O livro do Apocalipse fala do Castigo Mundial na quinta e na sexta Era (parte 2)

Para entender alguns conceitos aqui expostos, recomendamos a leitura: 

S. João Apóstolo, rogai por nós! 

Anterior deste capítulo: O livro do Apocalipse fala do Castigo Mundial na quinta e na sexta Era (parte 1)


Faz-se necessária a leitura prévia: Hipótese Teológica da divisão das Eras da Igreja. Apreciação das divisões de S. Agostinho, S. Boaventura e outros

Ven. Bartolomeu Holzhauser vê a nossa era no apocalipse: heresia, guerras, castigo e no fim a restauração

Ven. Bartolomeu Holzhauser: no Apocalipse a vinda da sexta idade da Igreja, sua maior glória antes do Anticristo

São Luís Maria Grignion de Montfort profetiza o Reino de Maria e os apóstolos dos últimos tempos

A vinda do Reino de Maria provada pelo livro do Apocalipse, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira

Clique aqui para ler mais profecias sobre: Castigo Mundial (bagarre), Reino de Maria

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".

Continuando o artigo anterior, quando dizíamos: esta interpretação não pretende ser de nenhum modo exaustiva, visa identificar o número sete (selos, trombetas, pragas, etc) com as Eras da história, sustentadas no capítulo III em hipótese original.

De acordo com o que falamos no capítulo I, lembramos que muitas vezes uma interpretação não contraria qualquer outra sobre um mesmo versículo. São dimensões interpretativas diferentes.


Nessa parte lemos sobre as sete taças com as sete pragas levadas pelos sete anjos. A primeira é derramada sobre a terra, isto é, a primeira Era é marcada pela "taças da ira de Deus" ao templo judaico, que tinha feito a abominação da desolação. 

Ap. XVI, 1-2 - Ouvi uma grande voz (que saía) do templo, a qual dizia aos sete anjos: ide e derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus. Foi o primeiro e derramou a sua taça sobre a terra, e formou-se uma úlcera cruel e maligna nos homens que tinham o sinal da besta, e naqueles que adoraram a sua imagem.
 

Assim, vieram os castigos sobre os judeus, representada pela "úlcera cruel e maligna", pois como conta o historiador Eusébio de Cesaréia, depois da morte de Nosso Senhor, várias calamidades assolaram o povo, em geral por parte dos governadores romanos, até o Castigo final na destruição de Jerusalém. 

O "sinal da besta" simboliza aqueles que não adoraram Nosso Senhor Jesus Cristo, mas "adoraram a sua imagem", isto é, a da besta e, por isso, receberam o sinal da besta quando apoiaram Sua morte. Em outro sentido, a besta significa também o César: "não temos outro rei a não ser César".

3 - O segundo anjo derramou a sua taça sobre o mar e converteu-se em sangue como de um corpo morto e morreu no mar todo o ser vivo.

Na segunda Era, como sustentamos no capítulo III, o castigo de Deus mais evidente é a destruição de Jerusalém.  

O simbolismo desta passagem é semelhante ao do anjo da segunda trombeta anterior, com a diferença de que agora morrem não uma terça parte, mas todos os seres vivos no mar. Um modo de indicar que já não é o anúncio, mas o cumprimento, o parece se harmonizar ao anúncio da destruição de Jerusalém que, embora feito por Nosso Senhor, foi cumprido na sitiação da cidade por Tito bem depois.

4-7 - O terceiro anjo derramou a sua taça sobre os rios e sobre as fontes das águas, e converteram-se estas em sangue. Ouvi o anjo das águas, que dizia: Justo és, Senhor, que és e que eras, tu o Santo que isto julgaste; porque eles derramaram o sangue dos santos e dos profetas, deste-lhes também a beber sangue, pois assim o merecem. Ouvi outro que dizia do altar: Sim, certamente, Senhor onipotente, (são) verdadeiros e justos os teus juízos.

Novamente, "fontes das águas" lembra a profecia anterior da trombeta. Assim, estes versículos enfatizam os mártires que foram contra os fundamentos da heresia ariana que, como vimos, persiste até hoje. A taça da Ira é a heresia que mata os mártires, por isso, as águas "converteram-se estas em sangue", e não se tornaram meramente "amargosas", pois morreram os "santos", os católicos, e os "profetas", os santos católicos verdadeiramente, pois os "santos" na Sagrada Escritura significam os fiéis da Igreja em geral.

8-9 - O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol e foi-lhe dado (poder de) afligir os homens com ardor e fogo. Os homens abrasaram-se com um grande calor e blasfemaram do nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas, e não se arrependeram para lhe dar glória.

Na quarta Era, a taça da Ira de Deus, como já sustentamos no capítulo III,
mais provavelmente foi a queda do Império Romano (embora alguns argumentem que este só terminou de fato na queda de Constantinopla, ou queda do Império Romano Bizantino no século XV. Entretanto, se não havia mais Roma para governar, não era Império Romano). Aqui, o anjo derrama esta taça sobre o sol, porque o sol é o principal chagado pela praga, ou seja, o que antes parecia ser o Sol, por causa da extensão do Império, termina. 

A destruição deste Império serviu de aviso aos homens que punham confiança em coisas terrenas, além da Igreja Católica Apostólica Romana.

10-11 - O quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o reino dela tornou-se tenebroso, e (os homens) mordiam a língua com a dor, e blasfemaram do Deus do céu pro causa das suas dores e ulceras, e não se arrependeram das suas obras.

Na quinta Era, o quinto anjo derrama sua taça "sobre o trono da besta", ou seja, nesta Era, há um trono da besta, há um Império de Satanás, há uma cidade do demônio. "Tornou-se tenebroso" mais do que era, e sofreram todos os que estavam sob este império, isto é, toda a terra, por causa das revoluções ocorridas neste tempo.

Por que toda a terra? Primeiro, por causa do testemunho, dado que o católico que vive nesta Era sabe que neste mundo quem reina é Satanás. Segundo, S. João não mencionaria uma praga no trono da besta se, no decurso da história, esta praga não fosse tão importante. Assim, não nos parece que S. João mencionaria se fosse um ou outro reino, ou nação pequena governada por gente inimiga da Santa Religião. Ademais, as "dores e ulceras" são evidências de um Castigo não só material, mas moral. Esta é a Era da tirania, do abandono. 

Se estes versículos lembram a primeira praga da primeira taça, é por causa da semelhança com os castigos prévios à destruição de Jerusalém, isto é, assim como houve castigos prévios à destruição de Jerusalém, também tem havido e haverá castigos morais e materiais prévios até o tempo próprio da parte final deste Castigo, que será engendrado pelo Papa Santo. Estas prévias são, em si, já parte do Castigo.

12-16 - O sexto anjo derramou a sua taça sobre aquele grande rio Eufrates, e secaram-se as suas águas, a fim de se abrir caminho aos reis do oriente.

Vi sair da boca do dragão, da boca da besta, e da boca do falso profeta, três espíritos imundos semelhantes a rãs, que são espíritos de demônios, que fazem prodígios, e que vão aos reis de toda a terra, a fim de os juntar para a batalha no grande dia do Deus onipotente. Eis que venho como um ladrão (diz o Senhor). Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu e não vejam a sua vergonha. Eles o juntou num lugar que, em hebraico, se chama Armagedon.

"O sexto anjo derramou a sua taça sobre aquele grande rio Eufrates, e secaram-se as suas águas, a fim de se abrir caminho aos reis do oriente": como veremos no capítulo V, e ainda veremos neste capítulo, a China se converterá, o que parece estar indicado na "na vinda dos reis do oriente". 

"Vi sair da boca do dragão, da boca da besta, e da boca do falso profeta, três espíritos imundos". Parece ser um paralelo contrário aos três apóstolos principais da restauração da Igreja, que ocorrerá nesta época. Um é dragão, pois expele fogo em oposição ao Papa Santo, aquele que fará fogo descer do céu na sexta Era, outro é uma besta, pois tem um trono como o Grande Monarca, e outro o falso-profeta, porque se opõe ao Grande General, que terá missão profética dada pelo Papa Santo.

"Três espíritos imundos semelhantes a rãs, que são espíritos de demônios, que fazem prodígios, e que vão aos reis de toda a terra, a fim de os juntar para a batalha no grande dia do Deus onipotente". Tentam reunir os governantes da terra para a guerra que purificará toda a terra. 
  
Nosso Senhor ajunta: "Eis que venho como um ladrão (diz o Senhor). Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu e não vejam a sua vergonha", criticando a pouca vergonha, a luxúria que o Papa Santo com seus apóstolos denunciarão e batalharão para extirpar do mundo.

17-21 - O sétimo anjo derramou a sua taça pelo ar, e saiu uma grande voz do templo (vindo) do trono, que dizia: está feito. Seguiram-se relâmpagos, vozes e trovões, e houve um grande terremoto, tão grande que nunca houve outro igual desde que existiram homens sobre a terra. A grande cidade foi dividida em três partes, e as cidades das nações caíram; e Babilônia, a grande, foi recordada por Deus, para lhe dar a beber o cálice do vinho da indignação da sua ira. Todas as ilhas fugiram e os montes não foram achados. Caiu do céu sobre os homens uma grande chuva de pedras, como do peso de um talento. Os homens blasfemaram de Deus, por causa da praga da pedra, porque foi grande em extremo.

"Está feito", ou como disse Nosso Senhor na Cruz: "está consumado". Acabou a praga final sobre a terra, a taça da Ira de Deus na sétima Era, e agora virá o juízo final. Os tremores de terra, do ar, da luz, "tão grande que nunca houve outro igual desde que existiram homens sobre a terra", porque o mundo entrou em transformação, porque haverá novos céus e nova terra.

Então, "todas as ilhas fugiram e os montes não foram achados". As "cidades das nações caíram" porque toda cidade, todo o mundo foi abalado e destruído, para então ser renovado por Nosso Senhor. A "chuva de pedras" parece indicar a chuva de fogo, que virá como uma chuva de meteoros em fogo, como parece indicar o versículo. 

 Próximo deste capítulo: O Santo Rosário e o Escapulário do Carmo da Virgem Maria nas prefiguras e profecias bíblicas