Tradição Católica contra repouso no espírito, falso dom místico carismático

Versão protestante do repouso no espírito com música de jogo de luta 
para mostrar o ridículo da prática

S. João da Cruz, rogai por nós!

Anterior desta série:
Tradição Católica contra a espiritualidade do estender os braços, fazer caras e bocas. Refutando a Espiritualidade Tribalista e suas objeções


Seção dos Convulsionários de Saint Medárd,
seita jansenista do século XVIII
condenada pela Igreja. Alguma
semelhança com o "repouso no espírito"?


Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Volume II, 2a edição)".

Tendo em vista a crítica à Espiritualidade tribalista exteriorizante antes tratada, prosseguimos a abordar o suposto dom do "repouso no espírito" que, apesar de ser também exteriorizante, difere-se por se considerar que origina do Espírito Santo, e não da pessoa*.

Um padre adepto da prática explica em que consiste:

"O repouso no Espírito traduz-se, habitualmente, por uma incapacidade corporal. A pessoa começa por vacilar, para finalmente cair suavemente para trás; a energia física desvanece-se. A pessoa está como que ofuscada pela intensidade da presença interior do Espírito Santo. Há, então, incapacidade de adaptar o psiquismo e os sentidos a uma experiência espiritual tão intensa" [1].

Sequer desejamos compartilhar vídeos de católicos "repousando no Espírito Santo", dado que muito disso é do maligno, como veremos na compilação.


Abaixo, as curtas afirmações enumeradas, que figuram por falta de teólogo católico abalizado sobre o tema, são justificadas pelos textos que as seguem, escritos pela pena de místicos e teólogos consagrados da Igreja Católica Apostólica Romana.

1 - A prática incentiva o desejo de ter dons místicos, o que é oposto à humildade e ao correto desenvolvimento espiritual

Santo Afonso Maria de Ligório

"Algumas pessoas piedosas, lendo os êxtases e arroubos de Santa Teresa, São Felipe Néri e outros santos, desejariam ter essas experiências espirituais. Esses desejos devem ser rejeitados porque são contrários à humildade. Se queremos ser santos, procuremos a verdadeira união com Deus que é unir totalmente nossa vontade à vontade dele. [...] Certas pessoas, ávidas de satisfações espirituais, nada mais fazem na sua oração do que procurar sentimentos agradáveis e ternos, para se deliciarem neles. As almas fortes e desejosas de pertencer só a Deus não lhe pedem senão luz para discernir sua vontade e força para a cumprir perfeitamente" [2].

Santa Teresa de Jesus

“É evidente que a absoluta perfeição não consiste nas alegrias interiores, nem nos grandes êxtases, visões, nem no espírito da profecia. Consiste em tornar nossa vontade de tal modo conforme a de Deus, que abracemos de todo o coração o que cremos querido por ele e que aceitemos com a mesma alegria o que é amargo e o que é doce, desde que compreendamos que Sua Majestade o quer” [3].

S. João da Cruz

“A virtude não consiste nas apreensões e sentimentos de Deus, por sublimes que sejam, nem em nada de semelhante que se possa experimentar interiormente. Ao contrário, a virtude está no que não se sente, isto é, em humildade profunda e grande desprezo de si mesmo” [4].

2 - Inverte a hierarquia no homem, a qual se deve dar primazia ao que é comunicado ao espírito, e não ao sentido. Assim, assemelham-se ao que os modernistas, segundo São Pio X, queriam com uma religião do sentimento

S. João da Cruz

“Ora, importa saber que, não obstante poderem ser obras de Deus os efeitos extraordinários que se produzem nos sentidos corporais, é necessário que as almas não queiram admitir nem ter segurança neles; antes é preciso fugir inteiramente de tais coisas, sem querer examinar se são boas ou más. Porque quanto mais exteriores e corporais, menos certo é que são de Deus. Com efeito, é mais próprio de Deus comunicar-se ao espírito, e nisto há para a alma mais segurança e lucro, do que ao sentido, fonte de freqüentes erros e numerosos perigos. O sentido corporal, nessas circunstâncias, faz-se juiz e apreciador das graças espirituais julgando-as tais como sente. No entanto, há tanta diferença entre a sensibilidade e a razão como entre o corpo e a alma, e na realidade, o sentido corporal é tão ignorante das coisas espirituais como um jumento o é das coisas racionais, e mais ainda” [5].

3 - Põe em perigo de ser enganado pelo demônio, por se fiar em uma ação nos sentidos corporais

S. João da Cruz

“Quem estima esses efeitos extraordinários erra muito, e corre grande perigo de ser enganado, ou, ao menos, terá em si total obstáculo para ir ao que é espiritual. Como já dissemos, os objetos corporais nenhuma proporção tem com os espirituais, por isso, deve-se sempre pensar que, nos primeiros, mais se encontra a ação do mau espírito em lugar da ação divina. O demônio, possuindo mais domínio sobre as coisas corporais e exteriores, pode com maior facilidade nos enganar neste ponto, do que nas interiores e espirituais" [6].

“A alma, além disso, vendo-se favorecida por graças tão extraordinárias, muitas vezes concebe secretamente boa opinião de si, imaginando já valer, algo diante de Deus, o que é contrário à humildade. Por outro lado, o demônio sabe sugerir-lhe oculta satisfação de si mesma, por vezes bem manifesta. Com este fim propõe-lhe frequentemente objetos sobrenaturais aos sentidos, oferecendo à vista imagens e maravilhosos resplendores; aos ouvidos, palavras misteriosas; ao olfato, perfumes muito suaves; ao paladar, delicadas doçuras, e ao tato sensações deleitosas, para que atraída a alma com estes gostos, possa ele causar-lhe muitos males" [7].



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* Algumas citações deste artigo foram coletadas de diversos
endereços virtuais que comentaram sobre o tópico no passado. Não mais os encontramos para o devido crédito.
[1] Site RCC Brasil, Repouso no Espírito e Renovação Carismática, Pe. O. Melançon, CSC. Link: http://rccbrasil.org.br/espiritualidade-e-formacao/carismas/659-repouso-no-espirito-e-renovacao-carismatica.html

[2] "A Prática do Amor a Jesus Cristo", Cap. VIII, p. 168, 172
[3] Livro das Fundações, cap. 5, n.10
[4] Subida ao Monte Carmelo. Livro III, capítulo IX, 3. Rio de Janeiro: Vozes, 1998, p. 345
[5] Idem Livro II, capítulo XI, 2, p. 217 
[6] Idem, Livro II, capítulo XI, 3 p. 217
[7] Idem, Livro II, capítulo XI, 5, p. 218