Dois teólogos (incluso um admirado por S. Teresinha) convergem exegeticamente com o Pe. Vieira sobre um triunfo futuro

S. Teresinha, rogai por nós! 

A vinda do Reino de Maria provada pelos profetas do Antigo Testamento, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira

Sobre a condenação do Pe. Antônio Vieira, seus erros e as características do que ele chamou "Quinto Império" (similar ao Reino de Maria de S.Luís de Montfort) 

"Fim dos tempos" é igual a "últimos tempos"? Autores (um elogiado por S. Teresinha e outro de extensa obra de profecias privadas) concordam que falta o mundo ser católico (Capítulo I)

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xtraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".

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A vinda do Reino de Maria provada pelo Novo Testamento e nas orações da Igreja, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira

Dois exegetas (incluso um admirado por S. Teresinha) concordam as observações do grande jesuíta Pe. Vieira, a qual foi exposta anteriormente. Além disso, um deles, professor espanhol de Sagrada Escritura, aponta diversos versículos já abordados no capítulo IV deste volume.

Por isso, primeiro mostramos onde o ex-jesuíta Pe. Arminjon se encontra com o jesuíta Antônio Vieira, assinalando somente quando isto não ocorrer. Em seguida, exporemos as similitudes exegéticas do sacerdote português com as do Pe. Sanchez, as quais também entram em consonância com apontamentos originais deste capítulo.

As traduções das conferências do Pe. Charles-Marie-Antoine Arminjon (1824-1885), que já mostramos terem sido admiradas por S. Teresinha no capítulo I, foram extraídas do blog do escritor Luis Dufaur [1]. Já a obra do sacerdote espanhol Benjamín Martín Sanchez, nascido em 1905, foi-nos introduzida pelo site americano Tradition in Action [2].

No capítulo I, traduzimos os trechos do padre elogiado por S. Teresinha afirmando que o fim do mundo exige previamente um globo católico até os confins da terra. Os excertos seguintes são suas indicações bíblicas com comentários sobre o mesmo tema, cujo conteúdo veio para o capítulo IV em virtude da extrema semelhança com a jesuítica exegese feita quase duzentos anos antes.

Indicações exegeticamente similares entre os padres Vieira e Arminjon, o qual completa com seu raciocínio teológico

"Está escrito que no final dos tempos o Evangelho terá sido dado como testemunho a todas as nações.

“Todos os povos”, exclamou Davi, “todos os povos até os confins da terra se lembrarão do Senhor e voltarão para ele, pois o Senhor é o império e Ele governará as nações” (Salmo XXI).

Além disso, Davi diz mais: “Seu governo se estenderá de mar a mar, e do rio até os confins da terra; os habitantes da Etiópia se prostrarão diante dEle, os reis da Arábia e de Sabá trarão seus presentes a Ele” (Salmo LXXI, 8).

O Senhor então se dirige à Igreja por meio de Isaías: “Estendam o cerco de seus pavilhões, desenvolvam as velas de suas tendas, não poupem nada, alonguem suas cordas, fortaleçam suas estacas. Pois tu penetrarás à direita e à esquerda, tua semente herdará as nações e encherá as cidades da terra” (Isaías LIV, 2-4). [N.E: só esta citação bíblica não se encontra no Pe. Vieira visto anteriormente].

Esses textos são formais, precisos e, a partir de seu testemunho, é claro que chegará um tempo em que todas as heresias, todos os cismas serão destruídos, e a religião verdadeira será unanimemente conhecida e praticada em todos os lugares onde o sol brilhar.

Certamente, essa unidade não será alcançada sem dificuldade.

A humanidade não chegará a esta idade de ouro por caminhos semeados de rosas: todos os alicerces da Igreja estão cimentados com o sangue dos mártires misturado com o suor dos apóstolos.

Portanto, devemos esperar lutas ferozes e resistência. Haverá derramamento de sangue; o espírito das trevas acumulará novamente suas seduções e sua astúcia; perseguições mais terríveis podem ser previstas para a Igreja do que aquelas que tem suportado até agora.

Mas, por outro lado, é preciso aprender a pesquisar os pensamentos de Deus e a ler os decretos de seu poder. Todas as invenções admiráveis dos tempos modernos têm seu fim providencial.

Hoje em dia, Deus teria revelado os segredos e tesouros escondidos da criação ao homem, teria ele colocado todos esses instrumentos maravilhosos como o vapor, magnetismo, eletricidade, em suas mãos com o único propósito de fornecer novo alimento para seu orgulho, de ser os escravos dóceis de seu egoísmo e ganância?

Não era esse o pensamento que Ele expressava por meio da voz do profeta, quando disse: “Darei asas à minha palavra, atrelarei o fogo às minhas carruagens, agarrarei os meus apóstolos como num redemoinho e levá-los-ei em uma piscadela ao meio das nações bárbaras”.

Aproxima-se, pois, o tempo em que Jesus Cristo obterá um triunfo completo e em que, em toda a verdade, poderá ser chamado o Deus da terra: Deus omnis terræ vocabitur (Is XXXIV, 5).

Na atualidade, muitos são os sinais que apontam para uma grande vitória do Cristianismo. Nossos inimigos não têm um pressentimento disso? Um instinto secreto não os adverte de que os dias de sua força estão contados e que o tempo em que é dado a eles prevalecer não pode ser longo?

É por isso que na guerra ímpia que fazem à Igreja eles engajam toda a corrupção hedionda, todas as hipocrisias impacientes para tirar sua máscara, todas as ciências hostis, todas as políticas sombrias e ateístas.

A Revolução ergue ousadamente sua bandeira contra a religião, a propriedade, a família, ela mina as bases do edifício social e lança seus ataques contra nós simultaneamente e em todos os pontos. A imprensa, livre de qualquer restrição, inocula, por seus mil órgãos, as doutrinas mais subversivas e os venenos mais mortais.

O dez vezes secular trono da Santa Sé, atacado com infernal audácia, apontado como uma instituição de ignorância e obscurantismo, manchando-se em meio aos esplendores de nossa civilização, sucumbiu a esta multidão de esforços combinados; ele desabou de cima a baixo, sem falar humanamente, podemos alimentar a esperança de que em breve ele poderá se levantar novamente.

É compreensível que, em tal situação, os sábios se sintam irresolutos em seus conselhos e que sua coragem e firmeza pareçam vacilar.

Podemos imaginar que por entre essas nuvens e sob esses horizontes conturbados, eles vislumbram perspectivas sombrias e que nos anunciam um surto de crimes, guerras e revoltas terríveis.

Mas o que nos dá esperança para uma nova era gloriosa para a Igreja é precisamente a incrível ousada e sempre ressurgente fúria de nossos inimigos. Hoje o Cristianismo é atacado em toda parte: nas artes, nas ciências, na Igreja e no Estado, na Europa como também na Ásia, no velho e no novo mundo.

É um sinal seguro de que ele triunfará em todos os lugares e em todos os lugares. Quando? Deus sabe disso, mas o fato é certo.

O sangue dos mártires se torna semente de cristãos, a Igreja tem promessas imutáveis. Ao deixar o Mar Vermelho, Ela entra na Terra Prometida. A hora das trevas sucede à da luz e do triunfo. Após os ultrajes do Gólgota, Ela ouve as bênçãos e hosanas de libertação ressoando ao seu redor. Então, não desanimemos. Saudemos o futuro próximo" [3].

Pe. Benjamín Sanchez converge com o Pe. Vieira em alguns versículos, já em outros, com comentários amadoramente feitos nesta parte do volume I

As similitudes exegéticas do sacerdote português com as de Pe. Sanchez se reduzem ao livro do profeta Miquéias, Cap. IV.

Por outro lado, as indicações do teólogo parecem se harmonizar abundantemente com interpretações feitas ao longo desta parte do volume 1 até a 2a edição (excetuando a exposição sobre Miquéias, publicada na 3a), ainda sem notícia do Pe. Sanchez. Tal descoberta nos enche de gáudio, mas não é uma prova cabal da ortodoxia desta obra. Antes, mostra como não nos apartamos da doutrina católica (aquele livro não poderia ser publicado sem autorização eclesiástica) em alguns pontos, pelo menos um motivo de júbilo.

A seguir, traduzimos o texto do sacerdote exegeta identificando em colchetes as semelhanças exegéticas originais com este trabalho.

O “DIA DE JAVÉ” OU JUÍZO DAS NAÇÕES

O “dia de Javé” ou “dia do Senhor”, do qual fala com frequência a Escritura, é o dia do grande castigo de Deus, dia de ira, um dia de tribulação e angústia...dia de nuvens e tempestades” (Sf I, 14) [N.E: capítulo IV, subtópico “crise na Igreja”].

A manifestação da ira de Deus é uma expressão equivalente a seus castigos divinos. Ele não obra como os homens, porque tem domínio da paixão, e se de fato castiga é porque o indivíduo ou a sociedade são culpáveis.

O pecado nos separa de Deus, é incompatível com sua santidade (Heb X, 29-30). Daqui vem a “ira de Deus e sua vingança”, ou seja, seus castigos são efeitos do pecado.

No decurso dos séculos houve grandes castigos e vimos que Deus os enviou sobre Sodoma, Babilônia, Nínive, Cafarnaum, Jerusalém, etc…, pela incredulidade de seus habitantes. E não são também grandes castigos as muitas catástrofes, as guerras européias sofridas e as atuais e quantas sucederam na história? Mas no fim dos tempos, quando apenas haja fé no mundo, se repetirão estes castigos, porém, haverá um com caráter social e universal: será o juízo das nações.

Como notaremos, os textos seguintes nos falam de grandes castigos, de gentes inumeráveis que perecerão, mas depois ficarão ainda sobreviventes, e portanto não é o fim do mundo. Da raiz deste castigo haverá a conversão do povo judeu, cessarão as guerras e virá uma época de grande paz. Vejamos alguns textos que o comprovam:

- Miquéias IV, 1 e 3: “Acontecerá, nos últimos tempos [in novissimo dierum]... (o Senhor) será arbítrio de numerosos povos e habitará numerosas nações, até os lugares mais remotos; e eles converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças em enxadões; um povo não tirará mais da espada contra outro povo; e não aprenderão mais a pelejar....”  (Igualmente Isaías 2,2-4) [N.E: 3ª edição, capítulo IV, subtópico “Reino de Maria (tema principal)”].

– Sofonias I,14-17; 3,9: “O dia grande do Senhor está próximo; está próximo, vai chegando com velocidade...Esse dia será um dia de ira, um dia de tribulação e angústia, um dia de calamidade e miséria, um dia de nuvens e tempestades... Eu atribularei os homens, os quais andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor, o seu sangue será derramado como a poeira, os seus corpos serão como o esterco... no fogo do seu zelo será devorada toda a terra, porque ele se apressará a exterminar todos os habitantes da mesma terra” [N.E: capítulo IV, subtópico “crise na Igreja”].

“Então eu darei aos povos lábios puros, para que todos invoquem o nome do Senhor e se submetam ao seu jugo num mesmo espírito...os filhos do meu povo dispersos me trarão seus presentes” [N.E: capítulo IV, subtópico “Reino de Maria (tema principal)”].

– (“O dia do Senhor, que o profeta anuncia, será um juízo sobre todas as nações que receberão seu castigo” (comentário da Bíblia Nacar-Colunga), e se note que depois deste juízo ficarão sobreviventes que invocam o nome do Senhor [N.E: o autor do blog onde este texto foi publicado observa como, no pensamento do Pe. Sanchez, o juízo das Nações é o “juízo de vivos” que recitamos no Credo: ”virá a julgar os vivos e os mortos”. Bela, mas ousada, esta interpretação do Credo só terá nosso apoio incondicional após a apreciação da Santa Sé. Se assim o Pe. Sanchez defendia uma vinda de Cristo antes da derradeira vinda, ele não é seguido por este trabalho, que somente crê na visitação de Deus à terra através de castigos anteriores a uma restauração da Igreja e da Cristandade
]).

– Zacarias XIII, 8-9: “Em toda a terra, diz o Senhor, dois terços dos habitantes serão exterminados e um terço subsistirá. Mas farei passar este terço pelo fogo; purificá-lo-ei como se purifica a prata, prová-lo-ei como se prova o ouro. Então ele invocará o meu nome, eu o ouvirei, e direi: Este é o meu povo; e ele responderá: O Senhor é o meu Deus.” [N.E: capítulo IV, subtópico “Reino de Maria (tema principal)”].

– Isaías XXIV, 1, 5-5; LXVI, 15-16, 19 e 23: "Eis que o Senhor devasta a terra e a torna deserta, transtorna a sua face e dispersa seus habitantes... A terra foi profanada por seus habitantes, porque transgrediram as leis, violaram as regras e romperam a aliança eterna... Por esta causa, a maldição devorará a terra; pecarão os seus habitantes; por isso são insensatos os que a cultivam, e DEIXADOS POUCOS HOMENS".

"Porque o Senhor virá no meio do fogo...para espalhar sua indignação, o seu furor e suas ameaças em labaredas de fogo, porque o Senhor, rodeado de fogo e armado de sua espada, julgará todos os mortais e serão muitos o que o Senhor matará...eu os enviarei às nações dalém mar...às ilhas longínquas, àqueles que nunca ouviram falar de mim...e toda a carne virá prostrar-se diante de mim, e me adorará”
[N.E: grifos do texto. Trechos não abordados nesta parte do volume I].

- Isaías XIII, 9: “Eis que virá o dia do Senhor, dia implacável, de furor e de cólera ardente, para reduzir a terra a um deserto, e dela exterminar os pecadores...” [N.E: capítulo IV, subtópico “Bagarre (tema principal)”].

O juízo das nações chegará porque assim está decretado. S. Pedro nos diz que “assim como um dia desapareceu o mundo destruído pelas águas do dilúvio, assim outro dia os céus e a terra serão purificados com o fogo, e nesse dia perecerão os ímpios” (II S. Pedro III, 5-7) [N.E: versículos não abordados nesta parte do volume I].

Do livro: “Los Últimos Tiempos”, Benjamín Martín Sánchez, Professor de Sagrada Escritura. Publicado por Mileniumpress”.




Próximo deste capítulo: O Profeta Sofonias diz que Deus "aniquilará todos os deuses da terra", depois todas as nações O adorarão

 
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[1] Autor de um livro pioneiro em português sobre a aparição de La Salette, possui um blog dedicado às mensagens da Virgem Maria em La Salette e revelações particulares que as confirmam. As traduções sofreram pontuais correções nossas: https://aparicaodelasalette.blogspot.com/2020/10/o-fim-do-mundo-presente-e-misterios-da.html
[2] Artigos de Margaret C. Galitzin, já citado no capítulo I. A maior parte vem de excertos da obra na web. Link: https://mileniumpress.wordpress.com/2020/03/30/los-ultimos-tiempos-padre-benjamin-martin-sanchez/
[3] “Fin du monde présent et mystères de la vie future”, Première conférence. Link: http://eschatologie.free.fr/bibliotheque/abbe_charles_arminjon/fin_du_monde_present_et_mysteres_de_la_vie_future/1_premiere_conference.html