolucionária, embora estivessem muitas vezes entrelaçados e comentados em obras esparsas antigas, receberam foco nítido nesta obra síntese de sociologia tradicional católica, já traduzida para inúmeras línguas e difundida em diversos países.

Denso, cada parágrafo do Magnum Opus de Plinio Corrêa de Oliveira poderia dirigir numerosas coleções de caráter histórico-cultural, quando já não eram baseados em alguns existentes. Penetrante, cada capítulo possibilita inúmeros paralelos sociais, ou mesmo pontuais com paixões desregradas reinantes. Abrangente, o livro leva o leitor a unir toda observação de seu contexto e história a uma cosmovisão católica.

Não obstante a radicalidade católica de uma interpretação histórica, figuras de relevo da época enalteceram o trabalho grandemente. Escrevia o Pe. Cesar Dainese, S.J. (Superior de Residência dos Padres Jesuítas) sobre a obra ser "um riquíssimo índice analítico de uma monumental enciclopédia da Teologia da História [...] Teríamos então a edição atualizada, ampliada e completa da grandiosa obra de Santo Agostinho, ‘De Civitate Dei,’ para os homens de hoje". Fazendo-lhe coro, o Pe. Bernardo Pani, O. Cister (Itaporanga, Brasil), alegou “que é uma obra que cristaliza a ‘Civitas Dei’ de Santo Agostinho. Plinio é admirável no estilo, na forma, no saber e na objetividade" [6].

Ainda outro jesuíta, o equatoriano Pe. Aurélio F. Aulestia, faz a mesma comparação: "Dois Amores, escreveu Santo Agostinho, fundaram duas Cidades, a saber: o amor de si mesmo até o desprezo de Deus, fundou a cidade terrena; e o amor de Deus até o desprezo de si mesmo, fundou a Cidade celestial (De civitate Dei XIV, 28) (...)

Santo Inácio de Loyola, em seus Exercícios Espirituais apresenta a célebre meditação das Duas Bandeiras, que, na realidade, é um verdadeiro comentário da visão genial de Santo Agostinho (...).

De outra forma, mas coincidindo no essencial com Santo Agostinho e Santo Inácio de Loyola, um egrégio pensador e publicista moderno, Plinio Corrêa de Oliveira, brasileiro, apresenta a luta eterna das Duas Bandeiras sob os nomes de Revolução e Contra-Revolução” [7].

Mesmo após a primeira edição, o autor incrementou a obra com apêndices. Primeiro, noticiando a eficácia prática daquele manual de guerra, a saber, as conquistas do movimento já atuante na primeira edição, mas ainda não civilmente constituído: a TFP (sociedade em defesa da tradição, família e propriedade). Segundo, comentando a vinda da 4ª Revolução, a Tribalista, já prevista por Marx e seus sequazes, e lamentando a entrada da Revolução na Santa Igreja, previsão ainda mais evidente quando se recorda a pastoral Tribalista do “Sínodo da Amazônia” de 2019, aberto pelo Papa Francisco [8].

Exemplo de análise sociológica RCR: a mudança na fonte padrão empregada em textos por todo o globo

Diz o RCR que, enquanto conformes aos desígnios revolucionários, “a cultura, ambientes e artes” desempenham significativo papel. Ainda sobre papel, já em outro sentido, é notável a mudança tipográfica desde a Idade Média ao longo dos séculos.

Quem nunca viu as estonteantes iluminuras do medievo, ou já não se impressionou ante a riqueza de detalhes das fontes maravilhosas daquele tempo? Porém, os séculos mudaram, e com ele, as fontes. Temos hoje ainda muitas fontes estilosas, principalmente na internet, a qual demanda uma fonte comum, ou melhor, um modo de escrever comum e compreensível.

O ambiente influencia o homem. Ora, a palavra escrita observada cotidianamente faz parte deste. Por isso, a mudança na fonte tipográfica mundialmente aceita, enquanto conduz para uma tendência revolucionária, é almejada pelo fenômeno da “Revolução”, cuja universalidade, descrita no RCR, é identificada na observação dos fatos seguintes.

Mudaram ou estão mudando para a mesma fonte: os programas mais populares para escritório no globo, as plataformas de bloggers, os sites mais acessados em todo o planeta, os padrões de artigos científicos nacionais e internacionais, os manuais de redações governamentais, etc.

E qual é a mudança? Do “Times New Roman” para “Calibri”. Eis a diferença:

Texto Fonte – Texto Fonte

A decadência é manifesta. À objeção de que algo tão pequeno não faz diferença na sociedade deve-se responder que a Igreja também é cheia de detalhes, principalmente na liturgia tradicional, os quais marcam a distância das falsas religiões.

É arriscado o exemplo contra-revolucionário do endereço que abriga este trabalho: talvez levará à eliminação do banco de dados do Google, notória “Big Tech” (empresa de tecnologia parte do oligopólio mundial da internet). Via algoritmo, este endereço e de outros sites “defasados” pelo uso da fonte antiga podem ser descartados mais do que já o são com robôs de inúmeros países que mascaram a verdadeira estatística.

Afinal, o monopólio do buscador da internet é detido pela Google-Alphabet, a qual gere também o Blogger, Youtube, Google Books, Gmail e outros serviços úteis diariamente usados por bilhões de usuários no globo. Tal fato está conectado a um assunto diverso, porém, relacionado aos monopólios e posições de poder na sociedade.

Abordagem sensata da questão das forças secretas, em especial, da maçonaria

Forças ocultas sempre existiram a fim de exterminar todo vestígio de Deus. Foi Satanás, inventor da mentira, quem sempre agiu nas sombras para que não fosse detectado e causasse horror pelos seus planos de inversão da hierarquia divina e pecados horríveis. Já na história moderna, a seita-mestra da Revolução também atuou nas sombras a fim de terminar com os restos de Civilização Cristã. Cabem advertências sobre como combatê-la.

Denunciadores contínuos da maçonaria, mesmo quando não esbravejam de modo insensato, desenham a caricatura de quem a rechaça, a ponto de realizar um desserviço para a causa católica em questão. “Certamente não será assim como dizem. Continuarei a frequentá-la”, pensará quem escuta frases proferidas passionalmente.

Invés de falar, em atitude de convencimento, dos pontos mais passíveis de rejeição e mais comuns em qualquer loja maçônica, como os votos de obediência, até mesmo na apresentação das contas de casa (sem contar a ritualística macaqueada dos Sagrados Ritos católicos), as acusações se concentram em rotular qualquer loja maçônica de fundo de quintal de um interior precário do país como apoiadora de algum cenário dantesco identificado nos documentos mais antigos de uma loja de país longínquo.

De diversa maneira agia Plinio Corrêa de Oliveira, embora quem com ele conviveu possa afirmar como suas explicações sobre fatos, às vezes considerados banais da sociedade, incluíam a influência das forças secretas. Sabendo dosar perfeitamente o tempero conforme o interlocutor, Dr. Plinio nunca passou a impressão de paranóico, porém, deixou farto material sobre o tema. Dialogou, inclusive, com historiadores antigos e contemporâneos seus na temática, como Gustavo Barroso [9].

QAnon: a falsa sociologia da ultra falsa-direita, em geral, a americana

Com a ascensão da falsa-direita americana, uma nova teoria sociológica acerca das práticas de uma anti-religião e seus vínculos com a pedofilia emergiu na web. Antes que tivesse oportunidade de fazer adeptos em outros países, foi silenciada por patrulhas ideológicas à serviço da elite revolucionária por trás das “Big Tech” com o motivo principal, e justo, de coibir falsas acusações do grave crime de pedofilia.

O QAnon, entretanto, carece de encaixe dentro da história da Igreja depois do advento da modernidade, isto é, após as Revoluções. Assim, é mais uma a fazer companhia as historicamente furadas teorias geopolíticas neoconservadoras. Por vezes são repetidas por indivíduos em idêntica vibração histérica dos já descritos no subtópico anterior.

Conquanto o problema do Satanismo por detrás da Revolução seja bem antigo, o movimento foi aludido algumas vezes como próxima Revolução Social por parte de Plinio Corrêa de Oliveira. Desde 1995, seu falecimento, não há como desconsiderá-lo se se acompanha as notícias, e especialmente quando se recorda de suas inúmeras previsões sociais compiladas na segunda parte deste volume.

Nova Ordem Mundial: falsa principalmente como algo surgido do século XX com mero intuito de implantar o comunismo

A sua identificação e diversas matizes precisam entrar no mapa geral que nos fornece a sociologia católica. Não pode ser posta como remendo.

Desconsiderando as mudanças sociais históricas desde o renascimento, apontar a universalidade de uma dominação revolucionária é só um meio de responder aos mais descarados fatos atuais debaixo de uma perspectiva laica ou pseudo-direitista. O poder das trevas só lucra com o desfiguramento da noção da verdadeira oposição à cidade do demônio: a cidade de Deus, toda Civilização Católica.

Se uma sociedade laica e ecumênica não é ideal, mas somente tolerada em certas circunstâncias, menos ainda deve ser algo no campo das idéias, como a sociologia laica. Se o povo judeu era o “microcosmo da humanidade”, hoje os católicos o são.

O mesmo se diga do chamado “Deep State”: não há como compreender o conceito sem entender o livro do Monsenhor Delassus, pois sistemas por trás da política internacional são históricos [10].

Globalismo: altamente confundida mesmo entre a falsa-direita

Teoria certeira da semiótica para o então futuro da comunicação social, as “aldeias globais” [11] precisam ser encontradas no radar que nos fornece a Sociologia e cosmovisão Católica direcionadas para o século XX.

Alguns, entretanto, parecem estender o pensamento original, ou popularizado, do sociólogo canadense Marshall McLuhan nos anos de 1960, e definem o globalismo como algo ruim que veio, junto de ideologias comunistas e análogas, expulsar Deus do coração da sociedade liberal do século XIX e do começo do século XX [12].

A impressão é clara: o homem estava bem até o advento do comunismo. Ignora-se as heresias e inúmeras revoluções seculares. Neste ponto de vista, não há uma sociologia católica, como se Deus, na história, favorecesse todas as seitas. Tal pensamento exige a correção dos livros históricos sagrados em que Deus auxilia unicamente o Seu povo até o momento em que este peca, como quando crucificaram o próprio Deus Encarnado, a cabeça da Igreja Católica, e “o véu do templo se rasgou”.

Colapsologia: teoria sociológica laica dos neopagãos

Convergindo muitas vezes com afirmações alarmistas de aquecimento global, já desbancadas por citações de cientistas do ramo em compilado do volume II desta série, a colapsiologia é o Relatório Meadows de 1972 reciclado, cujo conteúdo é descartado pelos economistas cientes da influência do progresso técnico na humanidade. Na verdade, todos os relatórios científicos apontando para um eventual colapso da humanidade por causa da escassez dos fatores de produção ou consumo possuem um só predecessor: Thomas Malthus [13].

A novidade do “Comment Tout Peut S'effrondrer” [14] reside na apresentação e adição de elementos pelos seus autores franceses: a complexidade e interdependência de cada cidadão nos centros urbanos, gráficos novos indicando similitude com gráficos antigos que noticiaram colapso nas suas respectivas áreas, o modo de apresentação, etc. A impressão deixada pelo livro foi de tal maneira profunda que alguns se dedicaram a um sistema de recuperação de todos os códigos da humanidade após o “colapso” da humanidade.

Embora tais previsões laicas se desprestigiem quando Deus intervier na humanidade através de Seus instrumentos, não só os meios pelos quais elas conjecturam um “colapso geral” merecem atenção, como o acompanhamento da Revolução exige um olhar não ingênuo para as explicações racionalistas destes eventos.

Questão sanitária que mudou o mundo desde 2020: peste, flagelo divino * Estatísticas provando quem a peste realmente veio afetar primeiro

Abalados pelo surgimento de um vírus novo, o qual foi alardeado como superpotente e capaz de destruir economias mundiais, muitos conservadores o definiram como uma arma biológica eivada de outros motivos.

No meio da confusão inicial, da falta de estatística, e dos desmandos autoritários de inúmeros governantes que se inspiravam em modelos nunca antes usados de combate ao problema, a explicação mais plausível ao então estado social-político era a seguinte: o caso sanitário não era senão uma desculpa para implantar um estado socioeconômico diverso do vigente.

Passado um ano desde o começo da peste, dado o número de mortes que causou, e sua contínua imposição de uma mudança de vida, principalmente aos hábitos antes mais atrelados ao encontro das massas, já é patente ao católico minimamente informado que a peste veio com marca de advertência divina.

Ante a objeção de que as mortes totais diminuíram no ano de 2020 em relação à 2019, há a oportunidade de gravar nos corações a repulsa pelo mundo neopagão e sua feição genocida:

Tabela do boletim epidemiológico de 2020 do Ministério da Saúde [15].


Nota-se uma diminuição de 68% no total dos casos reportados de AIDS (41919 para 13677), de 2019 em relação a 2020, justo o ano em que as aglomerações neopagãs foram interditadas, ainda que estupidamente junto de reuniões e comércios relevantes.

A assombrosa diminuição, pouco noticiada mesmo por católicos, se refere à AIDS, e não a todas as doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, quantas rixas foram evitadas este ano? Quantas overdoses? Quantas desgraças morais às famílias? Quanta perda de capital humano em “entretenimentos” neopagãos?

Nada disso é comparável ao número crescente de abortos que ocorria no mundo há décadas. Estatísticas apontam 40 milhões de abortos por ano. A mesma quantidade de assassinatos feitos pelo comunismo e pelo nazismo a cada três anos. Portanto, uma peste não chega a ser o princípio do pagamento temporal, pelas nações, só deste pecado que “clama aos céus, e brada a Deus por vingança”.

Semelhanças e diferenças com pestes históricas * Opinião de S. Antônio Maria Claret sobre a peste em Cuba em seu tempo de missão: corretivo divino.

Nas anotações de um curso de história ministrado na Europa, segundo a linha “RCR” já citada, as razões teológicas da peste do século XIV iluminam a atual [16]:

“3 –Passaram agora [N.E: os inimigos da Igreja, que antes agiam de outra forma] a usar a guerra psicológica em seu mais alto grau. Usar a sociologia, a psicologia, a medicina, a arte para destruir a Igreja.

4 – Visão de S. Brígida em 1298. Nosso Senhor lhe diz: “hoje deixei sair do inferno um demônio pior que o demônio do deicídio”. Dr. Plinio comentou que era o demônio da Revolução [N.E: a data está claramente errada, pois Santa Brígida da Suécia nasceu em 1303. O argumento posterior, porém, prescinde desta explicação]. (...)

16 - Cinco acontecimentos chocantes: a bofetada de Anagni [N.E: bofetada no Papa por parte de um enviado de um Rei de França, Felipe, o Belo, em 1303], a mudança do Papado a Avignon, a supressão dos Templários, a Grande Fome e a rebelião dos Pastoreaux [N.E: dois exemplos de eventos notáveis e característicos da época, segundo o autor das notas, talvez baseado na obra de Barbara Tuchman]. E tudo em 20 anos. (...)

19 - Apego ao dinheiro: “Nunca houve um tempo quando mais atenção era dada ao dinheiro e posses do que no século XIV” [There never was a time when more attention was given to Money and possessions than in the 14th century”, A Distant Mirror, pg. Foreword xix., Tuchman. Primeiramente publicado em 1978].

20 – S. Brígida deplorava a situação moral de Roma. Dizia que a cidade estava cheia de orgulho, avareza, autocomplacência e corrupção. (...)

1 - Quase 50 anos depois do início da Revolução, em 1347 (49 anos) já a população da Europa se havia dado conta de que mudaram de rumo, e se distanciaram da Igreja.

2 - Como não houve nem arrependimento nem nenhuma reação decente ao pecado, Deus lhes enviou um dos piores castigos conhecidos: a chamada peste negra.

3 - A peste começa em 1347 quando chega um barco genovês em Sicília proveniente de Criméia. O barco estava cheio de doentes e mortos. Os enfermos tinham uma bola negra grande como um ovo na axila. Esta bola soltava pus e sangue. Depois a pele se enchia de manchas negras por causa do sangue que o corpo derramava dentro de si mesmo. Os enfermos tinham grandes dores e morriam em 5 dias.

4 – À medida que a peste se propagava, apareceu outra variante, que era ter febre contínua e cuspir sangue, em vez de ter a bola preta. Essas vítimas tossiam e suavam forte e morriam entre 1 e 3 dias.

5 - Na verdade era uma peste bubônica presente de duas formas: uma infectava o sangue e tinha a bola preta, e se espalhava pelo contato. A outra, mais violenta, parecia uma pneumonia e se espalhava pela respiração. Essa praga era tão violenta que houve casos de gente que se deitava saudável e morria antes de acordar. Também houve casos de médicos que contraíam a peste ao lado de enfermos e morriam antes dele.

6 - Em geral, a praga chegava a um lugar, ficava entre 4 e 6 meses e se ia. Exceto nas grandes cidades, onde geralmente desaparecia no inverno, para reaparecer na primavera.

7 - A praga não atingiu certas partes da Espanha e Portugal. Da mesma forma, dificilmente tocou a Polônia e a Rússia. E certos lugares da Europa, como o país tcheco ou uma parte da Bélgica, também não foram afetados. Ou seja, a peste atacou a Europa já contaminada pela Revolução, e as partes ainda sãs não foram especialmente afetadas”.

Ainda sobre o tema “peste”, S. Antônio Claret, sobre “a peste e a cólera-morbo” de seu tempo de missão, traça um gritante contraste com a peste de 2020:

“Aproveitei essa ocasião [após nefastos tremores de terra em Cuba] para pregar-lhes, e lhes dizia: “Deus tem feito como uma mãe faz com o filho dorminhoco: sacude-lhe a cama para o acordar e obrigar a levantar-se”. Foi o que o Senhor se dignou revelar-me.

Houve entre os ouvintes quem não gostasse. E dizia-lhes mais: “Quando os filhos não atendem, vêm-lhes algumas palmadinhas corretivas”. Aí é que não gostaram mesmo e até me criticaram. Mas, algum tempo passado, começaram a aparecer sintomas da peste, a cólera-morbo. E veio de maneira espantosa. Houve ruas completas em que morreram todos os habitantes em dois ou três dias.

Muitas pessoas que não tinham participado da santa missão acorriam às confissões, temerosas, julgando essas epidemias um aviso do céu. Pelo sim, pelo não, muitíssimas conversões ocorreram.

Durante a epidemia, todo o clero portou-se muito bem, dia e noite, atendendo a todos com dedicação exemplar. A todos socorriam corporal e espiritualmente, como bons samaritanos. Só um padre morreu de peste no serviço da caridade. E precisamente este foi o pároco do Cobre, Pe. Francisco Veja. Já atacado pela doença, ao ser chamado para um enfermo que se encontrava muito mal, correu a atende-lo dizendo: “Prefiro morrer a deixar de atender a quem me chama”. E, ao voltar, ficou acamado e logo depois morreu” (S. Antônio Claret por ele mesmo, traços biográficos preparados por Elias Leite, CMF, Editora Ave Maria, Pg. 134-135, grifos nossos).

Noção tradicionalista contra-revolucionária sobre a peste de 2020

Resumindo a opinião deste volume, eis um fácil modelo de perguntas e respostas:

1 - Qual é, afinal, a opinião tradicionalista contra-revolucionária sobre o atual problema sanitário?

É a peste, que em tantas épocas veio castigar o povo, ainda que no ano de 2020 não tenha sido perniciosa [17]. É a mesma “peste” que comenta Nosso Senhor, quando fala divinamente de tempos difíceis: “haverá fome, peste e grandes desgraças em diversos lugares” (S. Mateus XXIV).

2 – A peste foi prevista por alguma das profecias deste compilado ou é prévia a algum castigo vindouro, segundo alguma exegese ou revelação privada?

Não há citação literal em nenhuma das revelações privadas, aqui tratadas, de que uma peste viria previamente ao tempo do Castigo. Pode haver interpretações, contudo.

3 – A peste atual faz parte do “Castigo Mundial”?

Não. Este artigo, com as estatísticas e comparações do subtópico anterior, leva a concluir que a peste atual não chegou a ser perniciosa, tampouco é o “princípio das dores” que virão.

4 – Enrijecendo a letalidade da peste, teríamos o “Castigo Mundial”?

Não, se não vier acompanhada por algo mais, isto é, a vinda de profetizados personagens que confirmarão a relação do “Castigo” com esta letalidade. Afinal, como disse o Beato Palau citado no capítulo V, sem a intervenção divina, imputarão tudo ao natural: “Para que o ímpio não as atribua à pura obra da natureza, será necessária uma voz apostólica que as mande e as retire para dar crédito à onipotência do Deus dos católicos, e a verdade do poder da Igreja” [18]. O “Castigo” precisa ser evidentemente um Castigo divino a todos.

5 – A peste não pode piorar muito, sem antes virem os profetizados?

Sim, a peste pode piorar muito sem antes virem os profetizados, a ponto de termos uma peste perniciosa comparável à peste do século XIV. Caso ocorresse, seria a certeza da frase do santo fundador dos claretianos sobre a peste em Cuba: “quando os filhos não atendem, vêm-lhes algumas palmadinhas corretivas”.

6 – O que se deve fazer em caso de peste perniciosa?

Seguir os conselhos de S. Agostinho sobre o porquê de os corretivos divinos afetarem também os bons: “Se, antes de mais nada, pensassem humildemente em seus pecados, de que a cólera divina se vinga, enchendo o mundo de espantosas catástrofes, embora muito longe de serem criminosos, dissolutos ou ímpios, julgar-se-iam de tal modo isentos de culpa que não tivessem necessidade de expiá-la por meio de alguma pena temporal?” [19]. Após convencido e praticante disso, estimular que outros o façam também.



Próximo capítulo (II): A Teologia da História prova a vinda do Castigo Mundial ou Bagarre, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971

Veja também: Dois teólogos (incluso um admirado por S. Teresinha) convergem exegeticamente com o Pe. Vieira sobre um triunfo futuro 

Clique aqui para ler mais sobre profecias privadas, teologia da história, etc
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[1] Reunião Extra dada por Plinio Corrêa de Oliveira em 1966, sem data: “Uma instrução do Papa Adriano VI, um bom Papa, antirenascentista, dada em 1522 ao núncio Chieregati, enviado a Nuremberg, bem ilustra o espírito que havia penetrado profundamente os meios católicos, e na qual se lê as seguintes palavras:
“Sabemos que desde há muitos anos vêm ocorrendo em torno da Santa Sé coisas abomináveis, abusos no espiritual, exorbitâncias nos mandatos e um amolecimento geral. Assim, não é estranho que o mal se haja estendido da cabeça aos membros, dos papas aos prelados e sacerdotes mais inferiores. Nós todos com o clero afastamo-nos de nosso caminho; ninguém tem feito algo de bom desde muitíssimo tempo, e urge, por isso mesmo, que honremos a Deus, que humilhemos nossas almas diante d'Ele e que cada um veja de onde veio o mal”.
Oncken comenta que esta reação não produziu efeito no alto e opulento clero italiano, nem na sociedade italiana em geral. E tanto assim, que quando em 14 de setembro de 1523, morreu esse Papa reformador, celebrou-se sua morte como um sucesso faustoso. Os inimigos do defunto puseram em casa do seu médico de cabeceira, esta inscrição: "O Senado e o povo felicitam o libertador da pátria". Um literato disse:
“Se este acérrimo inimigo das musas e da eloqüência e de tudo quanto é belo tivesse vivido mais, forçosamente teríamos voltado ao tempo da barbárie goda”, Oncken, vol. XIX. pág. 102”
[2] Todas suas obras são interessantes, embora a mais famosa tenha sido “O Verme Roedor das Sociedades Modernas, ou o Paganismo na educação”, 1886
[3] Roberto de Mattei, em “O Cruzado do Século XX”, Cap. IV, I, Nota 14, diz: “A carta que Juan Donoso Cortés, Marquês de Valdegamas (1809-1853), dirigiu ao Cardeal Fornari em 19 de Junho de 1852 pode ser considerada um dos mais lúcidos manifestos da Contra-Revolução católica do século XIX”
[4] Exceção a este exemplo foi Joseph De Maistre, autor de “Du Pape”, e muito reconhecido na “Escola Contra-Revolucionária”. Pesquisa histórica posterior mostrou a posição favorável de de Maistre à Maçonaria, não obstante ter sido muito citado por Mons. Delassus, até mesmo em sua obra sobre essa seita-mestre da Revolução: “A Conjuração Anticristã”.
[5] “A Conjuração Anticristã: o templo Maçônico que quer se erguer sob as ruínas da Igreja Católica”, 1910
[6] Revista Catolicismo, N° 702, Junho de 2009
[7] Aurélio F. Aulestia B., SJ, Es necesario que Jesucristo reine!, En la Mitad del Mundo, Quito, 1973, pp. 64, 65. Visto em: Revista Catolicismo, Número 580, Abril de 1999.
[8] Previsão ainda mais evidente é a sua obra “Tribalismo Indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI”, 1978, cujo título já é uma previsão com século marcado. Sobre isso, veja a parte 2 deste volume: “Dr. Plinio previu pastoral Tribalista comuno-missionária do século XXI 40 anos antes”. Link: http://www.oprincipedoscruzados.com.br/2020/10/dr-plinio-previu-pastoral-tribalista-do.html
[9] Eis uma oportunidade, que não visamos nem no curto prazo, para uma alma com visão contra-revolucionária compilar todas as hipóteses, idéias e comentários de Plinio Corrêa de Oliveira sobre o tema das forças secretas, em debate com autores notórios na matéria. Será uma prova a mais de que o curto parágrafo na RCR era denso não só pelos autores que se tinha em vista no tempo de sua publicação.
[10] Sobre este assunto, ver a matéria de capa da Revista Catolicismo n° 835, julho de 2020, na qual se estabelece bem o limite entre o conspiracionismo anticristão e o falso: http://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0835/P36-37.html
[11] Baseamo-nos no resumo bem feito de Guilherme Freire: https://www.youtube.com/watch?v=BGZvzAJ2OM4
[12] Assim se explica o embaixador e ex-chanceler do Brasil Ernesto Araújo, que parece ser o definidor do termo em palestra repleta de estudiosos do assunto: “Isso é o globalismo: o momento em que o comunismo, o gramscismo, o fisiologismo ocupa o coração, que tinha se deixado vazio, da sociedade liberal”. “Ministro Ernesto Araújo abre o seminário "Globalismo" - Brasília, 10 de junho de 2019”. Link: https://www.youtube.com/watch?v=mWajQ0NBeio
[13] David N. Weil, Economic Growth (2012), cita desta forma o Relatório Meadows, ainda que diga ao final, na p. 495: “Unfortunately, the past miscalculations of prophets of doom are no guarantee that current forecasters will be wrong.”
[14] “Comment tout peut s'effondrer. Petit manuel de collapsologie à l'usage des générations presentes”, Pablo Servigne, Raphaël Stevens, 2015
[15] Acesso em 28 de Junho de 2021 em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2020/boletim-epidemiologico-hivaids-2020
[16] Tópicos numerados de “Historia De la Revolucion”, respectivamente, “El humanismo” e “La peste Negra”. Dada em espanhol na TFP de Creutzwald, Francia. Foram traduzidos do espanhol e selecionados os mais pertinentes para o tema deste artigo
[17] A Bíblia Ave-Maria displicentemente traduz o “Quoniam ipse liberavit me de laqueo venantium, et a verbo áspero” (Sl XC, 3) como "É ele quem te livrará do laço do caçador, e da peste perniciosa”. O nome “peste perniciosa”, no entanto, parece definir bem uma peste mais severa.
[18] “La cruz”, El Ermitaño, Nº 159, 23-11-1871
[19] A cidade de Deus, Livro, I, Cap. IX