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Santos e Teólogos sobre a música que deve ser evitada


São Basílio, rogai por nós!

Veja também o artigo anterior: Modéstia nos bailes e danças em livro elogiado por Pio XII e Paulo VI, prefaciado pelo Núncio D. Bento Masela

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados: manual do tradicionalista contra-revolucionário: Bíblia, Papas, Santos e Teólogos (Volume II, 2a edição)".

Teólogos

Certas danças foram enumeradas como imodestas por teólogos de renome (algumas vezes com aprovação do Pontífice Reinante) ainda na primeira metade do século XX.

Se algumas danças foram proibidas como opostas à moral católica, logo, os ritmos que levavam as pessoas para aquelas danças são, no mínimo, suspeitos.

Por isso, segue a transcrição da tese compilada do artigo anterior: "são proibidas as seguintes danças: cordões carnavalescos, conga, tango, o fox-tro, bailes infantis, foxtrote, turkey-trot, o kamel-trot, o schymmy, o check-to-check, o one-step, o two-spep, o Boston, o blues, o samba, o charleston, o jazz, o boogy-woogey, o chachachá, o calipso, o twist, o rock-and-roll, o guapachá, o kanndidance.  

Outras danças que ordinariamente são más pelas circunstâncias são: valsa, a polca, a mazurca, o xote, a redowa, a habanera".


São Basílio Magno (330-379)

"Ora, é preciso que purifiqueis vossas almas, para dizer o mínimo, ainda que em poucas palavras, desprezando os prazeres dos sentidos, não alimentando os olhos com espetáculos vãos que levam todos a se perder em ilusões, evitando, enfim, coisas e pessoas que acendam o fogo da concupiscência, e também jamais admitindo que, pelos ouvidos, entrem na lama os sons que a corrompem, pois uma música efeminada faz nascer os vícios mais vergonhosos e baixos. Devemos procurar uma música mais útil, que nos inspire sentimentos virtuosos, tal como Davi, que com sua harpa tocava divinamente as músicas sacras e fazia acalmar a fúria de Saul (1 Sm 16, 23). Dizem que um dia Pitágoras encontrou homens bêbados bastante animados, vindos de um banquete onde se haviam entregado a copiosas libações, e pediu ao músico que marchava à frente para mudar o tom e cantar somente no modo dórico. Isso os acalmou de tal modo que jogaram suas coroas no chão e deram meia volta, dirigindo-se para suas casas bastante confusos.

Podem-se se ver outros que se agitam ao som de flautas como coribantes ou bacantes (*coribantes, sacerdotes de cibele, celebravam as festas dessa deusa batendo tambores, pulando, dançando e correndo para todos os lados como dementes. E sabe-se com quais loucuras as mulheres, chamadas bacantes, celebravam as festas de Baco), tanto que há diferença entre uma música honesta e uma música licenciosa. Devemos, então, evitar aquelas que dominam os nossos dias, da mesma forma que se evitam os vícios mais vergonhosos.

Constrange-me ter de advertir que não se deve espalhar no ar fragrâncias de todas as espécies apenas para agradar o olfato, e ainda menos esfregar essências no corpo. O que dizer, então, dos prazeres do toque e do gosto, senão que aqueles que os procuram são escravos que vivem como animais a satisfazer seus ventres e os apetites mais grosseiros?

Em suma, é preciso desprezar o corpo se não quisermos nos afundar nas volúpias, assim como se afunda no lamaçal. Seu cuidado não deve exceder além daquilo que pode ser útil à sabedoria. É o que dizia Platão [1] e está de acordo com o que o Apóstolo Paulo nos advertiu sobre não satisfazer os desejos da carne, no temor de acender em nós os maus desejos. Os que têm cuidado excessivo com o corpo e negligenciam, como não tendo valor, a alma, assemelham-se àqueles que muito amam os instrumentos de uma arte, sem ao menos se dedicar à arte a qual eles servem. É preciso o quanto antes castigar o corpo e domá-lo como a um animal feroz. E a razão nos serve de freio para conter os movimentos tumultuosos que se agitam na alma. Não deixemos as rédeas soltas, para que o espírito não seja impulsionado pelas paixões, assim como um cocheiro é arrastado por cavalos indóceis.

Lembremos das palavras de Pitágoras que, vendo um de seus discípulos entregando-se à boa mesa e ganhando muito peso, disse-lhe: "Quando deixará de preparar a si mesmo uma prisão tão severa?". Também de Platão, que sabia o quanto o corpo pode prejudicar a alma: dizem ter ele escolhido propositalmente um lugar insalubre para a sua Academia para podar os confortos do corpo [2], assim como se poda uma videira quando ela tem folhas em excesso. Eu mesmo já ouvi um médico dizer que o excesso de saúde é perigoso" [3].

São João Crisóstomo (347-407)

"Eu preferiria que amasses o silêncio mais que tudo, mas se tu gostas de canções, escolhe as edificantes, não as satânicas. Em vez de dançarinas, convida o coro dos anjos para teu casamento. "Mas como podemos vê-los?", perguntas. Se rechaçares todas as outras coisas, o próprio Cristo virá para teu casamento, e onde Cristo vai, o coro de anjos o segue. Se tu pedires a Ele, Ele realizará para ti um milagre ainda maior que o de Caná: Ele transformará a água das tuas paixões instáveis no vinho da unidade espiritual, mas lembra: se Ele aparecer e encontrar os músicos e os convidados fazendo tumulto, Ele expulsará a todos antes de operar Seus milagres (S. Mateus IX, 23). O que é mais desagradável que essas pompas demoníacas? É tanto barulho que nem se consegue ouvir nada. Quando dá para ouvir alguma palavra, é coisa sem sentido, vergonhosa e nojenta.

Nada há de mais prazeroso que a virtude, nada mais doce que a ordem (...)" [4].

"Na verdade, nunca foi um costume celebrar casamento de forma desonrada; isso é uma novidade. Considera como Isaac se casou com Rebeca, como Jacó se casou com Raquel. A Escritura nos fala desses casamentos, e do modo como essas noivas entraram nos lares de seus noivos. Nada é dito sobre esses costumes. Eles deram banquetes e jantares mais luxuosos que o normal e convidaram seus parentes para o casamento. Flautas, tamborins, pratos, bagunça e bebedeira e todo o resto de nossos costumes impróprios eram evitados. Hoje, em dia de casamento, as pessoas dançam e cantam hinos a Afrodite, canções repletas de referência a adultério, corrupção do casamento, amores ilícitos, uniões proscritas e muitos outros temas vergonhosos e ímpios. Eles acompanham a noiva em público com vevedeira abjeta e discursos vergonhosos. Diz, como é possível esperar castidade da noiva se a acostumas a tal comportamento despudorado desde o primeiro dia (...) [5].

"Por que tu convidas o clero, se planejas celebrar tais ritos no dia seguinte? Queres demonstrar generosidade, bondade? Então convida os coros dos pobres. Tens vergonha dessa idéia? Estás corando? O que pode ser mais irracional que isso? Quando arrastas o diabo para tua casa, não pensas que estás fazendo nada vergonhoso, mas quando pensas em trazer Cristo para tua casa, tu coras? Assim como Cristo está presente quando os pobres entram, da mesma forma, quando os efeminados e os saltimbancos dançam na tua casa, o diabo saracoteia entre eles. Não há benefício nesse tipo de extravagância, mas sim um grande prejuízo. Mas do outro tipo de gasto, poderás esperar rapidamente uma grande recompensa.

Mas ninguém mais na cidade fez isso, é o que me dizes? Ora, por que não te apressas a ser o criador desse bom costume, para que a posteridade o atribua a ti? Se alguém invejar ou imitar esse costume, teus descendentes poderão dizer para quem perguntar que foste tu quem introduziste a prática. Nas competições dos descrentes, nos banquetes, muitos cantam louvores aos que introduziram melhorias em tais ritos, que eram pouco edificantes. Assim, nos ritos espirituais, todos louvarão e darão graças a quem trouxer essa inovação maravilhosa. Isso trará honra e benefícios a quem o fizer. Quando outros continuarem desse costume, ele te dará a recompensa de seus frutos, pois tu foste o primeiro a realizá-lo (...). Assim como Deus ameaça os pecadores continuamente dizendo: as vossas mulheres ficarão viúvas, e os vossos filhos órfãos (Ex 22, 24), da mesma forma Ele promete àqueles que são sempre obedientes uma idade avançada aprazível, acrescida de todas as boas dádivas" [6].

São Clemente de Alexandria (150-215)

"É preciso não olhar nada, nem escutar nada de vergonhoso, e para dizer tudo em uma palavra: fechemos nossas almas a todo acesso à intemperança, guardemos nossos olhos, nossas orelhas, pelo medo que a voluptuosidade os atice, fujamos das canções lascivas ou moles, e esta arte impura de uma música degenerada, que corrompe os costumes e redobra o ardor da libertinagem. Devemos empregar os instrumentos de música para cantar os louvores de Deus.

(...) Então, admitamos uma harmonia modesta e casta; mas tenhamos tão longe quanto possível, de nossos pensamentos fortes e generosos, uma música suave e irritante cujos concertos, estudados e artificiais, logo nos levariam à vergonha de uma vida suave e desordenada. Os sons graves e severos banem a imprudência e a embriaguez. Deixemos os sons irritantes da música cromática para os devassos que se cobrem de flores e se chafurdam na insolência e no vinho" [7].

Plinio Corrêa de Oliveira denunciando o Jazz e o Rock-and-Roll. Subtítulos deste artigo

1935 - O repouso, a diversão, a arte, não comportam a excitação

"Ora, não é possível admitir-se como meio de repouso um gênero de divertimentos como estes, que esgotam, em lugar de refazer, que excitam, em lugar de repousar, e que exaltam, em lugar de acalmar."

A "verdadeira arte não afasta, mas conduz a Deus a alma"

"(...) a verdadeira arte não afasta, mas conduz a Deus a alma; e a verdadeira piedade não fecha, mas abre a alma aos encantos da verdadeira arte (exclusão feita, portanto, da arte que não é verdadeira, e de que é expressão característica o shimmy tocado por um jazz-band)." [8]
 
1955 - Os adeptos do Jazz como viciados na excitação e na intemperança


"A distensão dos prazeres castos e calmos do lar, ou de uma vida razoável, temperante, tranqüila, parecem aos viciados em excitações, das megalópoles, de um tédio insuportável.

E, assim, só a intemperança, a excitação e o vício divertem. É de admirar que nesse ambiente sejam tantos os pecados, tão terríveis as psicoses?

Nossa fotografia apresenta um dos mil, ou antes dos milhões de aspectos que essa excitação apresenta. Lado a lado, um jovem robusto urra num rictus que tem um que de entusiasmo, um que de gemido, um que de imprecação, uma jovem sorri deliciada, enlevada, como que sentindo escorrer um deleite interior em todos os seus nervos, e outro jovem, sumamente atento, utiliza uma revista como corneta. São três jovens que "descansam" divertindo-se. Com o que? Um match? Um torneio? Não... ouvem um jazz!"

Tais hábitos acabam por levam à psicose


"Aí está uma manifestação extrema de um fato psicológico que em proporções mais discretas é comum. Se assim se vibra com um jazz, que dizer das vibrações provocadas pelo cinema, pelo rádio, pelo esporte? Não é precisamente assim, que as almas acabam por perder o gosto do lar e do trabalho, ou por cair na psicose?" [9]


1960 - Uma sociedade assim só "
encontrará a verdadeira paz quando tiver reencontrado o verdadeiro Deus"
 
"Mas os sons típicos das imensas babéis modernas, o ruído das máquinas, o tropel e as vozes dos homens que se afanam em pós do ouro e dos prazeres; que não sabem mais andar, mas correr; que não sabem trabalhar sem se extenuar; que não conseguem dormir sem calmantes nem se divertir sem excitantes; cuja gargalhada é um ricto frenético e triste; que não sabem mais apreciar as harmonias da verdadeira música, mas só cacofonias do jazz; tudo isto é a excitação na desordem, de uma sociedade que só encontrará a verdadeira paz quando tiver reencontrado o verdadeiro Deus." [10]


O Rock 

1956 - O Rei do Rock recém-coroado, e Dr. Plinio lá estava novamente para denunciar, em meio ao caos do século XX

"Com o o violão a tiracolo, e o microfone na mão, o "artista" campeão mundial do frenesi, que está pondo em delírio milhões de pessoas. Elvis Presley, canta e dança em meio de instrumentos de orquestra, diante de um público alucinado.

No homem a inteligência deve dirigir a vontade, e ambas devem, por sua vez esclarecer a sensibilidade, guiá-la, e ampará-la contra a fraqueza que lhe é própria. Pois, das faculdades humanas, todas nobres si mesmas, mas todas atingidas pelo pecado original, aquela por onde mais freqüentemente começam as desordens, as crises, os desmandos, é precisamente a sensibilidade."

O ritmo do rock tem como efeito a desordem na sensibilidade


"Pelo contrário, no porte, no gesto, na fisionomia deste pobre jovem, tudo indica o desencadeamento total da sensibilidade, subjugando inteiramente a vontade, e determinando movimentos em que absolutamente não se notam o equilíbrio, o bom senso, a compostura inerentes, ação rectrix da inteligência.

E, ainda, no caso presente nem sequer se trata precisamente da hipertrofia da sensibilidade, à maneira dos românticos. Censurável nestes era o excesso de emotividade em relação a determinados assuntos políticos, sociais, artísticos ou literários, ou em face de certas situações pessoais como a orfandade, a viuvez, a solidão afetiva, etc. De um certo ângulo, o erro do romântico consistia em fazer do sentimento o ápice e o termo de toda a vida mental. Erro, sem dúvida, e erro grave, que produziu na história da cultura ocidental funestas conseqüências. Mas erro que, pelo menos, ainda pressupunha uma verdade, ou seja, que o sentimento é um dos elementos integrantes do processus intelectual."


Essa desordem na sensibilidade vem do desejo mórbido de vibrar

"No caso concreto, há um mero vibrar de nervos. De nervos doentios e superexcitados, que vibram sem outra razão, sem outro ponto de partida e sem outro objetivo senão o prazer mórbido de vibrar, e cujo frenesi pede por sua vez vibrações sempre maiores. Por onde se chega rapidamente às manifestações extremas: ritmos delirantes, gestos desordenados, expressões fisionômicas contorcidas, um conjunto de desmandos, enfim, típicos dos que, segundo a expressão incisiva de Dante, "perderam a luz do intelecto".

Em uma palavra, e baixando o nível destas considerações, se um bêbado cantasse e dançasse, fá-lo-ia estertorando assim. Embriaguez contagiosa, pois se estende como uma nova "dança de São Guido" a milhões de pessoas. Embriaguez muito mais perigosa do que a do álcool, porque indica uma desordem fundamental da alma, que não passa como os efeitos do vinho.(...)


Neste clichê, tudo faz pensar na grande verdade enunciada por Claudel: a mocidade não foi feita para o prazer, mas para o heroísmo. Ao passo que na primeira gravura tudo parece dizer-nos que a mocidade não foi feita para o heroísmo, mas para o prazer. Ou pior ainda, para o gozo." [11]
 

1959 - Tratando dos valores metafísicos da revolução no seu livro principal, uma denúncia de uma geração inteira como exemplo de manifestação do sensualismo

"d. A geração do “rock and roll”: o processo revolucionário nas almas, assim descrito, produziu nas gerações mais recentes, e especialmente nos adolescentes atuais que se hipnotizam com o “rock and roll”, um feitio de espírito que se caracteriza pela espontaneidade das reações primárias, sem o controle da inteligência nem a participação efetiva da vontade; pelo predomínio da fantasia e das “vivências” sobre a análise metódica da realidade: fruto, tudo, em larga medida, de uma pedagogia que reduz a quase nada o papel da lógica e da verdadeira formação da vontade." [12].

Pe. Chad Ripperger, FSSP (2007) em consonância com S. Boécio, mártir (480-525)

Em artigo para o louvável Instituto "Claritas Pulchri", que se especializa em música e seus princípios segundo a Santa Tradição Católica [13], o professor Thiago Plaça Teixeira cita um trecho do teólogo americano, já usado em outro tema aqui. Melissa Bergonso, outra articulista do site do Instituto, em tese de mestrado nota como o Pe. Chad, nesta mesma obra, "aproxima-se bastante das ideias expostas por Boécio" [14].

“Uma vez que a masculinidade e a feminilidade são acentuados pelo destaque de diferentes características, a música pode contribuir para formação do caráter masculino e feminino. Anteriormente observou-se que escutar música sem moderação sobre os prazeres da música pode levar à efeminação. Vemos que este é o caso do homem. Se homens são forçados a adotar ou escutar formas de música que são mais ativas no apetite concupiscível do que no apetite irascível e no intelecto, ela terá um efeito efeminante sobre eles. Não que eles nunca possam escutar tais formas, mas sua escuta deve ser mais moderada e dirigida intelectualmente, para que assim não tenha um efeito efeminante sobre o homem. De modo oposto, mulheres que tendem a escutar música masculina demais podem assumir características próprias somente aos homens. Novamente, não que elas não possam escutar a essas músicas, mas elas devem ser moderadas e intelectualmente ordenadas. Em condições normais, mulheres e homens virtuosos tenderão para aquelas formas de música em congruência com as disposições de seus sexos.

“No entanto, não se deve assumir que a música seja pouco viril (efeminada). Desde que ela possa formar o caráter por formar a virtude, a música pode ser varonil. A virtude tende a temperar a alma e a moderá-la, tanto em homens como em mulheres. Platão observa que, se alguém nunca escuta música, isto o faz duro e selvagem e ainda, se alguém escuta bastante música, pode tornar-se suave e gentil. Os prazeres da música podem ter um efeito moderador, não somente em homens mas também em mulheres. No entanto, uma devida solicitude deve ser tomada para assegurar que os prazeres da música não façam nem o homem efeminado nem causem falta de temperança nas mulheres.


“Podemos começar a ver por que Platão disse que é falso que o critério para a boa música seja se ela causa prazer. Antes, a música, que é parte do plano providencial divino, é ordenada para o bem da alma, isto é, para a retidão e força da alma (virtude). O critério para a boa e má música não pode ser baseado puramente no fato de que uma forma particular cause prazer. Tal posição é nada menos que hedonismo. Antes, boa e má música devem ser julgadas baseadas em dois critérios distintos. O primeiro é seu mérito artístico, isto é, uma música é mais bela do que outras e uma música é mais capaz de ordenar a vida apetitiva do que outras. O segundo é o caráter moral: aquelas formas de música que tendem a corroer a virtude moral, ou por causa de suas letras ou por causa das suas melodias e qualidade musical, constituem um perigo às almas das pessoas e à sua saúde psicológica. Aquelas formas de música que tendem a construir a virtude moral são boas enquanto suas letras e estilo musical promovem o que é nobre no homem e na criação de Deus. Na medida em que contribua para a virtude moral e mesmo para a virtude intelectual, a música contribui para a saúde psicológica.” [15].


CLIQUE para mais compilados da Tradição Católica sobre Modéstia, Pureza e Elegância: masculina e feminina

 

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[1] Platão, Fédon 67a: E enquanto vivermos, não nos aproximaremos da verdade enquanto não nos agastarmos do corpo; renunciemos a qualquer comunicação com ele naquilo que não seja estritamente necessário; não permitamos que ele nos ocupe de sua corrupção natural, mas conservemo-nos puros de suas mancha, até que a própria divindade venha nos libertar".
[2] Porfírio relata, no terceiro século a.C., que "Platão escolheu a Academia para viver, um lugar que não era somente solitário e isolado da cidade, mas também, segundo dizem, nada saudável" (sobre a abstinência, livro I, 36); alguns autores contestam dizendo que nem Diógnes Laércio nem Plutarco fizeram comentários a respeito.
[3] São Basílio, carta aos jovens sobre a utilidade da literatura pagã, Ed. Ecclesiae, Pg. 52-54
[4] "Casamento e Vida em Família", Edição Biblioteca Católica, Homilia 12, Pg.109
[5] "Casamento e Vida em Família", Edição Biblioteca Católica, Pg. 118
[6] "Casamento e Vida em Família", Edição Biblioteca Católica, Pg. 120-121
[7] S. Clément d'Alexandrie, "le divin maitre, ou le pédagogue, Livre II, Traduction française: M. DE GENOUDE. Link: http://remacle.org/bloodwolf/eglise/clementalexandrie/pedagogue3.htm#IV. Também conferido com outra tradução do inglês: Chapter 4. How to Conduct Ourselves at Feasts, The Paedagogus (Clement of Alexandria) The Instructor (Book II), Translated by William Wilson. From Ante-Nicene Fathers, Vol. 2. Edited by Alexander Roberts, James Donaldson, and A. Cleveland Coxe. (Buffalo, NY: Christian Literature Publishing Co., 1885.) Revised and edited for New Advent by Kevin Knight. <http://www.newadvent.org/fathers/02092.htm>
[8] Repouso autêntico, O Jornal, 29 de outubro de 1935
[9] Prazeres que conduzem à psicose, distrações que preparam para o trabalho, "Catolicismo" Nº 54 - Junho de 1955
[10] Tranqüilidade da ordem, Excitação na desordem, "Catolicismo" Nº 110 - Fevereiro de 1960
[11] A mocidade foi feita para o heroísmo ou para o gozo? "Catolicismo" Nº 72 - Dezembro de 1956
[12] Revolução e Contra-Revolução, Parte I, cap. VII.s
[13] Visto em 15/03/2022: https://claritaspulchri.com.br/a-musica-e-os-quatro-temperamentos/ 
[14] BERGONSO, M. C. C. Número, Som e Beleza, A Estética Musical em Boécio, Dissertação mestrado – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, UFPR, 2013. Visto em 15/03/2022: http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/30451/R%20-%20D%20-%20MELISSA%20CARLA%20CHORNOBAY%20BERGONSO.pdf?sequence=1 
[15] RIPPERGER, C. Introduction to the Science of Mental Health. Denton: Sensus Traditionis Press, 2007. p. 592, tradução de: https://claritaspulchri.com.br/a-musica-e-os-quatro-temperamentos/


São Boaventura ensina como fazer uma meditação

S. Boaventura, exemplo de Franciscano,
rogai por nós!
O Doutor Seráfico, São Boaventura (1221-1274), gigante Cardeal da Ordem Francisca, escreveu diversos opúsculos de alta densidade, isto é, escritos curtos, mas cheios de suco e que nos atraem sempre à prática.

Aqui transcrevemos o capítulo em que ele fala do modo de se fazer a meditação, no opúsculo "Três caminhos para a vida espiritual ou Incêndio do Amor" (Cap. I, tradução do Frei Saturnino Schneider, edição Obras Escolhidas). Lembramos que a meditação/exame de consciência é comumente muito aconselhada pelos grandes escritores da vida espiritual para o progresso da vida espiritual. 

Ao final, colocamos um esquema resumido para se fazer a meditação conforme ensinado.

Com negritos e sublinhados nossos. Algumas citações do santo não colocamos por serem muito extensas.

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1. Eis, de três modos, exposta a minha doutrina. Provérbios 22:20. Todas as ciências trazem em si a marca da Trindade, mas, de todas, a que melhor a conserva é a que se aprende na Sagrada Escritura. Dela disse o sábio, que foi por três formas ensinadas, por causa dos três sentidos espirituais que encerra: o moral, o alegórico e o analógico (ou místico), os quais correspondem aos três atos hierárquicos da vida espiritual: a purificação, a iluminação e a perfeição. A purificação produz a paz, a iluminação conduz à verdade e a perfeição realiza a caridade. Esses três atos, frequentemente praticados, dão a felicidade à alma e, quanto melhor praticados, mais lhe aumentam os méritos. No conhecimento desses três atos é que se funda a ciência de toda a Sagrada Escritura, e dele é que depende o merecimento da vida eterna.

Três são os exercícios que facilitam a sua realização: a meditação (Hugo de São Vítor, III, Erudit. didascalicae, c. 11), a oração e a contemplação.

Capítulo I - Da meditação, pela qual a alma é purificada, iluminada e aperfeiçoada

2. Comecemos por examinar o que é meditação. Saibamos que existem em nosso espírito três faculdades pelas quais se exercem aqueles três atos da vida espiritual: o estímulo da consciência, a luz da inteligência e o calor da sabedoria. Portanto, quem quiser se purificar dirija contra si o acúleo da consciência; quem precisar de se iluminar, recorra à luz da inteligência; e quem desejar tornar-se perfeito, aqueça-se ao calor da sabedoria. É o que aconselhava a Timóteo o bem-aventurado Dionísio, ao dizer-lhe: "Volta-te para a luz" etc (Mystica Theolog. c. 1. §1).

Purificação - dirigir contra si o acúleo da consciência 

Recordação dos pecados; exame de si mesmo; consideração do bem

§ 1 - Da purificação da alma e do seu tríplice exercício

3. Para que o acúleo da consciência seja convenientemente empregado, deve cada um primeiro suscitá-lo, depois aguçá-lo e, enfim, retificá-lo. Suscita-o a recordação dos pecados; aguça-o o exame de si mesmo; retifica-o a consideração do bem.

4. A recordação do pecado tem por fim exprobar à alma as suas múltiplas negligência, concupiscências e malevolências; pois que todos os nossos defeitos e pecados, tanto os atuais como os habituais, podem reduzir-se a esses três.

Meditar sobre Negligências 1 - na guarda do coração, no emprego do tempo, e na direção das ações

Com respeito às negligências, examine cada um: em primeiro lugar, se foi negligente na guarda do coração, no emprego do tempo, e na direção das ações. Este tríplice exame deve ser rigoroso, pois que cada um deve sempre e com o máximo cuidado guardar puro o seu coração, empregar utilmente o seu tempo e dirigir todas as suas ações para o fim devido.

Meditar sobre Negligências 2- verifique se foi na oração, na leitura espiritual e na execução das boas obras

Em segundo lugar, verifique se foi negligente na oração, na leitura espiritual e na execução das boas obras. Nesses três propósitos deve se exercitar com diligência e aplicação quem deseja produzir bons frutos no tempo adequado (Sl 1:3 e Mt 3:10). De resto, nenhum deles pode ser eficazmente praticado se os outros não o forem conjuntamente.

Meditar sobre Negligências 3 - em fazer penitência, em resistir ao mal, e em progredir no bem

Em terceiro lugar, excogite se foi negligente em fazer penitência, em resistir ao mal, e em progredir no bem; porque é dever de cada homem arrepender-se do mal cometido, repelir as tentações diabólicas, e progredir de virtude em virtude (Sl 83:8) até chegar à terra da promissão.

Meditar sobre Concupiscências 1 - voluptuosidades - desejos do que é delicado, deleitoso, carnal.

5. Acerca das concupiscências, inquira cada qual se existem em sua alma desejos de voluptuosidade, de curiosidade, ou de vaidade, nos quais se enraízam todos os males. Em primeiro lugar, deseja as voluptuosidades quem deseja o que é delicado, o que é deleitoso e o que é carnal, isto é, quem deseja alimentos saborosos, vestuários graciosos, prazeres luxuriosos. Sendo repreensível consentir em tais desejos, é dever do homem reprimi-los logo que apontam.

Meditar sobre Concupiscências 2 - curiosidade - desejo de saber o que é secreto, ver o que é formoso, possuir o que é precioso

Em segundo lugar, a curiosidade se manifesta em quem deseja saber o que é secreto, ver o que é formoso, possuir o que é precioso. Tudo isso denuncia um ânimo cheio de cobiça e condenavelmente indiscreto. 

Meditar sobre Concupiscências 3 - vaidade - desejo de receber favores, elogios ou honrarias

Em terceiro lugar, deseja vaidades quem deseja receber favores, elogios ou honrarias, que são vaidades e tornam o homem vão. De todas estas ambições deve cada um arguir-se com severidade.

Meditar sobre Malevolências 1 - cólera - se esconde na intenção ou se descobre nos gestos e nas palavras, isto é, passando do coração ao rosto e à voz; revela-se nos desejos, nos ditos, nos atos.

6. Enfim, a respeito das malevolências, examine cada um se sente ou já sentiu em si as emoções más da cólera, da inveja, da acédia. Primeiro, a cólera se esconde na intenção ou se descobre nos gestos e nas palavras, isto é, passando do coração ao rosto e à voz; revela-se nos desejos, nos ditos, nos atos.

Meditar sobre Malevolências 2 - inveja - consiste em entristecer-se alguém pela prosperidade de outrem; regozijar-se pelo seu infortúnio; recusar-se a socorrê-lo nas suas necessidades.

Segundo, a inveja consiste em entristecer-se alguém pela prosperidade de outrem; regozijar-se pelo seu infortúnio; recusar-se a socorrê-lo nas suas necessidades.

Meditar sobre Malevolências 3 - tédio e o aborrecimento do esforço espiritual, enche o coração de suspeitas maldosas, de pensamentos blasfemos, de detrações malignas

Terceiro, a acédia que é o tédio e o aborrecimento do esforço espiritual, enche o coração de suspeitas maldosas, de pensamentos blasfemos, de detrações malignas. Todas essas maldades são detestáveis. O resultado desses três exames, triplicados pelo modo indicado, deve ser a excitação e estímulo da consciência, a fim de que alma, pela recordação dos pecados, se encha de amargura e de arrependimento.

Aguçar a consciência pelo exame da própria alma

1 - Dia da morte - indeterminável, inevitável, irrevogável, tratemos com maior diligência enquanto o tempo nos é dado

7. Depois de haver suscitado o acúleo da consciência é mister aguçá-lo pelo exame da própria alma. Três coisas devem ser lembradas neste exame; o dia da morte, sempre iminente; o sangue de Cristo, sempre recente (Col 1:20), e a face do juiz, sempre presente. Primeiro, o dia da morte é indeterminável, inevitável, irrevogável. Se entendermos bem este pensamento, trataremos com maior diligência e enquanto o tempo nos é dado (Gal 6:10), de nos purificarmos de toda a concupiscência, de toda malevolência. Quem quererá conservar-se em estado de pecado, se não está certo de ter o dia de amanhã para se arrepender?

2 - Sangue de Cristo na cruz - derramado para lavar a imundície humana, para vivificar a morte e para fecundar a aridez

Segundo, o sangue de Cristo na cruz foi derramado para mover o coração humano, para purificá-lo e, enfim para torná-lo dócil, ou dito de outra forma, foi derramado para lavar a imundície humana, para vivificar a morte e para fecundar a aridez. Quem deixar a permanecer em si a mancha das negligências, das consciências ou das malevolências, se refletir que para lavá-las é que foi derramado aquele preciosíssimo sangue?


3 - A face do juiz infalível, inflexível e inelutável; nada escapa à Sua ciência, nada abranda a Sua justiça, ninguém foge à Sua vindita

Terceiro, a face do juiz em que devemos pensar é a de um juiz infalível, inflexível e inelutável. Nada escapa à Sua ciência, nada abranda a Sua justiça, ninguém foge à Sua vindita.  Para esse juízo, do mesmo modo que "nenhuma boa ação ficará sem recompensa, também nenhum mal ficará sem castigo". Quem, em tal pensamento, deixará de combater esse toda tendência para o mal?

Retificar o acúleo da consciência pela consideração do bem

8. Vejamos agora como se há de retificar pela consideração do bem o acúleo da consciência. Três são as qualidades cuja aquisição contribui para retificar a consciência: o zelo, que corrige a negligência; a austeridade, que combate a concupiscência; e a benevolência, que se opõem a malevolência quem possui essas três qualidades, possui uma consciência boa e reta. É o que diz o profeta (Mq 6:8): vou te ensinar o que é bom e o que o Senhor exige de ti: pratica a justiça, ama a misericórdia e procede cuidadosamente com Deus. O mesmo ensinou o Senhor pelo Evangelista São Lucas: tende cingidos os vossos rins e nas vossas mãos lâmpadas acesas; e sede semelhantes a homens que esperam o seu amo na volta das bodas para que ele abriu a porta logo que ele chegar a bater. Bem aventurado os servos que o Senhor, ao chegar, encontrar vigiando.

1 - O zelo - corrige a negligência; é uma certa energia da alma, inimiga de qualquer negligência, e que instiga a fazer todas as obras de Deus com atenção, com confiança e com discernimento.

9. Primeiro, o zelo é a qualidade que precede as outras. Pode ser definidos: em uma certa energia da alma, inimiga de qualquer negligência, e que instiga a fazer todas as obras de Deus com atenção, com confiança e com discernimento.


2 - A austeridade - certo rigor de espírito; refreia as concupiscências e habilita um homem amar o que é árduo, o que é pobre, o que é vil.

Segundo, a austeridade é um certo rigor de espírito que refreia as concupiscências e habilita um homem amar o que é árduo, o que é pobre, o que é vil.


3 - A benevolência certa brandura de alma, contrária à malevolência; inclina à benignidade e à tolerância e à alegria espiritual.

Terceiro, a benevolência é uma certa brandura de alma, contrária à malevolência, e que inclina à benignidade e à tolerância e à alegria espiritual. - Termina nesta fase a purificação, que se alcança por meio da meditação porque uma coincidência pura se conserva sempre alegre. Quem deseja se fosse ficar, exercite, portanto, sua consciência como foi dito acima. Esse exercício pode começar por qualquer dos atos que descrevemos. Mas, de um se passará a outro somente depois de o haver praticado com demora e depois de sentir a alma perfeitamente tranquila e serena, porque são estes os frutos da alegria espiritual e os encitamentos para prosseguir avante e para cima. Iniciado, deste modo, pela amargura da consciência, o trabalho da purificação da alma finaliza no sentimento da alegria espiritual; e o que foi começado com dor é acabado com amor.


§ 2 -  Da iluminação da alma e do seu tríplice exercício. 

Iluminação - dirigir a luz da Inteligência 

1 - Aos pecados que Deus já perdoou - numerosos e tão grandes quanto os males a que estávamos afeiçoados e os bens de que merecemos ser privados - O que mais teríamos feito, se Deus não houvesse permitido - Render graças a Deus pela remissão dos pecados e por isso 

10.   Depois dos exercícios de purificação seguem-se os de iluminação da alma, para que é mister recorrer à luz da Inteligência.  Essa luz primeiro se dirigir a sobre os pecados perdoados, em seguida se estenderá sobre os benefícios recebidos, e, se fixará sobre as recompensas prometidas. - A luz da Inteligência há de se dirigir sobre os pecados que Deus já perdoou, porque foram numerosos que cometemos e tão grandes quanto os males a que estávamos afeiçoados e os bens de que merecemos ser privados. O assunto da meditação precedente foi semelhante a este; mas agora precisamos considerar não só o mal que fizemos, mas também o que teríamos feito, se Deus tal não houvesse permitido. À medida que refletirmos sobre isto com atenção as trevas da nossa alma serão dissipadas pela luz da inteligência e começaremos a sentir por Deus uma calorosa gratidão, sinal certo de que a iluminação procede verdadeiramente do céu, fonte, ao mesmo tempo, da claridade e do calor. Esta é a ocasião própria para render graças a Deus pela remissão dos pecados que cometemos, ou que possivelmente teríamos cometido, em consequência da 
fraqueza ou da perversidade do nosso próprio querer.

2 - Aos benefícios recebidos - natureza, graça, superabundância de ambas - integridade do corpo, saúde, sentidos aptos ao uso, inteligência clara, juízo reto, ânimo benigno - auxílio da graça dado por Deus no batismo, no sacramento da penitência, e pelo sacerdócio - hierarquia dos seres no universo, descida de Deus Filho à terra, dons transmitidos pelo Espírito Santo
 
11.  A luz da Inteligência deve se estender, em seguida, sobre os benefícios recebidos. Estes são de três gêneros: uns dizem respeito à natureza, outro à graça, e outros à superabundância de ambas. Quanto aos dons naturais, temos de agradecer a Deus a integridade do corpo, saúde do organismo, a nobreza do sexo; sentidos aptos ao seu uso, como a vista perspicaz, ouvido aguçado, língua discreta; e também qualidades espirituais, como inteligência clara, juízo reto, ânimo benigno.

12. Os auxílios da graça são, primeiro, os que Deus nos proporcionou pelo batismo, que suprime a culpa, restitui a inocência e confirma na justiça, tornando-nos dignos da vida eterna; em segundo lugar, os que nos dá pelo sacramento da penitência, o qual nos é concedido no tempo conveniente, quando a alma o requer, e condignamente à grandeza da religião; por último, os que confere pelo sacerdócio, o qual estabelece os autênticos administradores da doutrina, do perdão e da Eucaristia, pelos quais nós é comunicada a vida sobrenatural.

13. Enfim, medite-se na superabundância de dons que Deus nos concede. Primeiro os que encerra o universo todo, no qual os seres inferiores se destina o nosso serviço; os iguais ao meritório exercício das nossas faculdades, e os superiores ao nosso patrocínio. Segundo, os que representa a descida à terra do seu próprio Filho, o qual, pela encarnação, se tornou o nosso irmão e amigo, pela paixão, o preço do nosso resgate e, pela Eucaristia, o nosso alimento cotidiano. Enfim, os que transmite o Espírito Santo, que nos dá a certeza de sermos agradáveis a Deus, nos confere privilégio de sua adoção e a aliança da sua amizade, e assim torna a alma cristã amiga, filha e esposa de Deus. Tais dádivas são inestimáveis e a sua meditação deve inspirar à alma grande admiração e gratidão por Deus.


3 - Bens que nos foram prometidos - extinção de todos os males, a companhia de todos os santos e a satisfação de todos os desejos - a Ele, pois, devemos tender com todos os impulsos, todos os afetos, todas as forças de nossa alma

14. Resta-nos explicar como a luz da Inteligência, refletindo-se sobre os bens que nos foram prometidos, reverte à origem de todo bem, que é Deus. Por isso é preciso, com frequência e atenção, considerar que "Deus nunca mente" (Tito 1:2) e aos que Nele creem e amam prometeu a extinção de todos os males, a companhia de todos os santos e a satisfação de todos os desejos, dando-se Ele próprio, que é a origem e o fim de todos os bens e bem tamanho que serve a todos os anelos, a todos os cálculos, a todas as esperanças dos homens. Desse bem insuperável Deus nos quer julgar digno desde que O amemos e O desejemos acima de todas as coisas e só por amor Dele mesmo; a Ele, pois, devemos tender com todos os impulsos, todos os afetos, todas as forças de nossa alma.

§ 3 - Da perfeição da alma e do seu Tríplice exercício.

Perfeição - Aquecer-se ao calor da Sapiência

1 - Concentrar esse calor - recolher e dirigir só para Deus o amor que dispersamos pelas criaturas
 
15. Estudemos, agora, como nos poderíamos aperfeiçoar aquecendo-nos ao calor da Sapiência. Conseguir-se-á e isto concentrando-se, avivando e elevando esse calor. Para concentrá-lo é mister recolher e dirigir só para Deus o amor que dispersamos pelas criaturas. Nada mais necessário, porque o amor das criaturas geralmente não nos aperfeiçoa; e quando nos aperfeiçoa, não descansa; e quando nos descansa, não nos satisfaz; porque só Deus nos satisfaz por completo.

2 - A
tivar esse calor - comparar o amor consigo mesmo, ou com afeto dos Santos do céu, ou com o próprio esposo

16. Para ativar esse calor, é preciso uma conversão do afeto ao amor do esposo isto se faz comparando o amor consigo mesmo, ou com afeto dos Santos do céu, ou com o próprio esposo. E dá-se quando se percebe que pelo amor pode ser suprida toda indigência, que pelo amor os bem-aventurados possuem toda abundância de bens, que pelo amor assegura-se a presença do que é sumamente desejável. Estas são as coisas que inflamam o afeto.

3 - Elevar esse calor subir acima de tudo ao que é sensível, imaginável e inteligível

17. Para elevar o calor da sapiência preciso subir acima de tudo ao que é sensível, imaginável e inteligível. Diga a alma consigo mesmo que Aquele a quem ama não pode ser percebido pelos sentidos; porque não pode ser visto, nem ouvido, nem provado nem tocado; não pode ser sentido e entretanto é sumamente desejável (Ct 5:16). Considere também que esse mesmo ser não pode ser representado pela imaginação, porque não tem limites, nem feitio, nem número, superfície, nem idades; não é imaginável e, entretanto, é imensamente desejável. Termine, enfim, refletindo que o mesmo ser não pode ser apreendido pela inteligência, pois que escapa a toda demonstração, a toda definição, a toda opinião, a toda avaliação, a toda investigação; que, portanto, não é inteligível e e, entretanto, é imensamente desejável.


§
4 - Conclusão

18.  É assim que pelo exercício da meditação sobre os atos mais adequados à purificação, à iluminação e à perfeição da alma se adquire a ciência que a Sagrada Escritura encerra.  Esse exercício deve ser frequentemente repetido pelo modo indicado. Porque, na verdade, toda meditação bem conduzida há de versar: ou sobre as obras do homem (por exemplo: que faz um homem, que deve fazer, quais são os motivos de seu agir); ou sobre as obras de Deus (o qual, por exemplo, promover das obras da criação, da redenção e da glorificação, criou todas as coisas do nada, tantos benefícios fez ao homem, tantos  malefícios lhe perdoou e tanta felicidade lhe prometeu); ou sobre as fontes de ambas essas obras (isto é, a alma e Deus, e as relações que devem ter entre si). A isto é que se hão de dirigir todas as nossas atenções, porque o escopo de todo o raciocínio e operação mental informar pelo experiência o conhecimento; nisto consiste a verdadeira sabedoria (III. Sent. d. 35. q.1).

19. Tal meditação deve ser praticada com todos os recursos do espírito: com a razão, a sindérese, a consciência e a vontade. A razão perquire e formula do problema; a sindérese define e pronuncia o julgamento; a consciência testemunha e confirma; a vontade escolhe e resolve. Eis um exemplo: a razão indaga o que deve ser feito ao homem que violou o templo de Deus. A sindérese responde que deve ser condenado à morte ou à penitência para que o sofrimento o purifique. A consciência então exclama: "Tu és esse homem. Tens de escolher: ou a danação, ou os tormentos da paciência". Enfim, a vontade escolhe, e porque recusa a danação eterna, aceita os suplícios da penitência. Esse exemplo diz respeito à fase da Purificação (...).


ESQUEMA RESUMIDO DA MEDITAÇÃO
 DE SÃO BOAVENTURA

Purificação - dirigir contra si o acúleo da consciência

Recordação dos pecados; exame de si mesmo; consideração do bem

Meditar sobre Negligências:
1 - na guarda do coração, no emprego do tempo e na direção das ações
2 - verifique se foi na oração, na leitura espiritual e na execução das boas obras 

3 - em fazer penitência, em resistir ao mal e em progredir no bem

Meditar sobre Concupiscências:
1 - voluptuosidades - desejos do que é delicado, deleitoso, carnal.
2 - curiosidade - desejo de saber o que é secreto, ver o que é formoso, possuir o que é precioso
3 - vaidade - desejo de receber favores, elogios ou honrarias

Meditar sobre Malevolências:
1 - cólera - se esconde na intenção ou se descobre nos gestos e nas palavras, isto é, passando do coração ao rosto e à voz; revela-se nos desejos, nos ditos, nos atos.
2 - inveja - consiste em entristecer-se alguém pela prosperidade de outrem; regozijar-se pelo seu infortúnio; recusar-se a socorrê-lo nas suas necessidades.
3 - tédio e o aborrecimento do esforço espiritual, enche o coração de suspeitas maldosas, de pensamentos blasfemos, de detrações malignas

Aguçar a consciência pelo exame da própria alma

1 - Dia da morte - indeterminável, inevitável, irrevogável, tratemos com maior diligência enquanto o tempo nos é dado
2 - Sangue de Cristo na cruz - derramado para lavar a imundície humana, para vivificar a morte e para fecundar a aridez
3 - A face do juiz -  infalível, inflexível e inelutável; nada escapa à Sua ciência, nada abranda a Sua justiça, ninguém foge à Sua vindita

Retificar o acúleo da consciência pela consideração do bem

1 - O zelo - corrige a negligência; é uma certa energia da alma, inimiga de qualquer negligência, e que instiga a fazer todas as obras de Deus com atenção, com confiança e com discernimento.
2 - A austeridade - certo rigor de espírito; refreia as concupiscências e habilita um homem amar o que é árduo, o que é pobre, o que é vil.
3 - A benevolência - certa brandura de alma, contrária à malevolência; inclina à benignidade e à tolerância e à alegria espiritual.

Iluminação - dirigir a luz da Inteligência

1 - Aos pecados que Deus já perdoou - numerosos e tão grandes quanto os males a que estávamos afeiçoados e os bens de que merecemos ser privados - O que mais teríamos feito, se Deus não houvesse permitido - Render graças a Deus pela remissão dos pecados e por isso
2 - Aos benefícios recebidos - natureza, graça, superabundância de ambas - integridade do corpo, saúde, sentidos aptos ao uso, inteligência clara, juízo reto, ânimo benigno - auxílio da graça dado por Deus no batismo, no sacramento da penitência, e pelo sacerdócio - hierarquia dos seres no universo, descida de Deus Filho à terra, dons transmitidos pelo Espírito Santo
3 - Bens que nos foram prometidos - extinção de todos os males, a companhia de todos os santos e a satisfação de todos os desejos - a Ele, pois, devemos tender com todos os impulsos, todos os afetos, todas as forças de nossa alma

Perfeição - Aquecer-se ao calor da Sapiência

1 - Concentrar esse calor - recolher e dirigir só para Deus o amor que dispersamos pelas criaturas
2 - Ativar esse calor - comparar o amor consigo mesmo, ou com afeto dos Santos do céu, ou com o próprio esposo
3 - Elevar esse calor - subir acima de tudo ao que é sensível, imaginável e inteligível


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