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Bíblia, Papas, Santos, prelados e teólogos deram medida de modéstia e pudor?

S. Padre Pio, rogai por nós!

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados" (volume II, 2a edição).

Artigo ordenado, melhorado e unido de dois antigos sobre o mesmo tema que continham compilados da Bíblia, Papas e de Santos e prelados.

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Por falta de texto mais autorizado sobre a Sagrada Escritura e sobre objeções, incluímos o que nos parece razoável sobre, tendo em vista os compilados.


Sumário deste artigo:

- Sagrada Escritura
- Papas
- Santos
Objeções e Respostas 


- Sagrada Escritura

O Gênesis III indica que, depois do pecado original, apesar de estarem sós e serem casados, Deus vestiu Adão e Eva.

"Feliz aquele que vigia e guarda as suas vestes para que não andes nu, ostentando a sua vergonha", Apocalipse XVI.

"
Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, tomaram  as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. Tomaram também a túnica. Quanto à túnica, que não tinha costura, toda tecida de alto a baixo, disseram uns para os outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver a quem tocará. Cumpriu-se deste modo a Escritura, que diz: Repartiram as minhas vestes entre si, e lançaram sortes sobre a minha túnica (Sl. 22,19). Os soldados assim fizeram." S. João XIX. Sendo Deus Encarnado o modelo de modéstia, e a noção histórica de que o “alto” não acabava nos cotovelos, nem o “baixo” nos joelhos, temos aqui a medida de modéstia mais perfeita, dada pelo próprio Deus. Por isso, nas imagens religiosas, Nosso Senhor Jesus Cristo só foi representado com pouca roupa na hora ignominiosa da Paixão e Crucifixão.

Em recinto sagrado, no Novo Testamento os trajes femininos e masculinos deverão ser diferentes: "Julgai vós mesmos: é decente que uma mulher faça oração a Deus, com a cabeça descoberta? E não vos ensina a própria natureza que é desonroso para o homem deixar crescer os cabelos? Pelo contrário, é glória para a mulher deixá-los crescer, porque os cabelos foram-lhe dados como véu (para se cobrir). Se alguém quiser contestar (o que digo), (fique sabendo que) nós não temos tal costume, nem as Igrejas de Deus." I Cor XI. A mulher é exortada a se vestir com modéstia em I Tim 2. De fato, Nossa Senhora sempre foi representada muito recatada nas imagens.

Em qualquer tempo, no Antigo Testamento os trajes femininos e masculinos deverão ser sempre diferentes: "Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus", Dt XXII.

- Papas
 

Pio XII contra as roupas que oferecem perigo de pecado ao próximo, contra as roupas que exibem as coxas, etc

“(...) a modéstia – a própria palavra “modéstia” vem de modus, uma medida ou limite – provavelmente expressa melhor a função de governar e dominar as paixões, especialmente as paixões sensuais. Ela é o baluarte natural da castidade. É seu baluarte natural porque ela modera os atos que estão estreitamente conectados com o próprio objeto da castidade (...)

Mas, não importa quão ampla e variável seja a moral relativa das modas, sempre haverá uma norma absoluta para guardar depois de ter escutado a admoestação da consciência advertindo ao se aproximar do perigo: um estilo jamais deve ser uma ocasião próxima de pecado.” [1].

“Lemos na “Passio SS. Perpetuae et Felicitatis” – com justiça considerada uma das jóias mais preciosas da literatura cristã primitiva – que, no anfiteatro de Cartago, quando a mártir Vibia Perpétua, jogada para o alto por uma vaca selvagem, caiu no chão, seu primeiro pensamento e ação foi arrumar o vestido de modo a cobrir sua coxa, porque ela estava mais preocupada com a modéstia do que com a dor.” [2]

Bento XV

“Desde este ponto de vista não podemos deixar de condenar a cegueira de quantas mulheres de todas as idades e condição; feitas tontas pelo desejo de agradar, elas não vêem a que nível a indecência de suas vestes chocam a todo homem honesto, e ofendem a Deus. A maioria delas teriam, em outras épocas, se envergonhado com esses estilos por grave falta contra a modéstia Cristã; e já não é suficiente que elas se exibam na via pública; elas não tem medo de cruzar as portas da Igreja, a assistir o Santo Sacrifício da Missa, e até de levar a comida sedutora das suas paixões vergonhosas até o Altar da Eucaristia onde recebemos o Autor celeste da pureza.”. [3]

Pio XI contra as roupas indecentes, incluso as de ginástica

I. O padre da paróquia e, especialmente, o pregador, quando a oportunidade surgir, deverá, segundo as palavras do Apóstolo Paulo (I Tim 2,9), insistir, argumentar, exortar e ordenar que o traje feminino seja baseado na modéstia e que o adorno feminino seja uma defesa da virtude. Deixá-los igualmente advertir aos pais para fazer com que suas filhas deixem de vestir trajes indecorosos (...).


"III. Que os pais mantenham suas filhas longe do público de jogos e competições de ginástica, mas se as suas filhas são obrigadas a frequentar essas exposições, deixá-los ver que elas estejam totalmente e modestamente vestidas. Que eles nunca permitam que suas filhas usem trajes indecentes. (...)

V. As Superioras mencionadas e professores não devem receber em suas faculdades e escolas meninas vestidas indecentemente, e não devem nem mesmo abrir uma exceção no caso das mães dos alunos. Se, após a admissão, as meninas insistirem em vestir-se indecentemente, as alunas devem ser rejeitadas. (...)

IX. Donzelas e mulheres vestidas indecentemente devem ser impedidas de receber a Comunhão e de atuar como madrinhas dos sacramentos do Batismo e da Confirmação, e, além disso, se o delito for extremo, podem mesmo ser proibidas de entrar na Igreja" [4]..

- Santos
 

São Leonardo de Porto Maurício (1676-1751) contra o traje que rouba de Deus os olhares (vale tanto para o exagerado, quanto para o imodesto)

"Uma mulher, que entra na Igreja com um traje espaventoso, atrai todos os olhares, e queira Deus não atraia também os corações, arrebatando ao Senhor as devidas adorações. (...) quanto me escandalizam certas pretensiosas que, com seus penteados ridículos e ares de atrizes, assumem poses de deusas no lugar santo. (...)

Se, entretanto, ides à Igreja com certos trajes escandalosos, mereceis todas as censuras. Transformeis o templo sagrado em covil de ladrões, pois roubais a Deus a honra, pelas distrações que provocais aos sacerdotes, aos ministros, a todo o povo". [5]

São Tomás de Aquino (1225-1274) com citação de Santo Agostinho (354-430)

“ (...) o mau uso dessas coisas da aparência exterior pode vir também de uma descontrolada afeição a elas e parte do usuário, levando-o, por vezes, a utilizá-las de modo sensual demais, esteja ele de acordo ou em desacordo com os costumes locais. Por isso, recomenda Agostinho: ‘Não se deve usar nada com paixão, pois esta não só ofende, perversamente, o costume daqueles entre os quais se vive, como também, ultrapassando-lhes, muita vez, os limites, manifesta, com rompantes escandalosos, um descaramento antes escondido sob o véu de costumes públicos’.

Ora, essa afeição desordenada pode manifestar seu exagero de três formas (...). Outra manifestação dessa exagerada preocupação com a roupa acontece quando nisso se buscam os prazeres do corpo, vendo na roupa um atrativo para tais prazeres". [6]
Imagem não original nossa

"Os adornos das mulheres estão isentos de pecado mortal? (...)

RESPONDO. Em relação aos adornos das mulheres, devem-se fazer as mesmas observações antes feitas, em geral, sobre a apresentação exterior, destacando, porém, algo especial, ou seja, que os adornos femininos despertam a lascívia nos homens, segundo o livro dos Provérbios, 7: ‘Eis que essa mulher lhe vem ao encontro, trajada qual prostituta, toda insinuação’. No entanto, pode a mulher, licitamente, empenhar-se por agradar ao marido, para evitar que ele, desdenhando-a, venha a cair em adultério. Por essa razão, se diz na primeira Carta aos Coríntios, 7: ‘A mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo: ela procura como agradar o marido’. Portanto, se a mulher casada se enfeita para agradar ao marido, pode fazê-lo sem pecado. Mas as que não têm marido nem os querem ter e vivem em celibato, não podem, sem pecado, querer agradar aos olhos dos homens, para lhes excitar a concupiscência, porque isso seria incentivá-los a pecar. Se, pois, se enfeitarem com essa intenção de provocar os outros à concupiscência, pecam mortalmente. Se o fizerem, porém, por leviandade, ou mesmo por um desejo vaidoso de aparecer, nem sempre será pecado mortal, mas às vezes venial. Diga-se o mesmo, aliás, a respeito dos homens. Por isso, escreve Agostinho: ‘Sugiro-te que não te precipites em proibir enfeites de outro ou vestes preciosas, a não ser aos que, não sendo casados nem querendo sê-lo, deveriam pensar em como agradar a Deus. Quanto aos outros, eles pensam nas coisas do mundo: os maridos, como agradarão às esposas; as mulheres, como agradarão aos maridos, sempre com a ressalva feita pelo Apóstolo, a saber, nem às mulheres casadas convém trazer os cabelos descobertos’. Nesse caso, porém, ainda é possível que algumas mulheres fiquem isentas de pecado, se não agirem por vaidade, mas por um costume contrário, embora não recomendável" [7].

São Padre Pio (1887-1968)

"Padre Pio não tolerava vestidos curtos ou com decotes baixos, saias justas, e ele proibiu suas filhas espirituais de vestir meias-calças transparentes. A cada ano a sua severidade aumentava. Ele teimosamente mandava embora do seu confessionário, mesmo antes de pôr o pé dentro, quem ele julgasse estar indevidamente vestidas. Em algumas manhãs, ele expulsou uma após a outra, até que ele acabou por ouvir muito poucas confissões. Seus irmãos observaram estes drásticos expurgos com certo mal-estar e decidiram pregar uma placa na porta da igreja: “Por desejo explícito do Padre Pio, a mulher deve entrar no confessionário vestindo saias PELO MENOS 20 CENTÍMETROS ABAIXO DO JOELHO. É PROIBIDO EMPRESTAR UM VESTIDO LONGO NA IGREJA PARA USÁ-LO PARA A CONFISSÃO“ "[8].

"Uma vendedora de calças dona de uma loja de varejo em Vancouver foi se confessar na Itália com Padre Pio e teve sua absolvição foi recusada:

“Ele ordenou que ela voltasse para casa no Canadá e se livrasse de todo seu estoque, e não desse qualquer um dos itens para as pessoas que poderiam usá-los, e se ela quisesse sua absolvição, poderia voltar à Itália e recebê-la, só depois que ela realizasse impiedosamente suas ordens” "[9].

"Shorts e mangas curtas, até em crianças não era aceito pelo Padre Pio. Para um homem indo para a confissão de maga curta ele disse: “ou alongue as suas mangas ou encurte seus braços” "[10].

"Uma garota de mini-saia foi informada que era preciso de um vestido maior para se confessar com o Padre Pio. Ela foi na loja com a mãe comprar as roupas apropriadas. Olhando a si mesma no espelho com o novo vestido ela disse: “Se eu o meu namorado me vesse assim ele iria pensar que eu sou um palhaço”. Quando sua vez de se confessar chegou e a portinhola abriu, ela ouviu “Vai embora! Eu não confesso palhaços“ "[11]

São Francisco de Sales (1567-1622)

"São Paulo quer que as mulheres cristãs (o que há de entender-se também dos homens) se vistam segundo as regras da decência, deixando de todo excesso e imodéstia em seus ornatos. Ora, a decência dos vestidos e ornatos depende da matéria, da forma e do asseio" [12].

Cardeal Siri (1906-1989)

“ (...) para uma roupa ser modesta, no entanto, ela não deve somente cobrir o corpo, mas também não ficar apertada demais no corpo. É verdade que muitas roupas femininas colam mais do que muitas calças, mas as calças podem ser feitas para apertarem mais, e de fato geralmente apertam. Por isso, este tipo de roupa, colada ao corpo, nos dão a mesma preocupação quanto às roupas que expõem o corpo. Então a imodéstia das calças masculinas no corpo feminino é um aspecto do problema que não pode ser deixado sem uma observação geral sobre elas, ainda que não deva ser superficialmente exagerado também”. [13]

Cardeal Pompili (1858-1931)

"Para que a uniformidade no entendimento (a respeito da modéstia) prevaleça (…) recordamos que um vestido não pode ser chamado de decente se é cortado mais que a largura de dois dedos sob a cova da garganta, se não cobre os braços pelo menos até os cotovelos, e se mal chega até um pouco abaixo dos joelhos. Além disso, os vestidos de materiais transparentes são impróprios" [14].

- Objeções e Respostas 

Objeção 1: 
os hábitos de vestimenta mudam. 

Resposta à 1: os hábitos mudam, as cores, os tecidos, os bordados e cortes das roupas mudam. Porém, o recato e o pudor não mudam, pois se pautam no corpo humano, que é idêntico em todo mundo. Embora a percepção de cada povo com relação à modéstia varie, certas partes do corpo feminino, se visíveis ao homem, seja por roupa colada ou por nudez, são evidentemente uma tentação à pureza. Quem faz o trabalho do tentador colabora com o maligno.

Objeção 2: 
mulheres búlgaras enviaram ao Papa S. Nicolau suas preocupações com o uso de calças [femoralia] por elas, o que foi desconsiderado por aquele Pontífice.

Resposta à 2: as roupas das mulheres búlgaras daquele tempo, como as de todas as épocas no passado com exceção do século XX e XXI, em nada se assemelhavam exteriormente às dos homens daquela época. Antes usavam a referida calça abaixo de outros trajes tipicamente femininos como a saia. Quem sustenta o contrário, deve mostrar imagens de que aquelas mulheres portavam uma roupa com forma exterior idêntica à masculina, e não criar hipóteses sobre o que tem resposta histórica correta.

No áudio abaixo, o prof. Plinio conta como os moralistas ensinavam questões relativas às vestimentas no passado recente em relação ao áudio (dos anos 70)


Papas e Teólogos contra a piscina mista e a praia moderna. A fuga da ocasião de pecado próximo

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[1] S.S. Pio XII, 8 de novembro de 1957, The Pope Speaks Vol. IV, No. 3, págs. 273-285.
[2] Ed Franci de Cavalieri, 1896, p. 142-144 Op. Cit. S.S. Pio XII - Alocução às meninas da Ação Católica, 6 de outubro de 1940 em Papal Teaching, The Woman in the Modern Word, St. Paul Editions (1958)
[3] Bento XV, Encíclica Sacra Propediem, 1922.
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xv/encyclicals/documents/hf_ben-xv_enc_06011921_sacra-propediem_en.html
[4] Cardeal Donato Sbaretti, Prefeito, Sagrada Congregação do Concílio, Roma, 12 de janeiro de 1930. Aprovado por Pio XI.
[5] Exemplos para as pessoas de categoria, no livro Excelências da Santa Missa do Santo
[6] Suma Teológica, Segunda Parte da Segunda Parte, Questão 169, Artigo 1, Ed.Loyola
[7] Suma Teológica, Segunda Parte da Segunda Parte, Questão 169, Artigo 2, Ed.Loyola
[8] Dorothy Gaudiose, Prophet of the People, pp. 191-2.
[9] Anne McGinn Cillis, Arrivederci, Padre Pio, A Spiritual Daughter Remembers.
[10] Io...testimone del padre, Pág. 54, Modestino da Pietrelcina
[11] Pg.152 Iasenzeniro, F. M. (2006). The "Padre" saint Pio of Pietrelcina. His mission to save souls. Testimonies. San Giovanni Rotondo: Edizioni Padre Pio
[12] São Francisco Sales, Filotéia, parte III, cap. 25.
[13] Notificação concernente às mulheres que vestem roupas de homem, pelo Cardeal Giuseppe Siri, Genova, 12 Junho de 1960. Traduzido do website El Cruzado.
[14] 24 de setembro de 1928, Instrução sobre a modéstia do Cardeal Basilio Pompili, Op.Cit. Dressing with Dignity, Collen Hallmond.

Bíblia, teólogos e santos contra a imodéstia feminina nos adornos faciais externos como maquiagem, tingimento capilar e coisas análogas a homens


S. Cipriano, rogai por nós!
Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Volume II, 2a edição)". Iniciamos, como de praxe, apresentando textos da tradição, e depois propomos respostas a objeções na falta de tratamento atual mais autorizado e abalizado.

Bíblia Sagrada sobre a história de Tamar, que se fingiu de prostituta para Judá cobrindo o rosto para não ser reconhecida

“Judá, tendo-a visto, julgou que era meretriz, porque tinha coberto o seu rosto para não ser reconhecida. Chegando-se a ela, disse: Deixa que me junte contigo. De facto ignorava que fosse sua nora. Ela disse: Que me darás por isso? Ele respondeu: Mandar-te-ei um cabrito dos (meus) rebanhos. Ela replicou: Consentirei no que queres, contanto que me dês um penhor, até que mandes o que prometes.

Judá disse: Que queres tu que te dê por penhor? Respondeu: O teu anel, e o cordão e o cajado que tens na mão. Ele deu-lhos, esteve com ela, e a mulher concebeu com esse ajuntamento. Depois, levantando-se, retirou-se, e, deposto o traje que havia tomado, vestiu-se com os vestidos de viúva. 

Ora Judá mandou o cabrito pelo seu pastor odolamita, para receber o penhor que tinha dado à mulher; ele, porém, não a tendo encontrado, perguntou aos habitantes daquele lugar: onde se encontra aquela mulher que estava sentada na encruzilhada? Responderam-lhe todos: Neste lugar não esteve meretriz alguma.

Voltou para Judá, e disse-lhe: Não a encontrei; além disso, os homens daquele lugar disseram-me que nunca ali estivera sentada meretriz alguma. Judá disse: Guarde ela (o penhor que lhe dei); ao menos não pode acusar-me de mentira: mandei o cabrito que tinha prometido e tu não a encontraste. 

Mas, três meses depois, foram dizer a Judá: Tamar, tua nora, prostituiu-se, e vê-se que está grávida. Judá disse: Tirai-a para fora para ser queimada. Enquanto era conduzida ao suplício, mandou dizer a seu sogro: Eu concebi do varão, de quem são estas coisas: vê de quem é o anel, e o cordão, e o cajado. Ele, reconhecidas as dádivas disse: Ela é mais justa do que eu, pois que a não entreguei a meu filho Sela. Ele, todavia, não a conheceu mais.” Gen XXXVIII

Vendo a dificuldade de que não pudesse ser reconhecida em uma relação fisicamente tão próxima, alguns antigos alegaram que foi a providência divina que cegou Judá, pois Tamar tinha boa vontade e só queria ter um filho, e Judá a havia dado seu filho Onan, que havia sido morto pelo pecado do onanismo, e agora não a dava o seu filho Sela, talvez achando que eles se sujeitaram a um pecado ou tiveram um pecado apoiado por Tamar. 

O jesuíta Cornélio a Lapide rebate isso informando que Judá só pecou por fornicação, uma vez que era viúvo também, já Tamar pecou por fornicação, quase-adultério (Tamar era prometido ao último filho de Judá), e incesto (era Judá o pai de seu falecido marido Onan).

Assim, ou Judá não reconheceu Tamar no seu véu adensado, ou ela usava maquiagem forte, ou usava ambos. Seja qual for a verdade, a conclusão é: qualquer adorno facial externo que torne o homem irreconhecível não é modesto, e por isso há milênios é tipicamente adorno de meretriz.

São Cipriano (200-258)

"14 (...) Os anjos pecadores e apóstatas exibiram tudo isso por seus artifícios, quando, precipitados nos contágios terrestres, se afastaram da força celeste. Eles ensinaram a pintar os olhos contornando-os de preto, a colorir as faces com falso rubor, a metamorfosear a cabeleira por meio de coloridos falsificados e a destruir toda a verdade da boca e da cabeça pelo ataque de sua corrupção.

15. Neste ponto, pelo temor que a fé nos sugere, pelo amor que a fraternidade exige, julgo dever exortar não só as virgens ou as viúvas, mas também as casadas e todas as [demais] mulheres a não corromperem de modo algum o trabalho de Deus, as suas obras e modelos, aplicando-lhes a cor loura, pó negro ou vermelho, ou qualquer preparado que falsifique os traços naturais. Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1:26) e alguém ousaria transformar e mudar o que Deus fez! Atacam ao próprio Deus quando se aplicam a reformar e transmutar o que ele formou, ignorando ser obra de Deus tudo o que é natural, e do demônio tudo o que é alterado. Se um artista fixasse numa a fisionomia de alguém, exprimindo adequadamente a [sua] aparência e os [seus] traços, e, uma vez terminado e pronto o trabalho, um outro resolvesse pôr a mão em seu quadro para reformar o que já fora delineado e pintado, como se fosse mais qualificado, essa ação pareceria um grave insulto ao primeiro artista e causa de justa indignação; e crês que cometerás impunemente a tão perversa e temerária audácia de teres ofendido ao Deus criador? Embora por tais disfarces sedutores não sejas impudica e impura em relação aos homens, és pior que uma adúltera, corrompendo, assim, e violando o que é de Deus. O que pensas ser adorno, o que pensas ser enfeite é atentado contra a obra divina, é prevaricação da verdade.

16. Porventura a sinceridade e a verdade persistem, quando o que é autêntico é maculado pela adulteração das cores, e o que é verdadeiro se transforma em mentira pelos disfarces dos preparados? O teu Senhor diz: “Não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo” (S. Mateus V, 36). E tu, para sobrepujar a palavra do Senhor, queres ser mais poderosa, ungindo os teus cabelos numa tentativa audaz e com desprezo sacrílego! Com mau presságio do futuro, já vaticinas teus cabelos vermelho-fogo e pecas – ó crime – contra a tua cabeça, isto é, a parte mais nobre do corpo. Pois está escrito [a respeito] do Senhor: “Tinha a cabeça e os cabelos brancos como a lã ou a neve” (Ap. I, 14) e tu abominas as cãs, detestas a brancura que tem semelhança com a cabeça do Senhor! (...).

17. Tu que assim procedes, pergunto, não receias que, quando chegar o dia da ressurreição, o teu Criador não te reconheça? Que, quando vieres para receber os prêmios prometidos, ele te afaste e exclua? Que, repreendendo-te com energia de censor e juiz, diga: “Isto não é minha obra, nem é nossa imagem”? Sujaste a cútis com falsos preparados, modificaste a cabeleira adulterando-lhe a cor, tua face foi vencida pelo disfarce, teu rosto foi poluído, tornou-se estranho o teu semblante. Não poderás ver a Deus, porque os teus olhos não são os que Deus fez, mas os que o demônio desfez. Tu o seguiste, imitaste os vermelhos e tingidos olhos da serpente; ornada à custa do teu inimigo, arderás juntamente com ele."" [1].

São João Batista de La Salle

Entenda-se primeiro que muitos escritos deste santo falam de hábitos de seu tempo, como o caso da peruca masculina abaixo (de uso comum na França da época) enquanto outros são regras a-temporais:

"Não há ninguém que não deva tomar como regra e prática se pentear todos os dias e nunca se deve aparecer diante de quem quer que seja com os cabelos em desalinho e sujos. Tenha-se sempre cuidado de que não tenham vermina nem piolho. Esta precaução e este cuidado é muito importante ao se tratar de crianças (...). Embora não se deva colocar facilmente pó nos cabelos e porque isto denota um homem efeminado, deve-se contudo ter o cuidado de não ter os cabelos gordurosos.

Se São Pedro e São Paulo proíbem às mulheres fazerem os cabelos, condenam com mais forte razão certos enfeites dos homens que, por terem naturalmente menos inclinação a esta sorte de vaidade do que as mulheres, por conseguinte, devem ter muito mais desprezo por isto e ficar bem mais longe de se entregar a isso (...).
 

Uma peruca é muito mais acertada e conveniente para a pessoa que a usa quando é da cor do cabelo do que quando é castanha ou loira. Contudo há gente que a usa tão encrespada e tão loira descolorada de maneira que mais parece mulher do que homem (...)" [2].

"Não é cortês deixar sujeiras ou barro no rosto (...). Uma coisa muito inconveniente e que manifesta um excesso de vaidade que não convém aos cristãos é colocar moscas (pintas) no rosto e pintá-lo com o uso de pó branco ou vermelho" [3].

Santo Tomás de Aquino

“É preciso, no entanto, observar que uma coisa é falsificar uma beleza que não se tem, e outra coisa é esconder uma desfiguração decorrente de alguma causa, como a doença ou outra coisa qualquer. Para isso é legal, pois, segundo o Apóstolo (I Coríntios XII, 23), “como nós pensamos ser os membros menos honrosos do corpo, sobre estes nós colocamos muito mais honra.” [4]

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Tratemos agora de objeções que podem surgir de conclusões erradas a partir da leitura dos santos. Essa parte, assim como outros deste trabalho, está OBEDIENTEMENTE SUJEITA à censura eclesiástica.

Obj. 1: Toda maquiagem desfigura o natural da aparência feminina, logo, todas são proibidas.

Resp: se condena, como está explícito pelo começo, o "enfeite que desfigure a fisionomia natural". Se os brincos são enfeites que desfiguram a aparência em certo grau, por outro lado são citados (Ex XXXII, 2-4, Gn XXIV, 47) sem condenação por causa que não mudam o natural da aparência. Há uma diferença entre realçar o natural e mudá-lo. Portanto, realçar a fisionomia natural é lícito com a maquiagem, enquanto desfigurá-la, não. Logo, nem toda maquiagem é lícita. 

Obj. 2: A mulher que nasceu ou adquiriu algum defeito, não proveniente do decurso natural da raça humana, seja no rosto, cabelo ou corpo, e que seja facilmente corrigido usando recurso como maquiagem, tinta, etc, não pode usar esses recursos visando corrigir, pois estará pervertendo a fisionomia natural.

Resp: Maquiagem para corrigir defeitos acidentais da natureza humana não desfigura a fisionomia natural, mas antes a resgata, pois pelos acidentes da natureza muitos possuem tais problemas. Por exemplo, possuir cabelo branco na juventude por algum defeito natural e corrigir pintando da cor original, colocar peruca da cor natural do cabelo para corrigir uma falha genética de calvície fora do tempo, esconder com pó da cor da pele as olheiras, espinhas, cicatrizes, queimaduras, etc. Muito diferente é o exemplo da mulher anciã que pinta o cabelo branco da cor do cabelo de sua juventude, pois estará contra o decurso natural da raça humana. 

Obj. 3: É possível um homem usar maquiagem ou pintar o cabelo, seja para embelezamento, seja para correção de defeitos acidentais como espinhas, cicatrizes, queimaduras, etc.

Resp: São Cipriano abaixo sequer expôs a problemática de homens maquiados, dado que isso já era impensável, de tal maneira o papel do homem e seu simbolismo era muito claro naquele tempo. De fato, o homem representa a parte rude, batalhadora, e trabalhadora da humanidade, que com suor ganha seu pão. Esse suor, que profetizou Deus no Gênesis, representa as escoriações, as dores e, mais que tudo, as marcas da vida dura depois do pecado original. "Não vos ensina a própria natureza que é desonroso para o homem deixar crescer os cabelos?" (I Cor 11:15) diz São Paulo, nos mostrando que tais adornos são contra a dignidade do homem, enquanto as marcas da vida, ou seja, o suor, não o são. Porém, não é por isso que o homem deve procurar se mutilar, ou estar sempre suado, não penteado, etc, porque há uma diferença entre sujeira e marca da vida. Já a mulher não deve seguir a natureza do homem nesse tema, pois "a mulher é a glória do homem" (I Cor 11:7), isto é, como imagem da glória deste deve ser a mulher forte que "vestiu-se de linho fino e de púrpura" (Prov XXXI, 22).

Obj. 4: A mulher pode usar maquiagem ou pintar o cabelo para esconder o decurso natural de sua fisionomia, como pintar os cabelos brancos pela velhice, porque com isso pretende-se resgatar sua fisionomia natural, que é a da juventude.

Resp: A fisionomia natural de todo ser humano está ligada ao pecado original, presente em toda a raça humana. Logo, é preciso não confundir a fisionomia natural na terra com a fisionomia natural no céu, onde cada um terá seus cabelos, sua pele, tudo em seu corpo de modo belíssimo sem as falhas do pecado original e dos problemas genéticos grandes ou pequenos, e todos terão a idade de Cristo: 33 anos. Portanto, resgatar a fisionomia natural, nesta terra, é resgatá-la de acordo com o modo que Deus dispôs a natureza e o decurso natural do homem decaído.

Obj. 5: No Ancién Régime era aceitável e não parece ter sido condenado pela Igreja que as pessoas, mesmo homens, usassem peruca extravagantes, diferentes em cores e formatos ao seus cabelos originais. Logo, não se pode argumentar contra a mudança de aparência por maquiagem.

Resp: No Ancién Régime essas perucas eram consideradas como se fossem chapéus, adornos da época com seu simbolismo próprio, já que eram obviamente perucas e, generalizadas na época, todos sabiam que não visavam mudar a aparência. Mesmo assim, nos textos vemos que São João Batista de la Salle falou sobre o abuso do seu uso, isto é, falou contra as feminilizadas pela estrutura, ou as que eram de uma cor alheia à natural do cabelo. Já as perucas brancas eram usadas por juízes, o que se entendia como um adorno que mostrasse a respeitabilidade que merecem, assim como a branquíssima e longa usada por reis.

Obj. 6: Pode-se transformar o cabelo em um estilo que ele não é, nem tem tendência a ser. Ademais, se nosso cabelo for tendente ao tipo Y e em menor grau ao x, podemos transformá-lo inteiramente no tipo x. Por exemplo, quando um cabelo for metade-metade (Yx), com uma tendência a ser liso (Y), pode-se torná-lo não-liso (x).

Resp: Não se pode modificar a estrutura natural do cabelo pelos mesmos motivos dados para a maquiagem e o pintar dos cabelos. Do mesmo modo ao que não possui tendência dominante, pois a todos é perceptível que se mudou o cabelo, diferentemente do que ocorre com aquele que mudou o acidental no cabelo.

Obj. 7: Neste raciocínio, não se pode tornar um cabelo completamente de um tipo x se só há tendência ao tipo x, ou seja, um cabelo Xy. Tampouco usar fixador ou gel, ou outra coisa para parecer sempre molhado.

Resp: Pode-se tornar o cabelo tendente ao liso mais liso, por exemplo, tirando o volume, pontas, etc: isso é ajeitar o cabelo, embora não necessariamente fique harmônico em todos os rostos. A razão é que quando X é o estilo dominante do cabelo, não se percebe que este está modificado para aumentar sua capacidade X, porque a tendência do tipo não dominante na aparência é insignificante, por isso mesmo esse nome.
 

Já o gel ou fixador, ou outro meio que deixe cabelo com aparência de molhado não é anti-natural porque muitas vezes uma pessoa se apresenta com o cabelo molhado, ou seja, esse modo é natural, ainda mais se a pessoa gosta de tomar muitos banhos, ou lavar muito a cabeça. O molhado não modifica a estrutura e textura do cabelo. Afinal, muitas vezes não se distingue entre o cabelo molhado e aquele com o produto que dá essa aparência.

Obj. 8: Não pode mudar a estrutura do cabelo significa não poder prender o cabelo, não poder usar tranças, não poder usar moderadamente um alisador no cabelo por causa do frizz ou outro problema, etc.

Resp: Assim como o uso do gel não modifica a aparência natural do ser humano, porque muitas vezes a pessoa pode estar com cabelo molhado, o mesmo raciocínio se aplica ao uso de tranças, o hábito de prender o cabelo, o uso moderado de alisador por causa de problemas de frizz, etc. Afinal, ninguém, vendo uma pessoa com o cabelo preso ou usando trança, acha que a pessoa mudou a aparência natural do cabelo.

Enquanto não promovam publicamente um igualitarismo entre os sexos, o que só pode ser julgado pela época em que a pessoa se insere, esses hábitos são muito salutares.

Obj. 9: Não constituem maquiagem imodesta: usar cílios postiços quem não os perdeu por defeito ou acidente. Pintar em volta dos olhos de cores diferentes da natural. Pintar a boca de uma cor diferente da natural. Pintar o cabelo de uma cor diferente da natural. Pintar da cor natural os cabelos brancos pela velhice. Mudar a estrutura e a cor natural do rosto com mescla de pós coloridos. Usar lente de contato para aumentar o tamanho dos olhos. Usar lente de contato para mudar a cor de um, ou dos dois olhos para uma cor diferente da natural. Usar lente de contato para mudar a cor natural de um, ou dos dois olhos para uma cor diferente das duas que a pessoa possui, por um problema genético. Aumentar ou diminuir, ou suprimir a sobrancelha natural por tatuagem ou algo semelhante. 

Resp: Refuta-se pelos textos e observações já feitas.

Obj. 10: Se não se pode mudar a aparência natural do corpo, a mulher não pode pintar as unhas de cores diferentes da natural, como vermelho, lilás, amarelo, o que pode servir para combinar com diferentes roupas. Também não é possível alongar as unhas.

Resp: Diferentemente do rosto ou do cabelo, a unha não se identifica completamente com a pessoa. Assim como a trança no cabelo natural, o uso de cor na unha não desfigura a aparência natural.

Mas isto não significa que a cor usada na unha possa ser totalmente variada, porque é necessário avaliar o aspecto social da prática: se onde a pessoa vive, x cor é associada com algo anti-católico em algum aspecto, não se deve usá-la. Mas se seu não-uso está associada socialmente a alguma falta de virtude católica ou desrespeito, deve-se usá-la. E se os dois cenários anteriores se misturam, só alguém inserido no contexto analisado pode avaliar.

Em termos abstratos e a-temporais, a avaliação de um adorno se resume assim: a moral católica tem a primeira palavra. Depois, analisa-se se o uso, ou se o não-uso de um adorno indica falta de virtude no contexto social em que a pessoa está inserida, e também se indica pertença a um grupo, pensamento, ou movimento anti-católico. Só os católicos com noção social e histórica poderão avaliar outros fatores, ou a mistura de todos.

O uso de cores variadas pode, entretanto, ser combinado com o uso de adornos coloridos moralmente neutros (no cabelo, por exemplo) que embelezam o convívio social, quando se quer contrastar com uma sociedade que quer igualar o homem e o animal, ou deixar todos nus em detrimento da beleza que eleva o espírito.

Quanto ao uso de elementos externos ao corpo para alongar as unhas, não se pode dizer o mesmo, pois o natural é que alguém não tenha a unha tão grande que, por isso, é universalmente associada à sujeira, por assemelhar-se aos animais de unhas cumpridas. Ademais, a Virgem Santíssima não usaria, se pudesse, unhas alongadas pois ao tomar o menino Jesus, iria machucá-Lo.
 






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[1] Obras completas I, San Cipriano, editora Paulus, coleção Patrística. "A conduta das virgens", p.35ss. Trocamos essa fonte, pois antes era tradução nossa da BAC, embora não estivesse má.
[2] "As Regras da Cortesia e da Civilidade Cristã", Parte 1, Cap. III, Dos Cabelos
[3] Idem, Parte 1, Cap. IV, Do Rosto
[4] Suma Teológica, II-II, Q. 169, Art. 2